Cinco atitudes que auxiliam no apoio a um amigo com Depressão

Estamos no Setembro Amarelo, referenciando a campanha de prevenção ao suicídio. Semana passada apresentamos uma conversa com o psiquiatra Tiago Arruda, trazendo esclarecimentos sobre os principais conceitos da depressão que ainda é a causa principal dos casos de suicídio, sendo o Brasil possuidor do maior índice de depressão da América Latina. Pensando nisso, e em acréscimo a campanha de conscientização, apresentaremos até o final do mês de setembro, materiais relacionadas ao assunto.

Temas relacionados a saúde mental estão entre os tabus não declarados, seja pela construção histórica da correlação com a loucura, seja pela dificuldade na compreensão do tema. Dessa forma, surge o questionamento: “Como posso ajudar se nem compreendo?”.  Apresentaremos a seguir, uma lista com 05 atitudes que podem facilitar no oferecimento de auxílio a quem está em sofrimento psíquico causado pela depressão.

Foto: Filmow/Pinterest

 

01 – Seja Empático

Ser empático não significa que você vivencia o que o outro está passando e por isso entende, significa que apesar de não compreender aquela dor, de não entender a sua origem e profundidade, você respeita e não menospreza. É fundamental não minimizar a tristeza e o abatimento dos que sofrem com a depressão e nem usar de exemplos com: “se fosse comigo” ou “logo vai passar”.  Sujeitos diferentes são alcançados por angustias diferentes… cada pessoa, um universo, lembra?

 

02 – Ofereça sua Escuta

Ouvir é fácil, variações de sons e diálogos nos alcançam todos os dias. Mas escutar requer atenção. Suspender o todo pra ouvir uma única voz ou som. Nesse impulso que temos por falar e a necessidade de sermos ouvidos, torna-se necessário aprender, também, a escutar o outro.

Deixe que ele saiba que pode contar com você, se ofereça para uma conversa, seja presente, disponha-se a ajuda-lo neste momento. Quando a gente escuta alguém de verdade, a fala traz e acrescenta muito do que pode ser usado durante o tratamento.

 

03 – Valorize a Saúde Mental, a sua e a do outro.

      O corpo físico quando apresenta algum machucado externo, é facilmente identificável. Fazemos um curativo, vamos ao médico e seguimos em frente. Mas e quando aparece o cansaço mental? O humor deprimido? A falta de disposição e motivação? A irritação com pequenas coisas. Será se pensamos: “Opa! Tem alguma coisa errada aqui, é preciso parar, desacelerar e entender”?  Normalmente não fazemos isso, seguimos na rotina maçante que não pode ser parada pra cuidar da “cabeça”.

E se olhamos um amigo nessa situação? Chamamos de fraco, dizemos que é frescura, que é falta disso ou daquilo e reafirmamos o estigma: cuidar da saúde mental é sinônimo de fraqueza. NÃO É! Cuidar da saúde mental implica em ter o todo em equilíbrio, que resulta em qualidade de vida. Se algo não está bem, o todo vai ser afetado. Da próxima vez que um amigo ou você perceber que algo não vai bem, considere como um machucado que precisa ser tratado para que você possa seguir em frente.

 

04 – Compreenda antes de falar.

Se tomamos os transtornos mentais como tabu e lidamos com a depressão de forma distante e, infelizmente, preconceituosa, a razão primordial é a falta de informações. Pesquisas apontam que, em média, apenas 30% dos deprimidos buscam ajuda profissional. Admitir essa angústia profunda, apatia e abatimento doloroso frente a vida é um processo complexo e, por vezes, só pode ser feito com o apoio de alguém próximo – apoio, não imposição. Você pode ler sobre, se informar sobre os sintomas, entender minimamente como a pessoa se sente e as melhores formas de tratamento, isso já garante um certo grau de empatia com o outro, como já citamos acima.

 

05 – Auxilie na busca de ajuda profissional.

Percebe como estamos falando de um processo evolutivo? Você entende a importância da saúde mental, isso te leva na busca de informações e na melhor compreensão do sofrimento do outro e é nesse ponto que você percebe que não é frescura, que não vai passar depois da cervejinha, de ir à igreja ou de uma noite de sono. A depressão como uma doença multifatorial precisa de ajuda profissional, normalmente a ação conjunta entre fármacos e psicoterapia.

Você pode recomendar a busca por ajuda, pode acompanhar e esclarecer algumas dúvidas, mas não pode se impor sobre o outro, Okay? Se fazer presente nesse momento significa não ultrapassar linha tênue entre as suas vontades e a vontade de quem está sofrendo.

 

São atitudes pequenas que fazem toda diferença na vida de quem está sofrendo. Tem outras dúvidas sobre como ajudar? Busque um psicólogo. Vá até a Unidade de Saúde do seu bairro ou nos Centros de Atenção Psicossocial. Converse com alguém. Disponha-se!

 

Foto: Aquele Eita/Pinterest
Joceline Conrado é psicóloga de orientação psicanalítica. Atua em São Luís como psicóloga clínica e no terceiro setor, na gestão e implementação de projetos sociais. É redatora e da área de planejamento no SobreOTatame. Se interessa por temas relacionados a gênero, psicanálise e questões raciais. Gateira e leitora compulsiva.

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