A Travessia: um filme que te causará uma aflição e exaustão absurdamente reais

Mas isso só se você assistir no cinema mesmo.

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E aí, encara? (Foto: Divulgação)

Quando vi que iria rolar um filme que contaria a faceta do francês Philippe Petit de atravessar, por meio de um cabo de aço, as duas torres gêmeas do World Trade Center, eu animei por dois motivos:

1 – Por já ter lido e ficado incrédulo com o que o cara fez;

2 – Como praticante de slackline e experimentado – leia-se “me apaixonado” – o highline (modalidade que é realizada em grandes altitudes), eu imaginei que seria interessante isso ser transportado para o cinema.

Essa animação só se confirmou quando vi o trailer e mostrou, sem enrolar, qual era a proposta do filme – tendo como protagonista e na pele do incrível e arrogante Philippe Petit, o Joseph Gordon-Levitt. Levitt é um ótimo ator e tem no seu currículo tanto filmes independentes, como 50/50, quanto grandes blockbusters, que é o caso do último filme da trilogia Batman. Ou seja, ele sabe onde se meter.

Mas voltando para A Travessia, o filme já começa sem muita frescura e deixa claro que todos os eventos serão apresentados pelo Pettit. Desde suas habilidades artísticas como andar de monociclo e malabares – deixando clara sua alma de artista -, até como ele se encantou, ainda na infância, pela magia da “corda bamba”. Essa paixão foi tão instantânea que o filme mostra como ele iniciou seus treinamentos e logo isso foi adicionado aos seus números de rua e que não poderia ver dois pontos para ligar sua corda e começar seu show.

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Segundos antes de iniciar a travessia. (Foto: Divulgação)

Paixão essa que casa perfeitamente quando conhece a mulher da sua vida, a também artista, Annie Allix, vivida por Charlotte Le Bon, e, como golpe do destino, ele descobre aquilo que seria sua ambição, megalomania e propósito de vida: um jornal destacando a construção daquele que seria o prédio mais alto do mundo, o World Trade Center.

Daí em diante, o filme mostra uma sequência que lembra muito os filmes de assalto, desde a construção do plano, membros que compõem a “gangue”, estudos, montagem de equipamento (um salve para Papa Rudy, vivido por Ben Kingsley, que interpreta um dono de circo – o mesmo que Pettit viu a corda bamba pela primeira vez – e que, também, funciona como figura paterna nessa saga), estudo do inglês e, claro, como executar o feito exatamente quando o dia amanhecer naquele do dia 7 agosto de 1974.

Quando ele coloca o primeiro pé e visualiza o cabo a sua frente, é aí que magia do cinema começa. As cenas são feitas com sensibilidade e, apesar de não ser muito fã, o 3D nos transporta para a pele de Pettit naquele que seria um dos feitos mais extraordinários do mundo.

Não conferi quantas vezes ele atravessou no filme, mas o dado real conta que foram cerca de OITO VEZES em cima do cabo de aço que estava conectado a Torre Norte com a Torre Sul e tinha o francês em cima dele passeando, ajoelhando, deitando, recebendo visita de pássaros e o principal: a oportunidade de entender de uma vez por todas sua alma de artista e sua natureza humana.

O fim todo mundo sabe: tem até um documentário sobre esse feito intitulado O Equilibrista. Mas o recado que deixo aqui esse é um filme para assistir no cinema, com som e imagem a sua disposição para você imergir naquela aventura megalomaníaca desse francês.

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Philippe Petit realizando a travessia lá em agosto de 1974. (Foto: Robert Zemeckis)

Ele também não é O FILME, mas cumpre bem sua função, que é prender o espectador e faz nele surgir sensações como se fosse você ali na tela protagonizando o evento em questão. Tanto que minhas mãos suaram muito durante as travessias, meu coração acelerou e descobri que ainda tenho um medo do caralho de altura. Essas sensações só foram possíveis graças à maestria que esses singelos elementos causaram ao cumprirem bem sua função.

Por fim, deixo meu salve por ser um filme que faz jus a paixão de quem se aventurou e experimentou subir em um cabo, corda ou fita na saga que é buscar um ponto de equilíbrio. Como praticante e apaixonado por slackline, me senti representado pelo fato de que em vários momentos do filme, ele manifesta exatamente a sensação, filosofia, sentimento e autoconhecimento que buscamos ao praticar esse esporte que resulta em um diálogo sincero entre mente, corpo e alma. #Slacklife

https://www.youtube.com/watch?v=wqPO0j5iY1Y

administrator
Jonas Sakamoto é jornalista e diretor de fotografia. Atua em São Luís como produtor audiovisual, diretor e editor. Já produziu conteúdo para Imirante.com, portal PapodeHomem e, atualmente, trabalha como repórter na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). É fundador e editor-chefe do SobreOTatame.com e viciado em ciclismo.

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Lari Reis
9 anos atrás

Pode ser o filme a me mandar de volta para as salas de cinema!
Parar de ir ao cinema não foi uma decisão calculada, mas percebi que isso aconteceu comigo… As últimas experiências, com pessoas barulhentas e valores muito altos me desanimaram. Sei que perdi bons filmes que deveria ter visto por lá (inclusive Jurassic World, já que sou fã rs), mas nunca é tarde para voltar, acho. Vejamos se Travessia me leva! haha

Jonas Sakamoto
9 anos atrás
Responder para  Lari Reis

Lari, tinha um tempinho que eu também não ia ao cinema. Falta de tempo, preguiça e por conta disso que você citou.

Mas, como falei acima, esse filme eu precisava ver lá naquela tela grande pra absorver todas as sensações que sinto quando pratico Slackline. E assim foi.

Na boa, vai lá e experimenta. Testa se tu tens medo de altura, e conta aqui depois! hahah 😉

Lari Reis
9 anos atrás
Responder para  Jonas Sakamoto

Tentarei ir sim. Vencer toda a preguiça, rs e assistir ao filme na telona! Só não prometo que venho aqui comentar depois porque eu acabo esquecendo 😡 Mas, deixei anotado aqui pra ver se funciona! haha