(Foto: Richard Cartwright/ABC via Getty Images)
Caro Stan Lee…
Confesso que cresci ser ter grandes hábitos de leitura e que o primeiro contato que tive com o senhor, foi numa dessas manhãs ali dos anos 90 quando vi um episódio de um desenho com um monte de gente com roupas coloridas e seus super-poderes. Bastou dar um pouco mais de atenção, que notei que a luta daqueles seres era bem simbólica: eles queriam ser apenas aceitos como são e não mais vistos com preconceito. O desenho em questão era X-Men.
Eu não entendia muito bem o porquê do mundo conflitar com eles sendo que eles queriam apenas ajudar salvar este mesmo mundo. Não entendia bem o porquê de mesmo com todo preconceito que sofriam, eles ainda sim queriam salvar o mundo que os condenavam.
Arrisco a dizer que não fui o único, mas X-Men me trouxe algo que é fundamental na vida: o respeito. Porque é o mínimo que posso fazer e parafraseando o rapper carioca Black Alien: “Me faz bem não ser do mal“, e me fazia bem torcer por aqueles bando de gente com super poderes que só queria o bem do mundo.
Stan Lee, você me apresentou mundos cósmicos e microscópicos, que existe a responsabilidade e que não sou o único a as vezes me sentir deslocado nesse planeta. Que momentos difíceis existirão, mas que junto a eles, aprendizados estarão presentes e necessários.
Aprendi com o Homem de Ferro que bebida em excesso faz mal e alimentam demônios, que é importante cuidar da nossa vizinhança como o Homem-Aranha, que podemos ser uma bússola moral como o Capitão América, que a família é importante como o Quarteto Fantástico é. Que devemos muito a cultura e o povo negro com o Pantera Negra, que representatividade feminina é importante com a Vespa, Viúva Negra, Shuri, Gamora, Nebulosa, Mulher-Aranha, Mulher-Hulk e Okoye . E uma série de outras coisas que rende reflexões até hoje desde quando passava pelas páginas dos quadrinhos a respeito de tolerância, afeto, erros, acertos e finais possíveis.
Stan, apesar de gostar de escrever bastante, porque me fascino com o poder das palavras, eu estava em falta com isso. Só que me senti a vontade de escrever essa carta de despedida, pois foram com palavras e histórias por trás delas que podemos salvar vidas, e eu tenho certeza que você salvou várias mundo a fora.
Obrigado, viu. Por me ajudar enxergar o mundo além dos meus privilégios e que cada mundo é único e cada pessoa possui sua história. Que o amor é importante e uma força motriz principalmente nesses tempos de ódio. Obrigado por heróis incríveis e vilões que mostram, também, um outro lado nosso e nesse embate entre bem e mal, uma redenção ou perdão é possível.
Aonde quer que esteja, vá em paz. Excelsior!