Chato é uma gíria que quer dizer ‘enjoado’, ‘nojento’, alguém que está ‘se achando’. Quem não só se acha, mas também é (!) um dos nomes mais promissores da cena musical maranhense é o Marco Gabriel, rapper que lançou ontem (24), seu primeiro videoclipe – vem conhecer com a gente Chato no vídeo acima (no momento desta publicação, o vídeo já passou mais de 10 mil visualizações no YouTube!).
Enaltecendo e atualizando as forças propulsoras que movimentam a cultura da periferia, o clipe passeia e presentifica as pessoas e as ruas do Bairro de Fátima e do Bom Milagre, dois bairros tradicionais da região central de São Luís (MA).
Dirigido e roteirizado pela jovem Jéssica Lauane (responsável pela direção de clipes como Batidão, Killa e Você Bagunçou Comigo), seu trabalho atual diz muito sobre as pessoas que são Marco Gabriel e a própria diretora à frente dessa narrativa.
O clipe tem os arcos clássicos de uma narrativa audiovisual, com prólogo, ato e epílogo – este último com a participação da poetisa Débora Melo, que realizou uma poesia slam especialmente para a produção de Chato. A arte é outro elemento forte que conversa com o espectador em cada um de seus ricos elementos.
E por falar em narrativa, sabe quando Marco fala “é que hoje já não é mais seguro por cadeira a noite e conversar na porta”? Ou quando Débora diz “de palavra tamo engatilhada, travando as batalha e as rima é que ecoa”? Quem sabe até quando a diretora decide colocar uma unidade familiar preta pra encerrar o clipe? Sobre o que tudo isso vem nos contar? Histórias. Diversas histórias. A história do Marco. A história da Débora. A história da Jéssica. A história de cada integrante que contribuiu para a realização desse belíssimo trabalho, espelhados e refletidos nas lentes de cada câmera utilizada pra captar as emoções para além das imagens.
Conceição Evaristo vai chamar esse acontecimento de escrevivência – conceito que ela alcunha pra explicar quando a escrita nasce de seu cotidiano, quando a história que você narra nasce e cresce da experiência que é de cada um.
Em mais uma produção da ClockWork Filmes, em parceria com o SobreOTatame.com, Akilomba Produções e Bicho D’água Filmes, a direção de produção do videoclipe é assinada por Camila Soares, Paula Beatriz e Walber Sousa, fotografia por Jonas Sakamoto (olha o nosso chefe assinando sua primeira direção de fotografia!), direção de arte por Camila Soares e Lucas Silva, figurino por Mariana Santos, maquiagem por Paula Ashanti e Rafael Paz e Som Direto por Gabriel Portela.
Esses e outros nomes são os nomes de quem faz audiovisual no Maranhão. O nome chatíssimo do Marco Gabriel é o nome de quem faz música no Maranhão. São pessoas que veem na arte e na cultura uma possibilidade de narrativa, de trazer a sua história para o protagonismo que lhe é de direito.
Bença mãe? É noiz que voa!