Humberto de Maracanã em cena de “Guriatã” (Foto: Diana Gandra).
Em celebração à obra de Humberto de Maracanã, quatro anos depois de sua morte, os filhos do cantador, Ribinha e Humberto, se juntaram ao músico e produtor Luiz Claudio e ao cantor e compositor Zeca Baleiro, para gravar uma homenagem à poesia do mestre e à rica história do Boi de Maracanã.
O álbum tem participações de Alcione, Chico César, Fauzi Beydoun, Alê Muniz, Henrique Menezes, Ribão D’Oludo, Roberto Ricci, Guilherme Kastrup, César Nascimento, Zeca Baleiro, Pedro Cunha e André Magalhães, além dos vocais de Vange Milliet, Nô Stopa, Tata Fernandes, Simone Julian, Anna Cláudia e Célia Sampaio.
As toadas foram gravadas entre outubro e novembro de 2019, a maior parte delas no Estúdio Zabumba Records, em São Luís. O documentarista Raillen Martins registrou os principais momentos da gravação do disco e fez um minidocumentário que também estará disponível em breve.
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Aldeia Tupinambá – Homenagem ao Bumba-meu-Boi de Maracanã tem a base de percussão (pandeirões, matracas e tambor-onça) gravada pelo batalhão de Maracanã. O trabalho será lançado nas plataformas digitais pelos selos NA MUSIC (Belém) e Zabumba Records (São Luís), se tornando a terceira parceria entre os dois selos. Anteriormente, lançaram discos do Boi da Liberdade e Encantarias, de Luiz Cláudio.
Humberto de Maracanã foi um dos maiores mestres da cultura popular do Maranhão. Dono de voz grave e poderosa e compositor de toadas que viraram clássico do bumba-meu-boi, o Guriatã deixou um legado que permanece vivo na comunidade, agora sob o comando de seus filhos e herdeiros de arte, Ribinha e Humberto Filho, e da viúva Maria José, presidente da Associação do Bumba-meu-Boi de Maracanã, que tomaram pra si a missão de levar adiante um dos mais tradicionais grupos do estado.
Os produtores do CD fizeram mudanças na forma como as toadas são geralmente registradas em discos, mas respeitaram determinados itens da tradição. “Fizemos questão, por exemplo, que os pandeirões usados fossem de couro. Ultimamente, a maioria dos bois vem utilizando mais os de pele sintética”, afirma Luiz Cláudio. No meio de algumas toadas, foi retirada a base de graves dos pandeirões e deixados somente os agudos das matracas e maracás, criando efeitos e interessantes.
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Luiz Claudio acrescenta: “Usamos Pedro Cunha com seus sintetizadores, samplers e pianos nas faixas de Alcione e Zeca Baleiro, dando um toque de eruditismo. Já na minha toada, O filme do Guriatã, chamei Guilherme Kastrup, produtor de Elza Soares no disco Mulher do Fim do Mundo, para colocar efeitos, samplers e programações eletrônicas sobre a voz de Alê Muniz”.
A toada foi composta logo depois que Luiz Cláudio viu, em 2019, o documentário de Renata Amaral sobre Humberto de Maracanã. Em uma das cenas, o Guriatã aparece andando no quintal de sua casa falando com seus guias. O produtor destaca também, entre outras participações do disco, as de Vange Milliet, Tata Fernandes, Nô Stopa e Simone Julian, que faziam parte das Orquídeas do Brasil, grupo que acompanhava o cantor paulistano Itamar Assunção.
Das 10 faixas do disco, cinco são de autoria de Humberto e as outras foram feitas em homenagem a ele. É o caso de Meu Guriatã (Roberto Ricci), Herdeiros do Guriatã (Zeca Baleiro), O Filme do Guriatã (Luiz Claudio), Guriatã, a estrela que não se apaga (Henrique Menezes) e Batalhão de Ouro (Ribão D´Oludo).
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Aldeia Tupinambá será lançado no dia 14 de agosto nas plataformas digitais. No mesmo dia, terá uma live especial no Instagram, às 18h, com a presença de Zeca Baleiro, Ribinha de Maracanã, Luiz Cláudio, César Nascimento e Fauzi Beydoun. Abaixo, o repertório completo do disco:
A coroa ainda existe/No reinado está na coroa – Ribinha de Maracanã;
Meu Guriatã – Roberto Ricci;
Herdeiros do Guriatã – Zeca Baleiro;
Pássaro Branco – Alcione;
Sereia Linda de Cumã – Chico César;
O filme do Guriatã – Alê Muniz;
Vem trazendo a aurora – César Nascimento;
Lua – Fauzi Beydoun;
Guriatã – a estrela que não se apaga – Henrique Menezes;
Batalhão de ouro – Ribão D’Oludo.
Boi de Maracanã
No SobreOTatame, vocês encontram mais sobre o Boi de Maracanã, que é um dos maiores e mais famosos representantes de bumba-meu-boi do país.
Localizado na zona rural, na região do Maracanã, o grupo existe desde o final do século XIX e foi morada de um dos cantadores mais conhecidos do bumba-meu-boi: Humberto de Maracanã, que ficou à frente do grupo por mais de 50 anos e a autor de um dos grandes hinos maranhenses, a toada “Maranhão, meu tesouro, meu torrão”.
Leia mais no especial “Matracas que se reinventam: o Boi de Maracanã em 2020”, produzido por Luiza Fernandes.