No que depender de mim, passo horas conversando sobre a vida e essa jornada que passamos aqui. E, inevitavelmente, acabo relembrando situações e aprendizados resultantes disso tudo. E, em um desses papos, surgiu a ideia de responsabilidade, mas responsabilidade no campo emocional do outro. Afinal, até que ponto somos responsáveis e o que podemos fazer para que o que, originalmente, era pra ser um laço, não se tornar um nó mais a frente e ambos saírem machucados?
Não que antes eu era um completo irresponsável, mas quando me liguei no real sentido do que é a responsabilidade, foi meio como se eu tivesse “saído da Matrix”. É como tudo tivesse ficado um pouco mais claro, e como é muito importante ter uma noção disso ao lidar com o outro, seja no campo profissional, social, familiar e pessoal. E isso ganha camadas mais delicadas e peculiares quando voltamos os olhos para o campo emocional da coisa.
Digo isso porque cada um está em um momento da vida, cada um que a gente encara na rua está passando por um perrengue que é impossível mensurar assim a olho nu. Seja espiritual, racional ou emocional, só nós sabemos a real que rola no nosso interior e que artimanhas usamos para lidar com tudo isso. E ter um mínimo de sensatez pode fazer uma diferença gigantesca na forma de como podemos conduzir os elos que criamos, principalmente quando algo assim chega ao fim.
Vamos por partes para a nossa conversa fluir de boas.
Pontas soltas e a finitude dos momentos
Já namorei umas cinco vezes, relações de 2 meses até quase 7 anos e algumas dessas relações foram completamente esquecíveis e outras memoráveis, mas mantenho contato com quase todas minhas ex-namoradas. Pois ter essa troca de ideia é bom para rever conceitos e como foi nossa atitude em determinada fase da vida e o que mudamos. Só que, depois de aprender a ser solteiro, o negócio ganhou uma outra configuração e que, entre acertos e erros, me trouxe uma visão mais clara de como lidar com a outra pessoa.
Nesse percurso de vida de solteiro, tive, também, experiências incríveis e outras as quais me envergonho toda vez que recordo (imaturidade, ego inflado, carência etc), porém prefiro manter isso vivo na memória a fim de não repeti-las. Aprendizado, né não? Mas, tratando-se de pontas soltas e finitudes desses momentos, aprendi um lance simples e que nem todo mundo está preparado para lidar: comunicação franca e direta. (abro um PS: não confundir sinceridade com escrotidão, ok?)
Digo isso porque é muito fácil começar uma história, por mais casual que ela seja, mas difícil mesmo é terminar. E, uma vez vez iniciada, é importante evitar pontas soltas para que ambas as partes saibam aonde estão pisando e até aonde podem se envolver. Feito isso, é possível trabalhar a finitude ou não dos momentos, pois ambas as partes poderão desfrutar de, quem sabe, uma amizade saudável pós-rolo, relacionamento, casualidade etc que seja.
Evitar pontas soltas é como evitar ruídos na mensagem e palavra que você compartilha. É poder se movimentar sem necessidade de fazer jogos e trazer algo mais leve para o momento. Pois, se isso chegar ao fim, ambos estarão confortáveis e tranquilos por saberem realmente como lidar um com o outro por não terem cultivado algo tóxico e no viés do apego.
Mundo afetivo e a facilidade de sair como “cuzão” de um relacionamento
Não sei se é claro, mas muita gente não percebe uma coisa: ninguém se relaciona ou engata relacionamento sério com o inimigo. Nos juntamos porque nos identificamos com o outro e nos sentimos bem na companhia da pessoa. Topar entrar em algo sério, na essência, pelo menos ao meu ver, é com um intuito de cultivar algo numa construção em prol a ambos, num equilíbrio de momentos bons e ruins com aprendizados conjuntos.
Pode até ser uma ideia romântica da coisa, mas lembra do que falei acima de acertos e erros? Pois é. Essa é uma visão particular que eu constituí.
E tratando-se de relacionamento, rola todo um malabarismo no nosso mundo afetivo. Numa era que problemas relacionados às emoções estão vindo cada vez a tona como a ansiedade e depressão, é de extrema importância ater-se que tipo de pessoa e o que você pode proporcionar a ela, pois acredite, dependendo do contexto, é muito fácil sair como cuzão em um relacionamento.
E uma informação curiosa: as vezes dizer um “não” pode evitar algo bem mais danoso para as partes. Por que necessariamente você PRECISA ter algo com alguém toda vez que alguém bate na porta da sua vida?
Certo, e a responsabilidade entra aonde nisso?
http://gph.is/1edEIri
Não pera, tô confuso!
Calma, é que acredito que a coisa funciona no campo, talvez, da sensibilidade. Não entenda isso como estar vulnerável, falo de sentir o momento e como ele está sendo conduzido ou vivido, é uma maneira de perceber-se a si mesmo e a outra pessoa. Se ela está afim de algo que corresponde ao que você está emanando ou se é algo que é melhor deixar em um campo afim de evitar futuras boas dores de cabeça, em outras palavras: algo que você não quer. Jogar limpo, sabe.
Responsabilidade entra aqui como um sinal de malícia para evitar cair no mar da ingenuidade mais a frente, é manter os pés no chão e mãos dadas na forma de como se relacionar, é poder se expressar desarmado e permitir-se expressar o que está passando na cabeça e no coração.
E isso não se aplica apenas a alguém que você está conhecendo e relacionando, se aplica a vários outros campos da vida. Ajuda a perceber se você não está sendo invasivo, se não está respeitando o silêncio do colega de casa, se não está percebendo que a pessoa só quer alguém pra ouvir o que ela ter a dizer ou precisando de apenas um abraço. São tantos sinais que podemos listar e que muita das vezes não percebemos.
Um exercício bom de ser aplicado é prestar atenção como você se comporta em determinadas situações: numa conversa se você é um bom ouvinte, como age quando está só, que pensamentos rodeiam sua mente num momento de solitude, se você se basta, se curte programas sem necessariamente estar com alguém, como você lida com as expectativas, se cuida do corpo, da sua mente e da parte espiritual da vida, etc.
Portanto, se você está se questionando até que ponto somos responsáveis e o que podemos fazer para o que originalmente era pra ser um laço, não se tornar um nó mais a frente e ambos saírem machucados, trago a resposta de um milhão de reais: eu não tenho a resposta, mas tenho uma linha de raciocínio que me ajuda lidar com esse tema.
É impossível vir com uma fórmula mágica e lidar com pessoas é, talvez, o nosso maior desafio durante essa jornada, certo? E antes de ser responsável com o outro, acredito que é preciso ser responsável primeiro consigo mesmo. Por exemplo: não depositar suas expectativas, emoções e caos interior na outra pessoa. Fazer isso é de uma covardia e egoísmo sem tamanho, sério.
Sabe por que é covardia e egoísmo? Porque mais a frente haverá um cenário que será preciso estômago para lidar e gradualmente um muro será levantado entre você e a pessoa, um muro de hostilidade, conflito e falta de bom senso e respeito.
O filme Foi Apenas Um Sonho retrata isso de uma maneira muito intensa, forte e real:
Se identificou…?
Meses atrás o padre Fábio de Melo até soltou uma ideia sobre isso relacionada a famosa frase d’O Pequeno Príncipe, obra de Antoine de Saint-Exupéry: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Segundo o padre, “são aquelas pessoas vampiras emocionais que tem duas presas nos olhos, e para justificar o desequilíbrio emocional, elas grudam os olhos em você e falam: ‘tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas’. Eu até acredito que a gente se torna responsável pelo outro, mas não para virar um peso morto na vida do outro“. Em resumo, você é o responsável apenas por você mesmo, se cuide para aí manifestar uma atitude genuína de ajuda.
Por fim, deixo os seguintes questionamentos: já se sentiu responsável pelo campo emocional da outra pessoa? Já viveu uma situação delicada? Como você lida com seus relacionamentos?
Discorda de algum ponto? Concorda? Vamos trocar essa ideia!
Adorei o texto