“Chega de Fiu Fiu”: Documentário discute o assédio contra mulheres em espaços públicos

As cidades foram feitas para mulheres? 

Se você é mulher, deve compreender que o ato de sair de casa envolve uma série de questionamentos: Por onde vou? Com quem? Que horas volto? É seguro? Devo ir? Essa roupa está boa? O medo da violência é quase uma companhia extra durante cada percurso traçado no dia a dia de mulheres.

A violência em espaços públicos é pouco explorada, uma pesquisa da ActionAid, realizada em 2016, demonstrou que 86% das mulheres ouvidas já havia sofrido algum tipo de violência ou assedio em espaços públicos. O assobio é a forma mais comum, seguida de olhares, comentários de cunho sexual e xingamentos.

Pensar e discutir a mobilidade de mulheres e as inseguranças que permeiam o assunto, é essencial

Essa é a temática do longa-metragem “Chega de Fiu Fiu, dirigido por Amanda Kamanchek Lemos e Fernanda Frazão. A narrativa do longa compõe-se de três momentos: A utilização de óculos com uma micro câmera escondida, usado por mulheres em seu dia a dia; a vida de três personagens de diferentes cidades – Brasília, São Paulo e Salvador –; e o diálogo com especialistas sobre assédio, identidades, sexualidade, participação e mobilização social e masculinidades, “Chega de Fiu Fiu” explicita como a participação das mulheres no espaço urbano é marcada por insegurança.

 O filme é um retrato dessa violência de gênero em um contexto ainda pouquíssimo explorado: o espaço público. A pergunta que nos fizemos ao longo de todo o filme é “qual é o lugar das mulheres nas cidades?. Diz Amanda Kamanchek, diretora do documentário,

Exibição em São Luís 

A exibição do documentário “Chega de Fiu Fiu” chega à São Luís com a realização da Pedal das Minas São Luís, um grupo de mulheres que pedalam como ato político e instrumento para promover o empoderamento, a sororidade, a apropriação dos espaços públicos da cidade. Com o apoio do Cine Praia Grande, haverá uma exibição única e gratuita no dia 19 de julho (Quinta-feira) às 19h, seguida de uma roda de conversa com as convidadas Keyci Martins, produtora e historiadora; Marcella Medeiros, advogada e cicloativista; Lohanna Pausini, mulher transexual, jornalista e escritora e Júlia Martins, atriz, publicitária e produtora cultural.

As mulheres da Pedal das Minas São Luís vivem essa realidade, seja utilizando a bicicleta como meio de transporte, por lazer, prática de exercício físico ou esporte, as manas Jaana Pinheiro, Karoline Ramos, Marcella Medeiros, Vanessa Travincas, do grupo de pedal, e a Marcella Abreu se juntaram para trazer essa discussão para São Luís.

“A gente pedala, mas também queremos falar sobre o que é ser mulher na cidade. E não só sob a perspectiva da mulher que anda de bicicleta, mas de toda mulher que quer garantir seu direito de ocupar os espaços públicos com segurança”, diz Jaana Pinheiro, designer e participante do grupo Pedal das Minhas São Luís.

O grupo, também, quer que mais pessoas realizem sessões do documentário nas escolas, cineclubes, universidades, praças de São Luís e levem a discussão para o seu contexto. E é bem fácil de fazer, já que qualquer pessoa pode promover uma sessão através da plataforma da distribuidora Taturana Mobilização Social, que visa fortalecer os circuitos alternativos e democratizar o acesso ao cinema. (http://www.taturanamobi.com.br/)

A exibição e roda de conversa que será realizada nesta quinta (19) é, também, um convite aos homens de entender um pouco mais como as atitudes deles impactam na vida das mulheres e assim levar uma consciência do seu papel de privilegiado em uma atividade aparentemente simples, como pedalar.

Nos vemos lá?

Serviço:

O quê: Exibição do Documentário “Chega de Fiu Fiu”;

Quando: 19 de Julho de 2018, quinta-feira, às 19h;

Entrada: gratuita com entrega de ingressos 1h antes da sessão.

Onde: Cine Praia Grande, Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, Rampa do Comércio, 200, Praia Grande, São Luís, MA.

Joceline Conrado é psicóloga de orientação psicanalítica. Atua em São Luís como psicóloga clínica e no terceiro setor, na gestão e implementação de projetos sociais. É redatora e da área de planejamento no SobreOTatame. Se interessa por temas relacionados a gênero, psicanálise e questões raciais. Gateira e leitora compulsiva.

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