Cultura é um elemento vital na sociedade. E para falar isso com propriedade, conversamos com a Imira Brito, ela que é produtora cultural, filha de artistas e uma das responsáveis pelo Laborarte, espaço independente de cultura e arte de São Luís. Em um papo simples e tranquilo, ela compartilhou sua experiência e como ela acredita que a cultura tem a capacidade de mudar e salva vidas.
Sobre O Tatame: O que a cultura e a arte podem ajudar na vida das pessoas? Em tua vivência, quais mudanças tu já presenciou?
Imira Brito: A cultura e a arte podem ajudar a vida das pessoas. Desde trabalhar a timidez, a dificuldade de se relacionar, ao convívio social, a compreender o outro, de se posicionar em meio a sociedade e no meio familiar. Pode tratar depressão e a baixo autoestima. A arte pode transformar, todo uma pessoa e seu entorno, a ela e todas suas relações.
Nessa minha vivência com arte eu já presenciei adolescentes que tinham tendências depressivas, sensação de deslocamento e sentimento de revolta, e, quando se aproximaram da arte, conseguiram pelo menos se transformar, ao compreender a si e suas dificuldades, pra sair daquela situação. Eu conheci gente que não tinha perspectiva de vida e que hoje trabalha com a arte.
Sobre O Tatame: O Laborarte é um espaço de fomento da cultura, o que o espaço já proporcionou para a cultura local?
Imira Brito: O Laborarte tem 45 anos, e tem muita gente no meio artístico que passou pela casa, sendo a primeira porta na área da arte, dando início a disseminação da arte pela cidade. Tem muitos artistas que tem carinho, uma gratidão muito grande, porque o Laborarte foi seu primeiro contato na arte.
Tem também a disseminação de algumas manifestações. O tambor de crioula na década de 80 foi o Laborarte que iniciou um trabalho com oficinas, e que propiciou tudo isso. Porque no passado essas manifestações eram vistas como marginalizadas, e hoje o tambor de crioula é um patrimônio imaterial. Tirou-se esse véu da ignorância e da marginalização das pessoas que trabalham com cultura. Disseminou também o Cacuriá, que hoje todo mundo conhece, mas o Laborarte juntamente com Dona Teté que foram os disseminadores dessa manifestação que é recente, nova.
É um espaço também onde as pessoas do meio artístico estão sempre debatendo as questões culturais, discutindo políticas públicas.
Sobre O Tatame: E por fim, São Luís é uma cidade com uma pluralidade cultural notória, qual o principal desafio do artista e como o público pode contribuir para esse movimento?
Imira Brito: O principal desafio do artista é a valorização do seu trabalho, como fazer isso e quanto o público pode ta contribuindo para tanto.
Em São Luis temos uma prática de não querer pagar por programações locais. O público sempre quer acessá-las mas não quer pagar um valor de entrada, ou comprar aquele produto, adquirir. Eu não sei o que as pessoas entendem como um artista pode viver de arte, sendo que a moeda hoje que se trabalha no mundo é a do dinheiro. Ele estuda, ele ensaia, ele trabalha muito pra chegar naquele produto. Então, é necessário que exista uma moeda de troca, que permita ao artista viver da arte. O público pode ta contribuindo com essa arte a partir do momento que ele dá o devido valor, que ele adquire o produto, que compra o ingresso.
A Imira Brito será um dos palestrantes do TEDxRuaPortugal que ocorrerá no próximo de 11 de março no auditório Maria Izabel Rodrigues, na UNDB a partir das 14h.
Com o tema “Propósitos que Movem”, o evento contará com histórias e projetos que estão mudando vidas e concepções em São Luís e no Brasil.
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