Elas SobreOTatame entrevista Seane Melo

(Foto: Thaisa Viégas / SobreOTatame.com)

O erótico, para mim, não foi o caminho de descobrir respostas, mas sim de começar a fazer muitas outras questões.

Seane Melo, Jornalista.

Seane Melo é Jornalista, escritora e doutoranda em comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), coordenadora de conteúdo da Iniciativa Mulheres que Escrevem e já escreveu um e-book chamado Ao vivo em Goiânia: quatro contos de patroa.

Aproveitando a temática Prazer Feminino e Autoconhecimento, que tem sido trabalhada pelo Elas SobreOTatame, chamamos a moça para um conversa no espaço Reocupa, e fluiu tão bem que perdemos um pouco a noção do tempo . O resultado vocês conferem abaixo:

Seane, conta um pouco como foi esse teu encontro com a escrita. Como foi se descobrir escritora?

Por incrível que pareça, esse é um tema recorrente nos encontros das Mulheres que Escrevem, iniciativa da qual eu faço parte. Porque as mulheres, mesmo quando elas escrevem, mesmo tendo uma prática, por exemplo, você escrevendo em um site, elas tem uma dificuldade de se  anunciar como escritoras. Então, é meio como sair do armário.

E não é que eu tenha me descoberto escritora, eu sempre escrevi. Mas eu estudei jornalismo porque eu gostava de escrever, tinha blogs… Mas, existia aquela questão de achar que a minha escrita não era boa o suficiente.

Eu não sei porque aconteceu essa virada de chave, mas houve um período e pensei: “bom, eu simplesmente quero escrever e não vou mais ligar para o que as outras pessoas vão achar do que escrevi”. Então, comecei uma série chamada Se eu tiver que falar sobre você, e era meio que eu mentalmente lavando a roupa suja de todos os boys com quem havia saído no último ano.

Comecei a publicar essa série no Médium, porque eu não queria que a minha mãe lesse, e ela acompanhava o meu blog. Publiquei e as pessoas começaram a comentar e a me tratar de outra forma. Tipo: a fulana é uma escritora maranhense, e no começo a gente até se assusta. Até que eu conheci a Estela Rosa e a Taís, que são as Mulheres que Escrevem, e aí falei: “é, eu tenho que começar a falar que eu sou. Acho que o primeiro passo para se descobrir escritora é falar: Eu sou escritora!”.

(Foto: Thaisa Viegas / SobreOTatame.com)

E a literatura erótica, como começou?

Eu fico parando para pensar nisso, porque eu não sei a resposta. Acho que o meu primeiro contato com a literatura erótica foi no ensino médio, mas longe de escrever. Eu ficava lendo os livros que o meu irmão comprava. Ele conseguia fazer meu pai comprar livros eróticos com a desculpa de que ele iria ler.

Eram os livros bem, bem caretões, com uma capa fofinha, nada sugestivo, por exemplo. Cem escovadas antes de ir pra cama foi o primeiro livro realmente erótico que li, e depois O Doce veneno do Escorpião, da Bruna Surfistinha. Eu li esses livros e, na verdade, achava muito ruim, ficava frustrada.

Existia aquela curiosidade de adolescente, saber o que de tão diferentão teria naqueles livros eróticos, mas também achava tudo muito tipo ah, é isso? . Eu acho que, de certa forma, mesmo ficando frustrada, eu continuei gostando desses livros. Até que chegou um momento em que eu descobri, acho que na revista Piauí, uma resenha do livro Pornopopeia, do Reinaldo Moraes. Eu li esse livro e fiquei: “Caralho isso é muito bom, isso é literatura de primeira!“. E eu me apaixonei por esse universo da literatura erótica, que gosto de chamar hoje de literatura erótica clássica.

E aí eu fui ler Bataille, a História do Olho. É um livro muito dentro da psicanálise. Ele é muito louco. É um livro erótico que foi feito depois de um ano de análise do Bataille, então tem lá umas transas doidas. E no final ele até explica o que é cada coisa. Por exemplo, “ah, essa parte dessa transa aqui é porque eu estava lembrando do meu pai“. Ele não é um livro com tanto sexo, não tem tantas cenas de sexo pornô mainstream clássico.

Eu me apaixonei por essa literatura e achava incrível, só que mesmo gostando de escrever, tudo que eu escrevia ainda era muito “ah, quero pensar os relacionamentos“, nada era pensando nossa, “vou escrever uma putaria muito louca“, porque os caras que eu lia escreviam putarias muito loucas, exacerbadamente loucas. Até que um dia eu escrevi, ficou horrível e eu falei que nunca mais iria escrever nada disso.

Não é igual a descrever uma transa?

Não é igual. Fica muito falso, parecendo uma novela mexicana. Ainda mais quando você está tentando escrever o que os caras escrevem. Tem sempre uma tensão sadomasoquista, alguma coisa de poder. Eu engavetava os textos, algumas coisas eu pensava que seriam legais escrever, mas fui deixando.

Teve um livro que me incentivou muito, o “Não foi bem assim”, do Rafael Zanato. Ele é meu contemporâneo, se publicou pela editora que ele criou, a Canhoto. Eu descobri que o livro foi criticado: chamam o personagem de machista. E é um personagem que não passaria hoje, com as nossas problematizações. Mas eu acho brilhante como exercício de literatura, é um personagem muito fiel, do nosso tempo, universitário do prédio de letras, uma pessoa comum.

Na época que li, eu ainda morava em São Paulo, e era muito engraçado que os lugares que o personagem frequentava, eram lugares que eu frequentava com os meus amigos, então tinha aquela proximidade absurda de “nossa, esse lugar é exatamente assim”. Dava uma alegria muito grande essa identificação. Aí, eu falei, “e se eu tentasse fazer o que esse cara faz, e se eu tentasse escrever um erotismo não do Bataille com psicanálise e tudo mais, mas o erotismo de uma mulher como eu, que pode inclusive ser um não erotismo?” E também pensei: “e se eu tentasse escrever uma maranhense nos lugares do Maranhão?” Na minha cabeça, todos meus personagens são maranhenses, mas fica um pouco diluído espacialmente, mas o meu primeiro conto erótico se passa no Veneto…

(Foto: Thaisa Viegas / SobreOTatame.com)

Tu achas que escrevendo literatura erótica clássica, é possível ressignificar o pornô que submete a mulher? Como é que tu imaginas a diferença entre essas mulheres, a do pornô tradicional e a da literatura clássica?

Ressignificar essa mulher é o que eu tento fazer. Meu objetivo de vida escrevendo literatura erótica hoje em dia se transformou realmente numa militância para mim, uma militância não só feminista, mas uma militância também pelo erotismo. Porque as coisas andam num nível esquisito. É o que eu quero, mas é um desafio. Eu não tenho uma resposta, como, por exemplo, “ah, eu estou ressignificando a mulher fazendo isso e isso”.

O que eu comecei a fazer foi, a minha personagem é a protagonista, e existem muitas protagonistas no erotismo clássico escrito por homens. Elas são predominantes e isso em si não é uma subversão desse gênero literário, mas a minha personagem ela é uma mulher que, para mim, o que importava era que eu conseguisse me ver naquela personagem, porque tinham vários personagens que eu não conseguia me identificar, como é a personagem do pornô tradicional: ela está aqui sentada no quarto dela escrevendo no diário e aparece um homem e ela fala, “vou transar”, ou chegam dois homens e aí já é um ménage e vamos lá. E quando o personagem masculino chegar numa festa, já é suruba.

Então, tem a mulher do pornô clássico, e ela é uma mulher extremamente disponível que está sempre topando, e eu pensava que era legal como uma fantasia, porque algumas mulheres gostariam, inclusive, de ter várias daquelas experiência, não é pra ser julgado, mas eu em várias situações me sentiria cansada. Então, pensei que eu poderia ter uma personagem mais complexa, uma personagem que pensa, no sentido de ter vontade própria.

E hoje, depois desse percurso com a escrita e com a literatura erótica, tu consegues dizer que isso te auxilou no teu processo de autoconhecimento?

Deixa eu pensar porque essa pergunta é pela primeira vez… Uma coisa que eu sempre tenho que falar para os meus amigos é que escrever literatura erótica esta completamente dissociado de transar. Inclusive, eu falo, os períodos em que eu mais escrevi, e escrevi freneticamente, tenha certeza, meu amigo, eu não estava transando com absolutamente ninguém, porque eu não tinha tempo para isso.

Chegava em casa do trabalho e ficava lá escrevendo: passava uma semana editando cada texto, porque não é tão rápido assim, de só escrever. Tem que ficar maturando as coisas. Mas eu acho que escrever e pensar a literatura erótica e, principalmente, pensar isso como um posicionamento da mulher, um lugar que tem uma potência, me fez ter uma urgência de pensar melhor sobre a própria forma como eu pensava o meu prazer.

Teve um livro que li, não faz muito tempo, chamado Teoria King Kong, da Virginie Despentes, uma francesa. Esse livro foi uma porrada na minha cara, porque eu sempre fico numa dualidade de querer escrever uma mulher real, uma mulher que nem sempre quer transar, mas ao mesmo eu tinha muito medo de colocar a mulher nesse lugar de “a mulher não quer transar tanto” e, ao mesmo tempo, todas as experiências que eu tenho são heterossexuais, então existia muito medo de estar reproduzindo um erotismo extremamente falocêntrico.

Eu sempre estava com essas questões e a Despantes, ela é uma autora que vai convocar as mulheres a se tornarem mulheres King Kong, por exemplo, você nunca vai ser a loira do filme, você é o King Kong e tem que descobrir a sua própria virilidade.

Então, eu acho que, não é que eu tenha descoberto algo em mim, eu ainda estou descobrindo, porque é um caminho gigantesco. Mas o bom, e acredito que isso é bom, é ter questões. É o que pode te levar pra algum lugar. Não são as respostas, são as questões.

E o erótico, para mim, não foi o caminho de descobrir respostas, mas sim de começar a fazer muitas outras questões.


Seane Melo, Jornalista.

O ElasSobreOTatame está trabalhando os temas Prazer Feminino e Autoconhecimento. Eu queria saber o que a Seane pensa sobre o prazer feminino e como vivencia isso?

Eu deveria estar preparada para essa pergunta… Mas, uma coisa que tenho vivido e que está cada vez mais forte, e aprendi com a Virginia, em Teoria King Kong, é que eu tenho que ser responsável pelo meu prazer, eu não posso esperar que outra pessoa seja o lugar desse prazer e isso serve para homens e mulheres; e nem é só a masturbação. O ser responsável é você procurar, ir atrás e descobrir, porque não existe um caminho para o prazer feminino, não existe um faça isso e você chegou ao prazer.

Acho que a gente tem muitas formas de sentir prazer e talvez pouco convencionais. Eu sou bem heterossexual, então eu sou a pessoa careta na história, e com certeza existem pessoas no mundo vivendo isso como uma realidade, mas essa coisa da virilidade, de começar a pensar uma virilidade feminina, para mim, é o segredo para eu ter começado a falar, cara, “eu não posso esperar encontrar o cara que vai saber me enlouquecer”.

Isso é uma coisa que até me incomoda nos meus contos. A minha primeira personagem, a Vanessa, o plot da história dela é: uma mulher de 25 anos, que quer transar, mas não consegue criar intimidade com os homens para conseguir se sentir satisfeita. Intimidade era uma coisa importante, mas ela queria ter uma vida sexual que satisfizesse ela e isso é frustrado. Ela vai pulando de cara em cara esperando que uma hora ela vá encontrar o cara que saiba meter, chupar e tudo mais.

E aí eu comecei a pensar que nunca vai dar: o prazer a gente tem que descobrir sozinho, é uma descoberta nossa. Eu até poucos anos não consumia pornografia audiovisual, eu falava que não conversava comigo, e hoje em dia eu quero que exista um pornô para mim. Eu sou total aquela feminista que não é contra a pornografia.

E o que tu acha dessa pornografia que é vendida em sites como XVideos?

Acho que pornografia é pornografia, eu chamaria o que escrevo de pornografia, por exemplo. A galera faz uma distinção meio moralista e até de qualidade estética, e criam esses nomes.

Mas, enfim, pornografia é pornografia. Eu não gosto de saber que as mulheres sofrem, que é um mercado terrível, não gosto de saber das barbaridades que acontecem para que exista esse tipo de produção, mas ela não vai acabar. Então, regulamenta e se apodera. Eu sou muito aquela que diz: “vamos no apoderar da pornografia”.

Quando eu comecei a consumir pornô foi com a Erica Lust, e eu rachava com as minha amigas a assinatura do XConfessions, porque é divertido, vira uma brincadeira. Uma coisa que eu via os meus namorados fazerem, eles sabiam o nome da atriz preferida, e agora eu tenho meu ator preferido. Acho que nada obsessivamente, mas por que a gente não pode circular por esses espaços e descobrir o que a gente gosta? É um percurso muito longo. E eu acho muito bom ver mulheres se tornando responsáveis pelas suas vidas sexuais.

Até agora nós falamos sobre a Seane, e quando tu pensa no leitor, o que tu espera que ele absorva da tua escrita?

Cara, é  muito difícil pensar o leitor no erótico. Eu, enquanto leitora de erótico, sei que é uma coisa muito pequena que me excita, porque tem isso no erótico. É uma literatura que tem o propósito de excitar, só que, duvido que alguém escreva com esse propósito, mas ele causa esse efeito.

Eu não escrevo pensando em como eu vou excitar alguém, por exemplo, “ah, essa parte vai ser excitante”. Vou comentar um trabalho que vai ser publicado agora, ele não é uma história erótica strictu sensu, tem pouco erotismo. Não é aquele sexo pra te excitar. Mas, num dado momento, para que a história funcione como eu quero, o leitor tem que olhar e me falar que essa é uma relação boa, um relação gostosa e incrível.

Então, eu espero alguma coisa do meu leitor e escrevo algumas coisas pensando no meu leitor. Quando eu dou uma embelezada em alguma coisinha é porque eu espero que ele mergulhe naquilo comigo. Existe uma expectativa, mas quando eu converso com as pessoas que leem, elas sempre trazem pontos muito diferentes. Então, em absoluto, eu não controlo como as pessoas leem as coisas. E a leitura é isso, é você reescrever aquela história a partir do seu repertório

Como foi a construção do Ao Vivo em Goiânia e o que vem por aí?

O Ao Vivo em Goiânia foi em 2017, quando comecei a escrever o meu primeiro romance que vai sair esse ano, que é o Digo eu te amo para todos que me fodem bem.

E aí como é um processo um pouco mais lento, eu cheguei num ponto em que eu estava super frustrada. Aí fui num retiro de escrita, olha que chique, e fui pra Mambucaba, uma praia maravilhosa no Rio de Janeiro. Fiquei lá tentando desengatar, conversando com as meninas, fazendo um brainstorming de contos eróticos.

E aí, no ônibus quando eu estava voltando do retiro, achando tudo que eu tinha escrito muito ruim, estava escutando Mayara e Maraísa cantando o show completo e me veio aquele pensamento: “cara, Mayara e Maraísa escreveram contos eróticos melhores do que qualquer coisa que eu escrevi nesses últimos dias“.

Eu fiquei pensando nisso e sorrindo. Foi quando pensei, “ah, quer saber eu poderia escrever esse conto que elas estão contando aqui“. Então, eu cheguei em casa, e como uma boa geminiana, eu demorei um mês só para conseguir escolher as músicas. Foi o mais difícil: não conseguia e tive que fazer pesquisa no Twitter, e foi pela enquete mesmo.

E aí eu escrevi esses contos e lancei muito na doida, porque só queria ver uma coisa tomando mundo. Fiz tudo meio sozinha porque não sabia como era o processo de lançamento de um e-Book, eu descobri que poderia ser muito simples e fiz basicamente tudo no World, pedi pra um amigo fazer uma capa e botei o negócio no mundo.

Foi uma experiência muito boa que me abriu portas. As pessoas começaram a acreditar que eu realmente estava apostando naquilo, em escrever e tal, então eu comecei a ser respeitada. Pessoas do mercado editorial ficaram sabendo porque o livro ficou em primeiro lugar por dois dias e durante uma semana entre os mais vendidos da Amazon. Foi um resultado que nem eu esperava, mas também teve zero resultado financeiro, eu teria que vender milhares e não centenas.

Então, essa é a história do Ao vivo em Goiânia: são quatro sertanejos que foram adaptados para virar contos eróticos. Pra mim era mais uma brincadeira, uma coisa divertida e, em algum momento, eu queria mostrar para Maiara e Maraísa, ainda não consegui, infelizmente.

Depois disso, eu continuo escrevendo o “Digo Eu Te Amo”, e comecei o “Oi, sumido”. Porque realmente aconteceu comigo uma história de Ghosting, e aí eu falei que precisava colocar isso em história, ele passou na frente do outro. Fiz ele num National Novel Writing Month, que é um desafio para você escrever um romance em novembro.

Eu, bem doida, estava um pouco livre do doutorado, me programei para ficar em novembro escrevendo um romance loucamente. Decidi fazer isso com “Oi, Sumido”: comecei a escrever, mas não consegui escrever um romance, ele é um livro incompleto. Quando eu estava escrevendo, uma editora me procura, diz que gostou dos meu textos e que eu enviasse o que tivesse para eles, fui lá e mandei o “Oi, sumido”, e aí pessoa responde: Não, mas me falaram que tu escreve erótico, então eu enviei o que tinha do “Digo eu te amo para todos que me fodem bem”.

Nas minhas férias, eu sentei e terminei de escrever, e fiquei segurando ele o ano passado inteiro. Ele vai sair esse ano por outra editora, que é a Quintal. Então, eu tenho o Digo Eu Te Amo…, com a Vanessa que é minha grande personagem do erótico. Porém, meu livro ainda não é considerado erótico, porque durante muito tempo o erótico foi escrito e definido por homens, e tem que mudar um pouco essas definições, mas ele está na categoria romance hot., um meio termo.

E, em março, eu vou publicar um novo e-book, que também foi começado ano passado. Eu já tinha publicado um conto dessa história na revista de um amigo, percebi ela como uma história com bastante potencial e desenrolei no e-book que vou lançar agora, que é O primo de aziz.

Nota: Stricto sensu é uma expressão latina que significa, literalmente, “em sentido específico”, por oposição ao “sentido amplo” de um termo. No âmbito do ensino, se refere ao nível de pós-graduação que titula o estudante como mestre ou doutor em determinado campo do conhecimento. (Fonte: Wikipédia)

Joceline Conrado é psicóloga de orientação psicanalítica. Atua em São Luís como psicóloga clínica e no terceiro setor, na gestão e implementação de projetos sociais. É redatora e da área de planejamento no SobreOTatame. Se interessa por temas relacionados a gênero, psicanálise e questões raciais. Gateira e leitora compulsiva.

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