Will Smith no filme “À Procura da Felicidade” (Foto: Reprodução)
“Engole o choro!“, provavelmente você já ouviu essa frase quando criança, e não uma nem duas, mas muitas vezes. Eu mesma ouvi essa e outras frases que logo cedo me fizeram entender que chorar é fraqueza, e que se eu puder não demonstrar essa fraqueza, melhor para mim.
Fomos ensinados a querer passar incólumes pelas circunstâncias que machucam.
Então, a gente acabou crescendo criando barreiras e nos endurecendo contra nós mesmos, contra o que sentimos, contra o que pensamos, contra o que vivemos, a fim de nos mantermos a salvo da dor, como se fosse possível, a quem vive, não sofrer.
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Aos poucos, nos tornamos especialistas em auto-engano, a fingir que não vimos, a seguirmos a diante, a sorrirmos quando queremos o choro, e a colocarmos nosso choro em conta-gotas: somente chore por motivos “aceitáveis”. Desenvolvemos maneiras cada vez mais eficazes de como fugir dos sentimentos ruins que nos abalam o peito, e a calar as emoções classificadas como indesejáveis.
Quantos nós na garganta você amarrou até aqui? Quanto você já engoliu de si mesmo? Qual foi a última emoção que você estrangulou?
Essa fuga do choro, essa repulsa por sofrer, a não aceitação dos erros, o não se permitir fraquejar, ao contrário do que se possa pensar, não nos fortalece, e sim nos desampara!
A permanente esquiva dos problemas e sofrimentos dificulta o desenvolvimento de repertórios de enfrentamento dos nossos conflitos e angústias. Dar um passo adiante na resolução dos nossos conflitos nos exige reconhecer e vivenciar o sofrimento envolvido neles.
Por isso, perceber de onde vem o teu choro é um importante e primeiro passo para compreender o que precisa mudar. Esse movimento auxilia no autoconhecimento, e consequentemente no autocuidado. Então, amigos, deem espaço ao choro.
O choro é mais que o ato de chorar, é se permitir sentir, e isso liberta!
E tudo o que nos torna mais livre, nos fortalece.
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Um dia desses, uma amiga me mandou o link de uma música interpretada pelo Erasmo Carlos, e de autoria do Teago Oliveira (vocalista do Maglore), com o título: “Não existe saudade no cosmos”. Naquele dia, essa música me trouxe uma singela epifania através do verso: “Se você quiser chorar / Então chore, então chore!”
Uma música simples, de versos curtos e aparentemente inacabados. Uma melodia tristonha, mas reconfortante, com uma voz amena, dizendo pacientemente que vai ouvir sem julgar. Um acalanto para os que estão cansados de calar.
O fato é que “Não existe saudade no cosmos”, me lembrou das 3 lições que quero compartilhar aqui:
1 – é preciso aceitar nossas emoções e sentimentos negativos e entrar em contato com eles;
2 – é preciso exercitar o perdão (não só perdão para o outro, mas antes dele, o AUTOPERDÃO)
3 – é preciso ter por perto quem te ouça sem te julgar.
“Faça o que quiser / Encare o que vier / E aceite se doer demais”
Dá um play no Erasmo, e pensa a respeito de quais sentimentos você anda fugindo, ou do que você precisa se perdoar para seguir adiante. Isso pode ajudar a desatar alguns nós ou desatar naquele choro preso que está te afogando.
E o mais importante nisso: Peça ajuda!
A dor é sua, mas você não é obrigado a chorar sozinho.