Belga de Etterbeek, Paul Van Haver “vulgo” Stromae – melhor que assim seja dito – e dono do hit da década passada, “Alors or dance”, é uma das minhas melhores descobertas musicais de todos os tempos. Europeu que nos leva, por vezes, da África ao extremo norte do planeta, passando pela Europa psicodélica e, sobretudo, fervorosa, Stromae (pronuncia-se Stromai) sintetiza o que podemos chamar de suprassumo do som contemporâneo. E ele merece ser sentido pois:
1 – Se você quer sair da hotline dos hits populares, ele pode ser o cara
Stromae suga o melhor do pop, do jazz, do rap, do soul e da música eletrônica e põe tudo isso junto em uma só batida, o que faz com que suas canções sejam sinesteticamente atraentes. Há momentos que você tem a leve sensação de estar no Caribe dançando salsa africana, com um “quê” de bits eletrônicos. Perceba em “Tous le Mêmes”:
2 – Se você quer sair do cantarolês/ouvirolês “the book is on the table” de todo e sempre, Stromae pode ser o cara
Stromae canta em francês, língua oficial da Bélgica. Ouvir canções em francês, para nós, brasileiros, não é muito costumeiro (se comparado à enxurrada de músicas gringas em inglês), mas ouvi-las em uma das línguas neolatinas mais elegantes e charmosas faz da experiência musical com Stromae uma viagem mais melódica.
3 – Se você quer letras, Stromae pode ser o cara
“Stromae” significa em uma gíria belga “maestro” e isso pode ser percebido em suas canções. De críticas discretas ao mundo externo (do mais simples ao mais complexo), ou, até mesmo, um mergulho às suas próprias histórias, Stromae prova que para ser pop, de um modo geral, não precisa apelar. Só ser já é o bastante. “Papaoutai” é prova disso:
4 – Se você quer ver identidade própria e autêntica, Stromae pode ser o cara
Se você abriu o link de “Tous le Mêmes” no início desse post, não preciso mais dizer nada – a não ser “assista ao concerto em Montreal, no Racine Carrée” e arrepie-se do início ao fim. Prepare-se para uma das mais belas e mais bem elaboradas apresentações e comprovações de domínio técnico e artístico da música atual.
Ele assume pra si um personagem do discreto Paul, mas, sinceramente, devo lhes dizer: fiquemos com a sabedoria de palco do Stro. Bebendo da elegância europeia e da arte mimética, vê-lo se apresentar é agradecer aos céus pela música existir e por existir o livre-arbítrio, e a liberdade em podermos ser quem quisermos (e fazer de nossas escolhas nossa carteira de identidade).
5 – Se você quer dançar e sentir-se feliz, Stromae pode ser o cara
É inegável a melancolia e a verdade transpostas nas canções deste rapaz, mas, venhamos e convenhamos, ele é de uma gentileza tão digna que não nos repassa isso por meio de lamúrias sincopadas em tristes tons musicais. Ouvi-lo é mexer o corpo para lá e para cá, na certeza de que sim: existe felicidade no rap, na salsa, no groove, na zumba, no pop, no dance.
Desta feita, “Bienvenue chez moi”: