O Boi da Madre Deus em apresentação na capital maranhense (Foto: Divulgação).
Os primeiros registros do Boi da Madre Deus datam da metade do século XIX, por volta de 1890, conforme aparecem periódicos como, por exemplo, do jornal “A Pacotilha”.
Mais antigo grupo do sotaque de matraca da cidade de São Luís em atividade, o grupo foi fundado por pescadores, dentre eles, o senhor Alexandre Juvenal da Silva, de acordo com Deusdedith Guimarães, também chamado de Dior, atual presidente do Boi. Até hoje, é um dos poucos grupos do sotaque de matraca encontrado no perímetro da cidade de São Luís.
O Boi tem como cantadores, atualmente, Berg, também conhecido como “Pititiua”, Netto e Miguelzinho; e o grupo conta, atualmente, com 400 pessoas na roda do Boi. Conversamos com Dior, como é chamado, para entender como o grupo está vivendo esse momento.
Leia também | Matracas que seguem firmes: o batalhão do Boi da Maioba
O presidente explica que os ensaios, que começavam a partir das 23h e iam madrugada a dentro, por volta das 4h da manhã, não estão ocorrendo, assim como reuniões, e atividades na sede. Além do calendário de atividades do grupo, o local é ponto de encontro dos moradores da região, que podem alugá-lo para eventos.
Isso prejudicou bastante a renda do grupo, bem como o andamento das atividades, visto que os ensaios eram momentos nos quais onde o grupo gerava renda com atividades como venda de comidas e bebidas.
O presidente explica, também, que o grupo é formado por membros de diversas regiões da cidade além da Madre Deus, como Anjo da Guarda, Icatu, Itapera de Icatu, Bairro de Fátima.
Leia também | Lá vai Boi de Pindaré: 60 anos de resistência
Apesar das distâncias, seus integrantes comunicam-se em grupos de WhatsApp e outras plataformas à distância, o que, para o presidente, mantém a coesão entre as pessoas.
“Eu brinco no meu Boi, viu? Não saio para brincar em em boi de ninguém. Eu tenho que brincar é no meu boi, não no boi nos outros. É tipo: eu vou reforçar o time dos outros?”.
Dior, presidente do Boi da Madre Deus.
Ele conta que apenas um integrante do grupo foi contaminado pelo Covid-19 e que está recuperado. E no bairro, até o fim do mês de maio, quando a entrevista foi realizada, ele ressaltou que as atividades na região estavam fechadas.
A pandemia comprometeu também o plano do grupo de lançar um disco esse ano. “A gente já tinha até gravado e tá esperando só receber o CD. Tudo feito. A gente já tinha feito nosso cronograma de ensaios. Tudo. Quando é que quando é que sai o CD?”, pontuou Dior.
O presidente reforça que o grupo realizará de três a quatro ensaios, mesmo não havendo São João, para angariar recursos para o Boi. “O CD agora, a gente tem que esperar. A gente vai lá só para mandar fazer a capa, porque tá tudo parado. Vamos esperar a liberação das autoridades estaduais e municipais e também sanitárias para podermos colocar os nossos planos adiante”.
Mais do São João do Maranhão
Durante o mês inteiro de junho, traremos um material especial sobre o São João do Maranhão. O objetivo do SobreOTatame é trazer à memória os dias alegres que já vivemos e ainda viveremos, dar voz aos principais atores e atrizes dessa época e alimentar o nosso amor por essa festa.
Abaixo, alguns dos materiais produzidos: