Duas décadas sem os Mamonas Assassinas

Lembro como fosse ontem: era uma manhã de sábado, clima ameno e acordei com a vizinha passando pela frente de casa chorando. Logo desci pra ver o que estava acontecendo e todos os canais estavam dando a notícia: Integrantes da banda Mamonas Assassinas morrem em acidente de avião.

Apesar de ter na época apenas 8 anos de idade e viver numa era pré-internet, quase tudo era motivo pra reunir os amigos da rua. Nossa maior diversão era ou pra jogar bola ou, simplesmente, sorrir de assuntos que só a infância pauta ou ensaios de paixões juvenis que davam suas pistas para a fase posterior da vida. Mas, infelizmente, a pauta daquela manhã era aquela banda que sorríamos e nos divertíamos ouvindo o CD ou a fita que tinha uns cinco caras que eram figuras e um enormes peitos – ou mamonas atrás deles.

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Um clássico de não pular uma faixa se quer. (Foto: Designbypatricia)

Lembro que sentamos tristes e tentávamos entender o que realmente estava acontecendo. Como assim aquela banda tão legal e divertida teve aquele final trágico? Como assim os caras simplesmente não estavam mais no nosso plano? Como assim literalmente esgotou para zero a possibilidade de ir em um show deles na vida?

Foram essas algumas das razões, apesar da pouca idade, que deixava triste aquele grupo da rua. Era uma galera que curtia tanto as canções com letras inteligentíssimas e humor para propagar sua mensagem e prever, naquela época, o cenário tão real do país nos dias de hoje, vinte anos depois.

História da banda

O Mamonas Assassinas era uma banda de Guarulhos, São Paulo, e, inicialmente, se chamava Utopia. Originalmente nasceu para tocar rock, mas logo descobriu uma maneira de brincar com músicas e colocar nelas suas influências, tirar onda com a cara das pessoas e se divertir no meio do caminho com músicas que tratavam de maneira real o cenário brasileiro e seus diferentes contrastes.

Além do conteúdo nas letras, as canções eram inspiradas em clássicos do mundo rock em uma mistura bem humorada e cômica que só eles conseguiam fazer. Eles misturavam baião com metal, e até brega com o vira (uma música tradicional portuguesa) e outros ritmos. Ou seja, eles procuravam misturar rock e sons regionalistas e o resultado era sempre incrível e pra entender só ouvindo (um vídeo com o CD inteiro está no final do textos).

Resultado dessa mistura e letras autênticas deu a banda uma visibilidade e destaque no cenário nacional. Os resultados foram turnês com shows, casas cheias e uma legião de fãs criou-se por onde o Mamonas Assassinas passava.

Certo é que hoje, 2 de março de 2016, já fazem 20 anos, vinte anos que os caras se foram. Foi uma carreira meteórica, porém extremamente significativa e com um legado que hoje é lembrado com carinho, nostalgia e que mostra que o Brasil é recheado de artistas de qualidade e serenidade em cada canto do território.

Não falando mal e cada um com seu gosto, mas em tempos de hits pontuais de sertanejos universitários, fica o recado para quem sabe o papel da música e o legado que ela é capaz de deixar e não mascarar os reais problemas que nossa nação sofre. Até porque, com a crise aí na nossa cara, um trecho de uma das músicas dos Mamonas Assassinas vem a calhar perfeitamente com o cenário da crise hoje no Brasil: “Money que é good nós não have“.

Abaixo um vídeo com as músicas do único CD deixado pelos caras:

Saudades Mamonas, obrigado pela breve passagem por aqui!

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Jonas Sakamoto é jornalista e diretor de fotografia. Atua em São Luís como produtor audiovisual, diretor e editor. Já produziu conteúdo para Imirante.com, portal PapodeHomem e, atualmente, trabalha como repórter na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). É fundador e editor-chefe do SobreOTatame.com e viciado em ciclismo.

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