Tiago Máci e sua paixão pelo samba em “Amor Delivery, Vol. 01”

Tiago Máci e seu novo álbum de estúdio, “Amor Delivery, Vol. 01” (Foto: Dani Lopes/Divulgação).

O ano era 2018. Andando por um dos corredores da UFMA enquanto tentava “me livrar” da graduação de Rádio e TV, o cantor e compositor maranhense Tiago Máci me encaminhava à época, por WhatsApp, a versão final de Magma, faixa inédita de Amor Delivery, Vol. 01, seu mais recente álbum de estúdio, lançado no último dia 8 de agosto.

Nas primeiras audições, gostei pouco desta versão de Magma. A faixa cantada por Máci – que é uma composição de Memel Nogueira e Danilo Palavra, e ganhou em janeiro de 2018 um vídeo desta versão original (assista abaixo) -, ao menos pra mim, perdia seu brilho e o tom intimista que me agradava tanto.

Felizmente, minhas impressões sobre a faixa foram alteradas com a chegada deste novo álbum de estúdio do artista. Magma, assim como as oito músicas que a acompanham no disco, ganham mais força quando apresentadas conjuntamente e reforçam a nova roupagem musical escolhida por Máci, que coloca seu samba na pista, com trip-hop, afrobeat, lo-fi e R&B em dosagens bem definidas.

O bolero marcante de Magma conversa com todas as demais faixas, a medida que o disco cresce e se transforma em uma grande festa. Máci aparenta entender os caminhos que suas músicas tomaram desde Mete o Amor Forte, de 2014, até este novo lançamento oficial.

E essa transformação ficou evidente nos lançamentos mais recentes do maranhense nos últimos anos: o forró de Xote Dessa Moça, lançado em 2018; o contato com o dancehall em Diz Que Vai, Diz Que Vem, de 2019; e no samba moderno de Beijo à Queima-Roupa – música que inclusive abre o novo álbum – , também do ano passado, que ganhou clipe dirigido por Arthur Rosa França e levou dois prêmios no festival Maranhão na Tela.

Os beats, que já marcam presença nas novas fases musicais de diversos artistas maranhenses, como Paulão e Núbia, é presença garantida em Bossa Nova e Ela, a segunda do álbum. Máci se aproxima de uma vibe mais dançante nesse começo de disco – de uma forma diferente, mas ainda empolgante, do que fez no já citado EP de estreia de seis anos atrás, com uma pegada mais rock/blues.

Falando no EP, assim como fez na transição da faixa Mete o Amor Forte para Vamos Almoçar no Hospício, em Amor Delivery, Vol. 01, Máci também vai pra um clima mais intimista depois de duas faixas dançantes. Entre Eça e Você apresenta uma das coisas mais bonitas na carreira do maranhense: a forma como sua voz destaca a poesia das suas músicas.

Esse clima poético crescente marca a romântica Tá Vendo Baby, a quarta faixa do álbum. Máci desacelera e se apresenta em uma música que parece ter saído diretamente do repertório da também maranhense Alcione. O samba, de uma forma ou de outra, é o carro-chefe deste disco, alternando bem entre o moderno e o tradicional.

O tradicional, por exemplo, fica evidente em Seu Capitão, que provavelmente deve figurar um dos momentos mais bonitos de uma apresentação do maranhense em uma edição futura do BR 135 (já pode sonhar de novo com uma edição nova do festival?) – já pensou nela como penúltima do show, antes do encerramento com Samba do Fuleiro?.

Em seguida, duas faixas do cantor que ganham novo sentido neste primeiro volume de Amor Delivery: Magma e À Musa. É interessante perceber como o disco funciona como uma transição na carreira do artista, indo ao samba tão marcante no início de sua carreira, em À Musa, vindo do beat que têm marcado esta nova fase da música maranhense, como em Magma.

O cantor traz como assinatura a simplicidade em poder contar o cotidiano envolvendo histórias com melodias não convencionais – e é em Não Vem de Carrinho que temos o melhor exemplo disto em todo o álbum.

Encerrando com a faixa homônima, o álbum retoma mais uma vez o que foi feito no EP de estreia, recordando que o passado do artista – o toque de blues que lhe é bastante característico – também o guia para o futuro. No que depender deste primeiro volume, Amor Delivery, Vol. 02 virá sob uma expectativa alta – e esperamos que tão bom quanto.

Amor Delivery, Vol. 01 conta com produção de Adnon Soares, da Casa Loca Studio. Ouça, abaixo, o álbum:

Ainda Escuto Álbuns

*Tiago Máci em imagem de divulgação do seu novo álbum de estúdio, “Amor Delivery, Vol. 01” (Foto: Dani Lopes/Divulgação).*

Já conhece o quadro Ainda Escuto Álbuns, criado pela redatora Steffi de Castro? Nesta coluna, além da criadora, outros redatores como Joceline Conrado e Gustavo Sampaio, por exemplo, destacam álbuns, EPs e lançamentos da música nacional.

Em mais de um ano de quadro, diversos discos já foram destacados, de artistas como Tuyo, Emicida, Vanessa da Mata, O Terno, Samarone, Paulão, Dani Black, Moraes Moreira, entre outros.

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