Do corpo à alma: o universo fotográfico de Marcelo Cunha [+18]

Marcelo Cunha é um dos grandes talentos da nossa ilha maravilhosa: um artista completamente apaixonado pela fotografia e tudo o que diz respeito à imagem artística. (Fotos: Marcelo Cunha)

Nota editorial: algumas fotografias do trabalho do Marcelo contém conteúdo voltado para nudez. Esteja avisado! 😉

A fotografia, segundo Marcelo Cunha, é sua extensão, faz parte da sua vida e tem sido uma das suas maiores dedicações atualmente. Em sua página do Instagram, o fotógrafo e artista disponibiliza alguns de seus trabalhos recentes, que seriam imagens produzidas através de ensaios fotográficos organizados em séries distintas, que funcionam como um processo de imersão artística entre fotógrafo e modelo.

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Quanto mais imerso nesse universo introspectivo os dois pertencerem, mais profundamente eles adentram nas séries estabelecidas ao longo de dez anos de trabalho, que vai do Naked, Vênus, até por fim chegarem ao grandioso Obscure Painting, que traduz todas as emoções instintivas produzidas pelo momento.

Séries essas que possuem cada qual uma identidade visual e processo próprio, que vai da delicadeza e suavidade dos tons terrosos que se mesclam com a sensualidade e voracidade feminina de suas personagens, ao universo de cores e texturas que despontam em meio a uma tela preta, traduzindo sentimentos, sensações, emoções, dores, angústias.

Suas fotografias nascem de dentro pra fora, e ele, o olho mágico que capta tudo isso através das lentes de sua câmera.

Autorretrato – Universe Creator, por Marcelo Cunha.

Sensibilidade, amor pela fotografia e dedicação traduzem o trabalho, em que ele é inteiramente comprometido com todo o processo de produção da imagem fotográfica.

Em entrevista ao SobreOTatame, ele nos conta um pouco sobre a sua trajetória, como a fotografia entrou na sua jornada e os rumos que ela vem tomando, chegando ao processo de desconstrução e imersão que as suas imagens propõem.

Você está pronto para mergulhar no universo de Marcelo Cunha e se despir de todas as suas camadas diante das suas fotografias? Segue, abaixo, nossa entrevista com o fotógrafo.

Autorretrato – Universe Creator, processo de imersão do fotógrafo nas experiências de seus ensaios fotográficos, por Marcelo Cunha.

SobreOTatame: Como você se descobriu na fotografia e em que momento ela começou a fazer parte da sua vida?

Marcelo Cunha: Bom, para começar, algo que ajudou muito a fotografia a fazer parte da minha vida foi o fato da arte me acompanhar desde criança. Já tinha um forte gosto por desenho e pintura, e meu grande apreço por tecnologia foi outro pilar. Se utilizarmos de três pilares, poderia dizer que o cinema me levou a escolha final. Eu vi o quanto era difícil fazer filmes, a dimensão dos recursos eram infinitos, e a fotografia me parecia um fragmento muito interessante sobre uma cena. Eu percebi que para fotografar só bastava uma câmera (geralmente muito mais acessível que as de cinema, principalmente na época) e meu olhar, que sempre foi, inclusive, bastante sensível quanto às artes visuais.

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Por volta dos 20 anos (hoje tenho 31), comecei a brincar com uma câmera power shot, essa que tenho até hoje como parte de uma pequena coleção, e na época, era apenas emprestada pelo meu pai. Em uma viagem para Fortaleza, eu fui sem querer descobrindo que realmente levava algum jeito pra isso. Uma cena que jamais me esqueço é de minha família e eu andando por Morro Branco e meu pai gritando “MARCELO, para de fotografar areia e vem fazer retrato da gente!“. Isso me marcou, pois já mostrava o quanto eu apreciava detalhes e não me prendia apenas aos registros. Eu andara pela paisagem e usava da câmera pra perceber melhor o mundo a minha volta, como até hoje o faço. Por isso, mesmo sempre que falo sobre a arte e sobre fotografia, eu as coloco como uma extensão de mim. Aquele Marcelo que fotografava os detalhes da paisagem não tinha grandes pretensões, mas parte do que ele sentia nunca deixou de existir. Mantenho-me fiel à convicção de que sem a arte e fotografia, eu jamais teria sentido tão intensamente a maioria das experiências que me ocorreram de lá até aqui.

SobreOTatame: Fale-nos do trabalho que você vem desenvolvendo na fotografia, um pouco da sua estética, das temáticas abordadas, aquilo que tu tens produzido.

Marcelo Cunha: Basicamente, os trabalhos que faço são muito instintivos, mas não consegui ignorar com o tempo certos padrões que, de novo e de novo, reapareciam. Com o tempo, eu os buscava a fim de sentir mais daquilo que eles me traziam em termos de emoção, e melhorá-los foi um processo natural, mas o mais importante sempre foi continuar sentindo. É um extenso processo de absorver as experiências da vida, compreender mais a própria existência e sentir a essência de tudo, depois retornar com algo que acredito que só eu posso dar, assim como o que cada um que arrisca também doa quando se arrisca dessa forma, e quando falo em risco, quero dizer com manter-se sincero ao ponto de se sentir nu. E aqui a descoberta de outra paixão, já que meus trabalhos mais importantes basicamente se formaram dentro de uma perspectiva do corpo sem roupa, ou minimamente tem alguma inspiração que parte desse princípio de se despir, seja física ou psicoemocionalmente.

Temos com isso o Naked, o Vênus e o Obscure Painting. Foram padrões muito bem estabelecidos ao longo dos anos (mais ou menos 10 anos) dos quais eu me comprometo em tentar realizá-los periodicamente a cada ano, nem que seja para manter o coração e a vontade pulsando ainda, levando em consideração certa dificuldade para encontrar as pessoas certas, vezes pelo teor do trabalho e insegurança das pessoas, outras pelo quão raro é certo perfil, ou a musa que causará a inspiração do próximo trabalho.

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Esses trabalhos têm uma base simbólica muito forte, flertam intimamente com a psicanálise e psicologia analítica, além de serem extremamente expressivos no âmbito da arte contemporânea, mas geralmente não são nada sem as musas (assim chamo as mulheres que fotografo, apesar de usar comumente o termo ‘modelo’), sempre que o faço, sinto que não é o suficiente, pois são as mulheres que inspiram cada um destes trabalhos. É algo que parte sempre delas, caso contrário, talvez eu estivesse até hoje fotografando barro (LOL).

Estes três trabalhos chamam sempre muita atenção, principalmente o Obscure Painting, que é o mais característico meu, muito provavelmente por conta de certa estranheza, parte bela parte obscura, que costuma causar nas pessoas. Mas, com o tempo, fui percebendo que havia outro padrão que se formava timidamente, pois apesar de sempre fazê-lo, os demais são sempre muito mais radicais e chamavam mais atenção, eles são muito mais óbvios, por assim dizer, enquanto alguns são bem mais tímidos. Toda vez que iniciava um ensaio mais complexo eu sempre começava com um aquecimento, mas muitas vezes esse ‘aquecimento’ já continha grandiosos detalhes e sentidos que a pessoa revelava apenas naquele momento. Era como se a câmera tivesse o poder de tirar vários véus que cobria a verdadeira beleza daquelas mulheres, e eu senti que isso não poderia ser ignorado e que merecia ter seu próprio nome e espaço. Apesar deu ter começado com esse tipo de foto ao clicar (o que anos atrás chamaria de modelos), eu ainda não possuía maturidade artística suficiente para compreender meus processos. Então eu fazia aqueles retratos (eu era conhecido como um tipo de retratista quando não criava e fotografava criaturas pintadas e obscuras), mas ao mesmo tempo não tinha um nome para esse trabalho. Foi aí que veio o Woman Portrait (veja galeria abaixo), que basicamente introduz qualquer ensaio, e é um momento para conhecer melhor a pessoa e seu jeito diante da câmera. Ela se solta com o passar dessa preliminar e o trabalho todo vai fluindo lindamente.

Especificando de maneira resumida, o Woman Portrait geralmente é a porta de entrada para os demais trabalhos. Ele tem como fim captar uma beleza mais desconstruída e orgânica da mulher, ou mais precisamente, ele próprio é usado como ferramenta de construção desse eu da beleza mais artificial e midiática, trazendo algo que por vezes costumamos esconder sem perceber.

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Depois temos o Naked (galeria abaixo), que é um passo a frente no sentido da libertação, e aqui trabalhamos muito com a expressão livre do corpo e tudo que ele pode nos trazer mesmo que em fragmentos. É um nu suave, mas que fala alto, ele expressa muito ainda dos nossos medos e fragilidades, geralmente é uma ponte entre os ensaios mais complexos e os mais simbólicos.

Se no Naked o corpo fala alto, no Vênus (imagens abaixo) ele grita, escandaliza, manda tudo ‘praquele lugar’! Sua força motriz é a libido. É o ensaio menos programado de todos eles, uma vez que ao trabalhar diretamente com o desejo sexual reprimido, ele precisa vir naturalmente.

Não se combina de fazer um Vênus, ou melhor, pode-se até combinar, mas o que fará ele existir de fato é algo que vai muito além de qualquer vontade. Ele transcende o nível consciente e mergulha muito mais fundo na mente primitiva, então não é pensado nem planejado, ele geralmente acontece. Mas claro que, se formos com uma mente predisposta, é como estarmos ao menos mais desbloqueados à entrar no estado de hipnose. A gente abre as portas para se deixar mais livre para percorrer por esses estados variados da psique, e utilizamos da arte nesse momento como um processo de prospecção dos próprios desejos. É como abrir aquele quarto escondido, quase sempre fechado, e jogar uma luz bem forte em seu interior, permitindo que descobrisse coisas incríveis a seu respeito e encontrasse sentidos ali, ou que já se perdera há muito tempo, ou que jamais imaginaria que ali existia.

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O Obscure Painting é o processo que dá continuidade a esse ritual. Geralmente, depois de passar pelo Vênus, a pessoa já está no seu estado mais primal e com instintos a flor da pele. Aqui temos um contato muito forte com nossa visceralidade animalesca, nós incorporamos vários ‘eus’ arquetípicos e é como se cada sensação desse forma a uma pele diferente. É o último estágio do rito de libertação onde a pintura é tudo aquilo que palavras não descrevem, de sentidos que provavelmente vem antes de qualquer linguagem, até mesmo ter existido.

Série O Obscure Painting, por Marcelo Cunha.

Essa segunda pele é como se fosse a pessoa do avesso, é todo seu interior juntamente com o meu, expostos em cores, texturas e densa expressão corporal. Geralmente, uso de fundo preto, pois é não só minha cor predileta, mas também representa para mim o sentido de vazio, um vazio com propósito de dar espaço para que as formas ‘se formem’, se mexam, se signifiquem. É apenas no vazio onde as coisas são capazes de existir, nele temos a oportunidade de construir qualquer coisa e qualquer imagem. E nesse caso, temos uma imagem simbólica vinda diretamente de nossos inconscientes, que se tornam visíveis nesse vazio, ou meio ao infinito preto, que além de tudo, dá um foco específico e irreal na imagem que toma forma. Essa imagem por sua vez está sempre em devir, eu a modifico constantemente também com algumas interferências da musa, além de tentar usar mais dos sentidos e da linguagem corporal, e menos fala.

Série Obscure Painting, por Marcelo Cunha.

Aqui a gente deixa sentir e começa a jogar, respingar, raspar e misturar até que não haja mais sentido. É, querendo ou não, um processo exaustivo em todos os sentidos estando por horas e horas entregue por completo a experiência, e também não deixa de ser compulsivo, onde milhares de fotos são feitas como parte do processo de investigação, e como evito a fala, o melhor é deixar sentir, se manter imerso e clicar sem se preocupar.

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O que rege esse momento é muito mais uma sinestesia, sinergia entre artista e musa, é o momento de abster-se do controle que sempre tentamos ter de tudo e de toda uma libertação muito maior da mente consciente e despreocupação de tudo, já que são fatores que carregam grande carga consciente e interfere diretamente no propósito da imersão. Acima de tudo, esse é espaço criado para nos manter alheios ao mundo e atentos a nós mesmos.

SobreOTatame: Eu sei que é difícil dizer isso, mas qual das tuas obras tu tens mais apego, qual delas tem uma significância, ou algo que se difere em algum aspecto?

Marcelo Cunha: A obra que mais tenho é um ensaio inteiro intitulado Universe Creator, que apesar de ter várias fotos, ele forma uma unidade que expressa progressiva e uniformemente. Foi um trabalho muito íntimo de auto-retrato, onde eu passava por momentos bem conturbados e de grandes transições, não só do presente, mas de alguma forma eu pressentia grandes acontecimentos.

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Um dia eu estava no mar quando me deu um estalo – ‘Eu tenho que voltar pra casa e fazer algo grandioso. Eu sinto isso e preciso fazer isso agora’. Então, voltei correndo (literalmente, eu e meu corpo cheio de sal, suor e inspiração), fiz uma pintura em mim toda com talco e maisena. Na época, eu tava com cabelos bem compridos e muitos quilos a mais. E foi perfeito para o conceito que surgiu, um corpo completamente desconstruído, era a tela perfeita para aquele trabalho. Eu fui fazendo e fui descobrindo algo muito forte dentro de mim, era um eu primitivo que jamais tinha vindo à tona e me surpreendeu em tudo. Me fez entender o que mais eu era além de todos meus medos, anseios, ilusões, frustrações, projeções e tudo que me distraía dessa minha forma oculta.

Na época, minha companheira ajudou a apertar o botão. Eu fazia a composição, luz e enquadramento e ela apertava, clicava, enquanto parecia que saía pó dos meus poros e tentava me concentrar ao máximo nas expressões. Eu nem precisava me mexer direito pra sujar tudo ao meu redor e foi uma das coisas mais libertadoras, expressivas e reveladoras que eu já fiz. Depois desse momento, eu entendi como nunca, a importância do ritual, e nesse caso, a grandeza do que é realizar o auto-rito. Fiz comigo algo que fazia com os outros, mas foi puramente de mim e para mim mesmo. Eram apenas os meus sentimentos com as minhas capacidades artísticas para expressar o que eu desconhecia, mas que seria o primeiro para quem seria revelado. A cada edição eu me impressionava mais e não só achei muito rico na estética toda, mas com certeza um dos trabalhos mais bonitos que tenho, mantendo-se um dos mais significativos que eu fiz até hoje, mesmo depois dos seus cinco anos.

O nome veio do conceito que se formou a cada observação, pois parecia que o universo se formava a partir do meu corpo, como se minha decomposição tivesse dando forma as estrelas e constelações. Então, o Universe Creator era basicamente a primeira criatura que antecedeu, o universo que se desfez em agonia por conta da eterna solidão que sentia. Isso explicaria, simbolicamente, não apenas um momento que eu passara, mas também uma ampla visão que permeava minha noção da existência como um todo. E bem, é com esse ensaio que gostaria de ter minha primeira exposição individual e já tenho algumas dessas imagens impressas em papéis com menos dois metros, estas que faltam emoldurar e imprimir algumas mais, são cerca de pelo menos 12 imagens que pretendo exibir. Tenho uma amostra bem grande na minha sala que tanto decora, quanto me inspira. E acho que é bem isso que eu quero fazer com a minha arte na vida das pessoas, tornando a vida delas mais bonitas e instigantes, saindo um pouco do vazio angustiante e indo de encontro com o vazio que permite possibilidades.

SobreOTatame: Quanto àquilo que te inspira a fotografar…?

Marcelo Cunha: Quem olha meu trabalho vê de cara que a mulher sempre me trouxe muita inspiração. Eu admiro toda a delicadeza do corpo e a força da mente, que geralmente encontro em cada uma que compartilha comigo seu íntimo. Com certeza não é só algo que me gera muita vontade de potência, mas que dialoga muito com meu lado mais sensível, que se por um lado se trava com a visão restrita de masculinidade, se abre na constante busca por liberdade nas essências da mulher.

A natureza e a música me inspiram muito também. Portanto, encontrei um jeito de unir ambas numa boa volta de bike pela praia enquanto escuto uma playlist feita exatamente para momentos introspectivos. O nome da playlist chama-se ‘[Ma] O Chamado do Vazio‘. ‘Ma‘ é um termo japonês que significa vazio, mas um vazio que permite com que as coisas ali aconteçam, tomem forma, e que está ali por algum motivo… percebem a semelhança!? Pois bem, conheci esse termo ano passado e tem tudo a ver comigo e meu trabalho, portanto as músicas que me levam a esse estado de Ma evocando sensações e instigando meus símbolos, são escolhidas a dedo, fazendo parte de um elemento crucial no aspecto imersivo que utilizo muito também nos ensaios, que é o estímulo auditivo. Em alguns trabalhos, utilizo essa playlist e nos mais densos eu ponho estilos específicos, como Witch House, Vênus e Obscure Painting, por exemplo, pedem muito por esse clima mais pesado, então dou a eles o que eles querem e esses sons conduzem a musa e eu para essa camada mais obscura das nossas mentes.

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Voltando à bike na praia, enquanto estou a caminho de lá, depois na própria praia e na volta para casa, sempre acabo tendo uma ou mais idéias bem boas ou bem malucas para anotar. Quando preparado, algo bem grande vai ocorrer novamente me surpreendendo. Foi bem assim que o Universe Creator deu seu primeiro suspiro dentro de mim.

Filmes também me inspiram muito é outro campo que amo e por isso também abracei a nova carreira como diretor, algo que veio antes de me descobrir fotógrafo, mas que só encontrou espaço para sair posteriormente a alguns conhecimentos prévios. Agora, já me sinto mais a vontade e preparado para exercer essa função, que por si só me abre os olhos para perspectivas sem fim do que eu posso fazer com imagem, e claro, com o som.

Uma das minhas primeiras artes foi a música, adoro compor aqui e ali alguma trilha que já já sairá em algum curta, seja meu ou de um terceiro, que inclusive (para minha alegria) foi requisitado recentemente.

Como arte é minha vida, eu acabo por me inspirar em quase tudo que me tome atenção e tenha sido feita verdadeiramente com o propósito de expressar algo único. A dança contemporânea dialoga tanto com meus símbolos, que eu não posso assistir uma sem estar preparado para anotar um monte de epifanias que com certeza surgirão. É como se o caos nas minhas idéias encontrasse nos movimentos a linguagem perfeita para dialogar com o caos que existe na minha mente. Então, lá no fundo, algo fica gritando querendo sair e eu vou tomando nota de tudo.

Fora isso, temos sentimentos mais pessoais, tristezas, geralmente momentos críticos, que fazem da arte também uma grande ferramenta terapêutica para mim. Utilizo dela para esse equilíbrio e ela usa de mim para tomar forma e é uma boa troca. Vejo-me fazendo-a enquanto viver e acho que ela espera de mim o mesmo. Então, enquanto houver inspiração, também haverá arte emanando de mim. Espero continuar inovando, instigando, inspirando, desconstruindo e transcendendo a mim e a quem eu tiver o prazer de compartilhar esses momentos tão particularmente únicos e transformadores.

https://youtu.be/hX4uhDOkic0
author
Formada em Letras pela UFMA, tem se dedicado nos últimos anos a duas atividades: estudar a poesia de Hilda Hist; e a estudar e atuar na área da fotografia. “Aleatória” de natureza, gosta de café sem dispensar um chá. Tem vários gatos, mas também um cachorro e várias plantas. Gosta de literatura e cinema na mesma intensidade que gosta de aquarelas, modelagem e, claro, de viver.

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