“A Colina Escarlate”: o romance gótico de Del Toro

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Filmes centrados em casas mal assombradas já não são novidade, sendo uma repetida fórmula no cinema hollywoodiano em busca de bilheterias “fáceis”. Mas, quando se acrescenta a essa receita atores como Tom Hiddleston e Charlie Hunnam sob a direção apurada de Guilhermo Del Toro, o alarme de que algo interessante vem aí soa convidativo a conferir.

Porém, não se engane ao pensar que “A Colina Escarlate” (Crimson Peak) é mais um filme de horror ambientado numa casa onde crimes violentos foram cometidos: esta é apenas uma meia parte da história.

Fantasias dramáticas fazem parte do universo cinematográfico “Del Toro”, a exemplo do excepcional “O Labirinto do Fauno”, usando o diretor sempre das emoções mais dramáticas do ser humano a fim de deixar uma crítica social nas entrelinhas do conto.

Em “A Colina Escarlate”, Del Toro revisita sua imaginação excêntrica numa trama em que os fantasmas entram em cena metaforicamente, entrelaçados aos espíritos da vida real. Estes, sim, bem mais perigosos.

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O filme tem como trama central uma jovem escritora americana, Edith Cushing (Mia Wasikowska) que pretende publicar suas histórias, mas que geralmente é mal interpretada quanto ao fato de fantasmas nelas habitarem. “Falta um romance”. Ouve. Porém, a vida é encarregada de não só trazer à tona o fadado romance, como de envolver com maestria o “tópico fantasmagórico”.

Sua vida muda radicalmente quando os irmãos Sharpe chegam à cidade em busca de investimentos para a industrialização da poderosa argila vermelha presente em suas terras, onde se localiza sua mansão em ruínas. A área é conhecida como “A Colina Escarlate”.

Um lugar misterioso e assim chamado pelo fato de que, no inverno, a argila vermelha colore o branco da neve, deixando o ambiente ainda mais sombrio e instigante.

A força do filme, pode-se dizer, não está no roteiro – que, por vezes, torna-se um tanto previsível-, mas sim no talento do elenco, sobretudo dos enigmáticos personagens Thomas e Lucille Sharpe (interpretados por Hiddleston e Jessica Chastain, excelentes) e, claro, do trabalho cuidadoso de Del Toro no âmbito da estética visual. Figurino e fotografia impecáveis.

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Contando com o aval do mestre do horror literário Stephen King, “A Colina Escarlate” é, em verdade, um romance sombrio – e até cômico- e que, por sua bela produção artística e firme direção, vale uma conferida.

Assistindo ao filme no cinema, um rapaz na fileira da frente comentou já um tanto irritado: “Mas cadê a emoção? Os sustos?”. Isso é exatamente a que o filme não se propõe. Como o próprio Del Toro fez questão de ressaltar, o filme não é um terror, mas sim um “conto de fadas gótico”. Então, espectador, tenha isso claro em mente.

Esse é um ponto relevante quando se trata da análise de uma obra artística, e das situações da vida em geral. É preciso compreender bem o contexto e objetivos pra extrair o verdadeiro significado das coisas!

Jornalista. Procuradora do Estado. Amante do mundo. Acredita que a vida pertence a quem se atreve. Fotos e dicas de viagem no Instagram: @acumulandomemorias Textos sobre cinema na página: equilibriocortejandoainsanidade.wordpress.com

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