Documentário busca apoio para retratar comunidades indígenas do MA

Foto: Taciano Brito/Divulgação.

Ancestralidade ameaçada. Essas duas palavras representam o que vêm vivenciando, nos últimos tempos, os povos Guajajara e Awá-Guajá, no território indígena de Araribóia, localizado no município de Amarante do Maranhão, distante pouco mais de 500 km da capital do Estado, São Luís.

Os constantes conflitos com madeireiros fortemente armados e a necessidade de preservação das etnias e sua floresta sagrada são o mote do longa-metragem Iwazayzar – Guardiões da Natureza, um filme etnográfico que pretende denunciar os perigos que os indígenas do Maranhão estão sofrendo.

https://youtu.be/y6cuk7Re628

O longa está em produção há dois anos pelo fotógrafo e documentarista maranhense, Taciano Brito. Para finalizar o projeto, Taciano iniciou uma campanha de financiamento coletivo (a popular vaquinha) para conseguir realizar uma última viagem à terra indígena Araribóia, visando filmar o trabalho dos guardiões da natureza. A ideia de iniciar a vaquinha partiu da dificuldade em captar recursos para o projeto.

Os perigos eminentes

Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), os Awá-Guajá, por exemplo, são um povo de língua tupi-guarani. A população registrada é pouco mais de 400 pessoas, sem contar grupos que vivem isolados. Os Awá-Guajá são caçadores e coletores. Portando, a caça é a base da vida social dessa etnia. Isso faz com que florestas vastas e ambientalmente íntegras sejam extremamente necessárias para a reprodução física e cultural desse povo.

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O conflito com posseiros e madeireiros, que querem ocupar áreas e a explorar irregularmente os recursos naturais, tem sido o principal impedimento para que a etnia viva de forma tranquila, tendo a sua cultura respeitada no interior do Maranhão.

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Com o atual governo, as inseguranças dos povos indígenas aumentaram consideravelmente, tendo em vista que a mineração em terras indígenas vem sendo uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro (PSL), desde quando ainda era deputado federal. Na última semana, por exemplo, o governo federal finalizou a minuta de um projeto de lei que prevê a regulamentação da mineração nas terras indígenas.

Outra polêmica recente encabeçada pelo atual presidente foi o questionamento dos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que denunciou um aumento de 88% do desmatamento no país, no mês de junho, se comparado com o ano passado, e a sugestão de controle presidencial dos dados e diminuição da autonomia do instituto. Tudo isso afeta, diretamente, as comunidades indígenas que precisam da floresta para a preservação e reprodução de sua cultura.

O documentário

Acompanhando a rotina dos Guajajara e dos Awá-Guajá, o projeto Iwazayzar – Guardiões da Natureza pretende debater tais dificuldades e fortalecer a importância das comunidades indígenas maranhenses. O SobreOTatame conversou brevemente com Taciano Brito sobre a produção:

O que motivou a realização desse projeto?

Desde a primeira vez que fui há uma terra indígena, em dezembro de 2016, na aldeia Lagoa Quieta, local onde considero minha casa hoje em dia, fiquei apaixonado pela cultura, força e sabedoria do povo Guajajara. Diante de todos os problemas vividos por eles para manterem sua floresta e consequentemente sua cultura viva, resolvi levar a conhecimento mundial por meio do cinema essas problemáticas, na esperança que algo mudasse.

Como foi retratar a etnia Awa-Guajá?

O filme fala, principalmente, dos Guajajara, etnia da qual tive meu primeiro contato e me afeiçoei, a etnia Awa-Guaja é tratada no filme como mais uma grande preocupação por conta dos indígenas ainda não contatados que habitam aquelas terras.

Como tem sido a receptividade deles com relação ao projeto?

Sempre muito boa, empolgados com a possibilidade de levar essa luta a conhecimento de quem possa ajudar e felizes com os registros dos mestres anciãos que já estão para fazer a partida, sem haver a documentação de seus conhecimentos orais.

A questão indígena no Maranhão perpassa por situações delicadas como o conflito com madeireiros, como vocês têm abordado essa situação?

Através das histórias contadas pelos indígenas, de situações vividas nos monitoramentos da terra, através de imagens de celulares aprendidos nessas emboscadas em acampamentos ilegais.

Por causa desses conflitos, vocês se sentiram em perigo em algum momento da realização do projeto?

O momento de maior tensão será agora na última viagem de captação do filme, quando faremos uma jornada pela floresta de alguns dias com os guardiões.

Como tem sido a percepção com relação ao atual governo brasileiro, que tem posicionamentos bastante controversos com relação à comunidade indígena?

Medo e insegurança, sempre.

Por que vocês decidiram fazer uma vaquinha para o projeto?

Depois de muitas tentativas frustradas de conseguir captar recursos via editais, lei de incentivo, patrocínio direto, resolvemos tentar essa última cartada.

Caso arrecade o valor, as pessoas poderão assistir a produção quando?

A ideia é que seja lançando ainda no primeiro semestre do ano de 2020.

Para ajudar na vaquinha, clique aqui.

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Jornalista por paixão e formação; doutoranda em Jornalismo, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e mestre em Ciências Sociais, pela Universidade Federal do Maranhão (UFSC). Fascinada por imagens, lugares e pessoas. Feminista desde criancinha!

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