“Fagulha”, novo single de Samile: um recomeço na vida e na música

(Arte: Pedro Henrique/Divulgação).

Fagulha: partícula incandescente
que se solta de um corpo em brasa;
centelha, faísca.


Eu estava a caminho do serviço quando recebi uma mensagem de Samile: era um áudio. Ansioso, como sempre, dei o play, encostei a cabeça na janela, respirei fundo e imergi, como quem mergulha para esquecer o mundo por alguns segundos.

A atmosfera era algo diferente do álbum Então se Entoa. Tinha um violão brilhoso, a voz suave, um acordeon marcante e um coração em paz. Sempre que ouço a música novamente, percebo que em algumas passagens fica evidente o riso escancarado. O mesmo sorriso que ela solta quando ouve seus trocadilhos prediletos.

Logo se passou um filme na minha cabeça. O amor é uma coisa engraçada, ele se antecede a uma troca de olhares amigáveis num bar no centro da cidade, depois troca mensagens no Instagram e se transforma em um beijo atrapalhado no show da banda favorita.

É quando Drummond sussurra:
“Carlos, sossegue, o amor é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe o que será”.

Fagulha, o single, trata de um coração medroso que, de tão ermo, ficou frio. Não suporta e nem quer novos habitantes, até que um dia por descuido ou por coragem excessiva, ele recita uma letra, grava uma melodia e bate uns beats estranhos, quase uma arritmia, mas que parece festa para quem acostumou com o silêncio.

“Cada fagulha de amor
é bem-vinda nesse coração frio,
não me contento a não sentir,
vou descongelar virar rio”.


O single poderia ser facilmente trilha de um romance intenso que, com a licença de Moraes, foi eterno enquanto durou. Nesses casos, não há porque carregar culpa ou procurar culpados, essas coisas acontecem e vão continuar acontecendo. Algumas vezes, a eternidade esbarra em rugas, outrora em feridas, ou então, só vai dormir mais cedo.

A produção ficou por conta de Memel Nogueira, um mago dos instrumentos de corda que agora se diverte tocando sanfona. Essa é a primeira canção de algumas outras que serão lançadas no novo EP da Samile Araújo.

A capa é um projeto de colagens que eu venho desenvolvendo timidamente. Espero que gostem (Samile, obrigado pela confiança).



Dito isso, eu, Pedro Henrique, quero me despedir por algum tempo – ainda meio indefinido – das atividades do site. Prometo que, sempre que puder, vou colaborar e fazer o possível para manter contato. Entrarei por aí em alguma outra dimensão com o fusca e vou buscar novas indicações de bandas para vocês. Até lá, se cuidem, bebam bastante água, evitem canudos de plástico e amem uns aos outros. Isso é super importante, não deixem de acreditar no amor: ele é o combustível gratuito e mais potente do mundo.

Equipe do Sobre o Tatame, continuem na missão de vocês, o caminho é longo e tem muita coisa linda para vocês trilharem. Eu estou super orgulhoso de tudo isso aqui e volto assim que eu encontrar a fenda espaço-tempo que eu cavei no fundo do quintal.

Câmbio, desligo…

Designer de madrugada, Diretor de arte a tarde e músico nas horas vagas. Provador oficial de suco de uva integral, Pedro é um guri que desce a rua aos domingos num fusca 86 bege para fazer slack na praia. Idealizador do Instante Perdido e o filho mais novo do Sobre o Tatame.

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