(Foto: Reprodução / Internet)
Neste 2 de dezembro é Dia Nacional do Samba, não tem como eu não falar sobre isso. O samba é conhecido como um gênero musical brasileiro oriundo do Rio de Janeiro, mas a verdade mesmo é que ele é historicamente afro-bahiano, levado ao Rio, onde teve modificações e foi popularizado para o resto do Brasil, como já cantou um dia João Gilberto e Gilberto Gil: “Porque na Bahia tem mãe Iemanjá, de outro lado o Senhor do Bonfim que ajuda o baiano a viver pra cantar, pra sambar pra valer…” ♪
No Rio de Janeiro, o samba cresceu nos morros das favelas, entre descendentes de escravos e baianos.
No samba, instrumentos de corda obedecem o ritmo dos instrumentos das percussões. As rodas de samba (que parecem seguir a mesma lógica das rodas de capoeira, luta e esporte também de origem afro) são espaço de encontro e de revisitação de histórias, sentimentos e experiências de quem canta, toca e dança.
Leia também | Mulheres na Música – A resistência feminina no Samba
O batuque não nega: samba é som negro, é mistura de ritmos africanos. E, por causa disso, dançar e tocar samba já foi, na história brasileira, perigoso, “mal visto” ou conhecido como coisa de “vagabundo”. Um fenômeno muito parecido com o funk brasileiro hoje, que também é visto da mesma maneira e ocorre nos mesmos espaços em que o samba nasce todos os dias: nas favelas, bairros de periferia e com uma população majoritariamente negra criando, compondo e criando seus próprios espaços de lazer e sua cultura.
Leia também | “Sou de Pouca Fala”: animação retrata as ruas e as rodas de samba de São Luís
Hoje o Samba é um patrimônio nacional. É o que o gringo espera ver quando chega aqui, não é? É o que gera renda para muitos brasileiros trabalhadores durante o Carnaval, é a música que ainda conta muitas histórias, é ancestralidade oralizada saindo de um surdo, uma cuíca e um reco-reco.
Escolhi 5 álbuns de samba que gosto muito pra indicar para vocês. Nem todos são os trabalhos mais importantes do gênero, mas são álbuns muito delicinhas para ouvir, pode apostar. ♥
Samba na Madrugada (1968) — Paulinho da Viola e Elton Medeiros
Eu amo demais esse álbum, é um dos primeiros do Paulinho da Viola. É tão bonitinho, tem aqueles coros característicos do samba de roda e as músicas são belíssimas. Minhas favoritas: Maioria sem nenhum, Sofreguidão e Depois de tanto amor;
Cartola (1974) — Cartola
Álbum de estreia do próprio Cartola. Apesar de, a essa altura, ele já ser bastante conhecido, só aos 65 anos gravou seu primeiro álbum, em 1974. Foi com este trabalho que fui apresentada à Cartola e me apaixonei. Minhas favoritas dele: Sim, O Sol Nascerá e Corra e Olhe o Céu;
Eu e o Samba (2008) — Leci Brandão
Leci Brandão em um álbum apaixonado, aqui a dor dos românticos será colocada à prova! A voz de Leci é uma delícia, este ano inclusive, o evento nacional Mulheres na Roda de Samba homenageou Leci Brandão, além de cantora e compositora, Leci é uma das importantes figuras femininas negras na política brasileira. Minhas favoritas: Desperta para a felicidade, Mulher de fibra, Só não pode sem amor.
Ao Vivo (1999) — Jorge Aragão
Eu não sou muito fã de ouvir gravações assim, por outro lado, samba, até ao vivo, é bom. E esse primeiro ao vivo do Jorge Aragão é muito bom e tem os clássicos que todo mundo gosta e sempre toca nos sambas: Coisas de Pele, Identidade e Loucuras de uma paixão.
Martinho da Vila (1974)
Pra finalizar, Martinho da Vila, 1974, obviamente do Martinho da Vila. As duas primeiras músicas SEMPRE tocam em todo samba (se não tocar, a gente até estranha), Canta canta, minha gente e Disritmia. Tem também Festa de Umbanda, que eu amo.
Juntei esses 5 álbuns numa única playlist: ouça enquanto trabalha, arruma a casa ou no busão: Ainda Escuto Álbuns de Samba .