Nos últimos três meses ando refletindo de como as influências externas podem modificar a gente. Para bom e para ruim. Como isso interfere no nosso modo de lidar consigo mesmo, no nosso modo de ver as pessoas e em nossas atitudes. Como pode ajudar ou atrapalhar nossas escolhas.
É claro que só há essa interferência se a gente permitir. Temos a escolha de abstrair ou absorver tudo àquilo que nos é dito e tudo aquilo que nos é feito. Mas para que seja realmente uma escolha, para discernir se agregamos ou descartamos, é necessário autoconhecimento. And that’s the point.
Eu, particularmente, tenho um defeito gravíssimo: deposito as escolhas da minha vida na mão de outras pessoas. Estão sempre me dizendo o que fazer, como eu devo ser, como eu devo me portar, agir, falar. Seja mais comunicativa, use mais maquiagem, faça jogo, seja indiferente, entre na academia, seja menos tímida, seja mais louca, seja menos, meu deus como você é lunática.
E embora por vezes isso me ajude a ter insights na minha construção pessoal, em geral isso só causa uma única coisa: o desencontro comigo mesma. Eu acabo deixando de dar credibilidade a quem sou, ao que eu acredito, ao meu modo de ver o mundo. E dando mais importância a como os outros são, em como ser de um jeito funciona para determinada pessoa: olha lá, parece dar certo ali. E o resultado final é que nem um nem outro acabam funcionando.
Primeiro, porque não dá pra agir de um jeito que eu não sou, não passa verdade, acabo vestindo máscaras. Segundo, que como na minha cabeça o “ser eu mesma” é uma maneira “errada” de ser, eu acabo não tendo uma autoconfiança, e minhas ações e decisões ficam cheias de inseguranças e dúvidas. Nos anulamos e a responsabilidade é exclusivamente nossa. Quando não permitimos nos ouvir primeiro, ficamos sem saber como agir, nos guiamos por perspectivas externas e as chances de um arrependimento são maiores.
Eu visualizo essa situação onde eu me encontro no meio de uma ponte feita de madeira e corda, que liga duas extremidades sobre um precipício. Eu não sei pra onde ir, só consigo ficar parada no mesmo lugar (fazendo as mesmas coisas, tendo as mesmas atitudes), estou com medo, pois toda vez que tento me movimentar a ponte balança.
Em cada extremidade tem pessoas gritando: “Venha pra cá. Não olhe pra baixo. Encare o precipício. Venha rápido. Vá mais devagar.” Eu sei, nenhuma delas querem para eu cair (ou talvez tenha aqueles que fingem), porém só eu posso entender e buscar o meu equilíbrio naquele caminho, minha melhor estratégia, o melhor lado. Afinal, vai anoitecer e elas precisaram ir embora, pois possuem sua própria vida e suas próprias necessidades.
Aos 24 anos, passo pelo menos a compreender que a principal voz que eu tenho que ouvir é o da minha consciência, da intuição. Aquela que diz “Confia, não há problema nenhum em ser compreensiva, se tu fazes isso com o coração”; “Confia, não há problema nenhum em se abrir com as pessoas, se tu fazes isso com sinceridade”; “Confia, você não precisa corresponder às expectativas de todo mundo, aceite seus defeitos”; “Confia, não há problema algum em querer ficar sozinha às vezes”; “Confia, você não precisa se encaixar em certos modelos convencionais, nem seguir regras, premissas, dá pra ser feliz da maneira que tu achas que deve, se tu acreditas nisso”; “Confia, aquilo que parece errado para alguns, pode ser o certo pra você”; “Não precisa fingir que não sente, quando sente sim”; “Entenda o que te machuca, passe pelo crivo do seu ser, e então se liberte disso”.
Moça, você não precisa ser diferente, apenas se conheça, acredite e confie. Levanta, escolha um lado que mais lhe parece, tenha força e siga em frente. Porque quando chegar lá, há muitas outras batalhas para você enfrentar.
Ingrid, isso foi sensacional, que pensamento simples e complexo ao mesmo tempo. Como podemos nos desvincilhar da opinião alheia se estamos imersos em uma sociedade? É difícil demais não ouvir todo mundo que nos cerca. 🙁