Martha Jackson e sua experiência incrível em saltar de paraquedas nos Lençóis Maranhenses (Foto: Divulgação).
São tempos difíceis para os sonhadores. Em um ano completamente atípico, uma pandemia nos pegou de surpresa e alterou nossa forma de viver, derrubando planos e nos obrigando a ver a vida de forma diferente. A efemeridade da nossa passagem ficou ainda mais clara, assim como o fato de que apenas temos a ilusão do controle das coisas.
E em meio a tantos problemas decorrentes da nova doença que assola o mundo, que nos impactam com o medo de adoecer, de morrer e de perder pessoas queridas, chega até a envergonhar a manutenção da preocupação e da frustração com coisas que diante do valor da própria existência se tornam pequenas. Por outro lado, inevitável sofrer ao ver planejamentos e sonhos caindo por terra e/ou sendo adiados indefinidamente.

A incógnita sobre o futuro parece agora ainda mais forte e planos a médio ou longo prazo são difíceis de conceber quando sobreviver é a lei mais importante.
Pensando sobre isso, adiei muitas vezes escrever a vocês sobre o que queria inicialmente: a beleza de acumular memórias pelo mundo afora, ganhando a imensa riqueza das experiências vividas no conhecimento de novos lugares, pessoas e culturas. Nunca parecia ser o momento certo – e talvez ainda não seja –, afinal, a pandemia segue firme em grande parte do globo, sendo o Brasil um destaque negativo sobre a questão.
Todavia, a proposição aqui é pensarmos numa forma de contornar os impactos deste complexo 2020 sobre as maneiras de acumular memórias pela estrada, coordenando a necessidade de proteção e isolamento com a necessidade mental de explorar e vivenciar o novo para ver o mundo com outros olhos.
Após muitos dias de quarentena e maior isolamento social por parte das pessoas, percebe-se que nos últimos meses o cansaço e o estresse excessivo em todos têm feito com que alternativas tenham surgido na mente dos aventureiros, que vão desde pequenos e rápidos passeios a viagens mais próximas, pelo próprio Estado, uma vez que as viagens mais distantes ainda implicam maiores riscos, a começar pela exposição nos aviões/ônibus/barcos com muitos passageiros.

Não é só. Percebe-se, também, que muitas pessoas começaram a fazer coisas que outrora não faziam, mesmo quando as condições eram melhores (sem um vírus respiratório circulando à espreita), a exemplo de simplesmente pegar uma cadeira ou canga qualquer e buscar um espaço na areia da praia pra admirar o sol.

As pessoas estão cansadas e vorazes por experiências que supram o vazio causado pela pandemia. O ser humano é um ser social e agora está gritando por contato, adrenalina e novas memórias acumuladas.
E nessa ânsia por adrenalina e libertação de todo o peso do momento foi que surgiu uma oportunidade que não queria deixar passar para extravasar: saltar de paraquedas sobre os lençóis maranhenses.
Pular de paraquedas era algo que sempre figurou na minha “lista de coisas para fazer antes de morrer” e imagino que esteja presente na listinha de muitos de vocês.
O curioso é que sempre pensava em deixar isso pra um momento futuro, quando já tivesse vivido e experenciado ainda mais coisas pra “caso acontecesse algum problema grave” o pulo fosse um adeus em grande estilo. Doideira da cabeça ou não, decidi antecipar essa tarefa para sentir a adrenalina impactante de se jogar de um avião a 4 mil metros de altura, curtir a queda livre por quase 1 minuto, para, então, apenas apreciar a beleza do cenário. E que cenário!

Saltar sobre os lençóis maranhenses e suas belíssimas dunas e lagoas realmente foi algo surreal! E segundo saltadores que conheci que já pularam em várias partes do globo o salto sobre os lençóis está no top 5 quando o assunto é visual (e no 1º lugar de muitos deles).
De fato. A beleza do momento foi tão imensa que em palavras se torna complexo explicar a sensação. Aliás, a adrenalina seguiu firme no meu corpo e mente por mais de 24 horas: voei no céu e senti o divino me tocar ao mesmo tempo em que constatei o quanto somos pequenos diante de toda a criação e maravilhas existentes.

É tudo incrível! Desde o sobrevoo dos lençóis de avião, durante o qual já vamos nos preparando para o salto admirando as dunas e lagoas do alto do céu (como fiz o salto duplo, estava conectada ao meu instrutor). Quando as portas do avião se abrem e o coração já está quase saindo pela boca chega o momento de ir andando agachadinho até beira.
É a famosa hora da decisão e de pegar a coragem lá no âmago da alma.
3, 2, 1: Estou voando!!!

Claramente a saída do avião veio junto a gritos e a rodopios no ar, num misto de “Meu Deus, será que vou morrer agora?” e de “Caramba, que sensação fantástica de estar ao ar livre como um pássaro sobre esse lugar incrível!”.
Foram em média 45 segundos de queda livre, o suficiente para uma adrenalina que marcaria meu corpo por horas a fio (e para várias orações). Após a queda livre, então, o instrutor abriu o paraquedas e nós subimos num pulo até que, finalmente, pairamos mais tranquilos sobre os lençóis maranhenses: era a hora de apenas agradecer pela abertura com segurança do equipamento e de sorrir cheia de gratidão por poder vivenciar essa experiência surreal olhando os lençóis de cima, sentindo apenas paz interior e esquecendo todos os demais problemas da vida.
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Ao finalmente pousarmos e o coração ir diminuindo a velocidade dos batimentos aos poucos, não tive dúvida de que fora uma das experiências mais fantásticas que já vivi e que, sim, quero pular de novo muitas vezes mais! Preciso dessa adrenalina maravilhosa novamente.

Assim, queridos leitores, certamente recomendo que também tenham coragem para pular de paraquedas ao menos uma vez na vida, pois é uma memória que vale muito à pena criar e manter viva. Afinal, a vida pertence a quem se atreve.
Cada experiência nos traz uma lição. E cada destino nos acrescenta memórias. Vamos acumular memórias juntos?
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