Dia D do Setembro Amarelo: a necessidade de conversar sobre a valorização da vida

Dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (Ilustração: Nath Araújo).

Hoje, dia 10 de setembro, é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, um dia de reflexão, de debates e ações em todo mundo.

Você sabe o que é o Setembro Amarelo?

Setembro foi o mês escolhido para a campanha de conscientização e prevenção do suicídio. No Brasil, a campanha é realizada desde 2014 pelo Centro De Valorização a Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

O Amarelo se tornou símbolo mundial após a tragédia de 1994, em que o jovem americano Mike Emmy tirou a própria vida dirigindo um carro amarelo. Seus amigos e familiares distribuíram fitas amarelas e cartões com mensagens de apoio para quem estivesse passando pelo mesmo desespero, tornando a cor um marco na conscientização do suicídio.

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Para Émile Durkheim, “o suicídio é um ato essencialmente individual e que pode ter motivações bastante íntimas e particulares”. Porém, não se admite que fechemos os olhos para ele, como se não tivesse importância. É essencial conversar sobre suicídio, pois o silêncio mata.

A campanha é em setembro, mas falar sobre prevenção do suicídio em todos os meses do ano é fundamental.

Ilustração do projeto Aquele Eita, de Raquel Segal.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 800 mil pessoas cometem suicídio por ano em todo mundo; entre jovens e adultos de 19 a 29 anos de idade, é a segunda maior causa de morte. No Brasil, são 32 suicídios por dia e no Maranhão, no ano de 2018 foram 250 casos. Em 2019, o Estado já contabiliza 410 tentativas de suicídio e 127 suicídios até junho – os dados são do Departamento de Saúde Mental da Secretária Estadual de Saúde (SES).

A OMS reconhece o suicídio como grave problema de saúde pública e enfatiza a necessidade de identificar os maiores fatores de risco para que estratégias de prevenção possam ser criadas. Falar é a melhor solução, trazer o assunto para o debate público quebra um tabu e amplia o acesso à informação.

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Os dados da OMS demonstram que as taxas de suicídios são maiores entre os homens (13,5 suicídios para cada 100 mil habitantes) do que entre as mulheres (7,5 suicídios para cada 100 mil habitantes). Em relação às tentativas, o Ministério da Saúde relata que as mulheres são que mais tentam suicídio, representando 69% do total.

Mulheres tentam suicídio por motivos diferentes dos homens; o comportamento suicida pode estar associado a diferentes fatores de risco como os variados tipos de violência sofridos ao longo da vida, depressão, eventos traumáticos, privação social, transtornos alimentares, morte dos pais, outros transtornos mentais, além das predisposições genéticas e questões psicossociais. O casamento figura para os homens como fator de proteção e para mulheres como fator de risco, em virtude da violência intrafamiliar.

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O comportamento suicida na população geral frequentemente associa-se com depressão, sendo esta uma condição tratável. A literatura mostra que toda ameaça de uma pessoa em situação de vulnerabilidade para o suicídio deve ser levada a sério, mesmo quando pareça falsa ou de caráter manipulador.

A repetição de tentativas é um indicador de risco para a consumação do suicídio. O risco de suicídio depois de uma tentativa deliberada de autoagressão é muito maior do que na população geral.

Um amigo precisa de ajuda, não sei o que fazer.

Ilustração de Dylan Mierzwinski.

Quando as pessoas dizem “Eu estou cansado da vida” ou “Não há mais razão para eu viver”, elas geralmente são rejeitadas, tem seu sofrimento menosprezado ou são obrigadas a ouvir sobre outras pessoas que estiveram em dificuldades piores. Nenhuma dessas atitudes ajuda a pessoa com risco de suicídio.

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Aqui vão algumas dicas de como agir quando alguém pedir ajuda a você:

  • Ouça atentamente, fique calmo;
  • Entenda os sentimentos da pessoa (seja empático);
  • Dê mensagens não-verbais de aceitação e respeito;
  • Expresse respeito pelas opiniões e valores da pessoa;
  • Converse honestamente e com autenticidade;
  • Mostre sua preocupação, cuidado e afeição;
  • Focalize nos sentimentos da pessoa;
  • Auxilie na busca de ajuda profissional.

O suicídio é uma questão complexa e, por isso, os esforços de prevenção necessitam de coordenação e colaboração entre os múltiplos setores da sociedade, incluindo saúde, educação, trabalho, agricultura, justiça, política e mídia.

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Esses esforços devem ser abrangentes e integrados, pois apenas uma abordagem não pode impactar em um tema tão complexo quanto o suicídio.

*Esse material foi feito em colaboração com o Departamento de Atenção a Saúde Mental da Secretaria Estadual de Saúde.

Ligue 188 – CVV


Iniciativa Elas SobreOTatame

Este texto faz parte do Elas SobreOTatame: uma iniciativa do SobreOTatame que aborda temas do universo feminino ao longo do ano, em textos, podcasts, encontros presenciais e convidados especiais. Tudo isso sob o comando da mulherada do site.

No segundo bloco, ocorrido entre abril e junho, a temática foi sobre Maternidade:

Cada bloco dura três meses, com uma temática escolhida. O primeiro foi sobre Prazer Feminino e Autoconhecimento. Durante os meses de janeiro a março, vários materiais sobre esta temática foram publicados:

O que te faz gozar, mulher?

“Você já é uma mocinha”

Podcast SoT EP01 – Do Luxo ao Lixo: experiências em apps de paquera

Tornando-me mulher com outras mulheres

Elas SobreOTatame entrevista Seane Melo

Joceline Conrado é psicóloga de orientação psicanalítica. Atua em São Luís como psicóloga clínica e no terceiro setor, na gestão e implementação de projetos sociais. É redatora e da área de planejamento no SobreOTatame. Se interessa por temas relacionados a gênero, psicanálise e questões raciais. Gateira e leitora compulsiva.

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