Festival ELAS: atitude e representatividade em sete falas

Publicação da Joceline ConradoIngrid Garcia e Viviane Mendes

Foram três dias de emponderamento, representatividade e voz do universo feminino.
Foram três dias de emponderamento, representatividade e voz do universo feminino.

O Festival Elas ocorreu entre os dias 20 e 22 de julho em São Luís, Maranhão. Realizado por Mavi Simões, o evento trouxe como front o tema Poder Feminino, mulheres ocupando todo o espaço do Convento das Mercês. Produção, feirinha, food trucks, rodas de conversa e palco. Mulheres por todo lado. Representatividade máxima.

Circular pelo evento e perceber que se a proposta do festival era tornar real a potência feminina como frente protagonista, foi exatamente o que aconteceu. A escritora Clarissa Estés, no livro “Mulheres que Correm com os Lobos”, diz que “todas nós temos anseio por ser selvagens” e essa é uma definição pertinente para as apresentações do palco principal, selvagens! Com performances gritando resistência ao que não nos serve mais.

Estivemos por lá e vibramos com a grandeza e beleza do evento, que exaltou o feminismo e a liberdade das mulheres, que ocupam cada vez mais os espaços culturais. Ocupação linda!

Nosso modo de trazer ao público a relevância desse evento, foi ouvindo e dando voz a essas mulheres que participaram e produziram o ELAS. Abaixo compartilhamos falas que representaram esses dois dias protagonizados por mulheres.

 

Mavi Simão – Idealizadora do projeto

Mavi Simão no palco. (Foto: Laila Razzo)
Mavi Simão no palco. (Foto: Laila Razzo)

“O grande objetivo do festival é justamente esse, reunir mulheres que acreditam que podem, é o poder no sentido de “acredite que você pode”. Todas as mulheres que estão aqui, que estarão no palco, acreditam e vivem do acreditam. O desejo de fazer uma catarse e explodir esse desejo de poder por todos os lados.”

Áurea Maranhão – Atriz e cineasta 

Áurea Maranhão durante sua performance no palco. (Foto: Laila Razzo)
Áurea Maranhão durante sua performance no palco. (Foto: Laila Razzo)

“Esse festival, assim como outros festivais que mobilizam a arte e principalmente a arte das mulheres, precisam acontecer exatamente nesse momento político que estamos vivendo, onde só se proclama o ódio, onde prevalece a disputa por poder. E já que somos nós mulheres quem colocamos toda essa cambada aí no mundo, precisamos refletir como educamos nossos filhos, como criamos essa ‘marmanjada’ para que eles não virem um bando de escória. O ELAS veio pra mostrar a cultura feminina, as performances, a música maranhense e sobretudo o feminismo e é disso que o Maranhão precisa: conhecer essa realidade e dar voz às mulheres”.

Camila de Oliveira – Participante do evento

Camila (a direita) com amigos no ELAS. (Foto: Arquivo Pessoal)
Camila (a direita) com amigos no ELAS. (Foto: Arquivo Pessoal)

Participar do festival foi uma experiência engrandecedora. Experiências como essas são mais que necessárias, diante do que temos vivido. Fomos representadas, ouvidas e percebidas, o que nos trouxe a sensação de pertencimento e integração com o que foi feito aqui. O festival veio pra dar voz. O movimento foi lindo. Vida longa ao ELAS”.

Rosa Reis – Artista e cantora

Rosa Reis durante sua apresentação. (Foto: Laila Razzo)
Rosa Reis durante sua apresentação. (Foto: Laila Razzo)

“Temos mulheres em vários segmentos e é importante que existam projetos voltados para esse público. Ainda há certo preconceito com a valorização, principalmente a mulher negra, ela ainda tem um espaço restrito, mas as mulheres, como um todo, são muito fortes na área cultural e isso já é muito valioso”.

Cris Quaresma – Produtora

Cris Quaresma, produtora do evento. (Foto: Viviane Mendes / SobreOTatame)
Cris Quaresma, produtora do evento. (Foto: Viviane Mendes / SobreOTatame)

“O Elas significou ousadia a cima de tudo, conseguir tirar do papel um projeto tão difícil. Ousadia em trazer as artistas. Representa ainda um momento importante para cultura Maranhense, porque estamos tratando com bandas formadas por mulheres e podemos dizer que isso é resultante desse agrupamento, dessa união. Culturalmente fomos tolhidas dessa união também, e é importante exercer isso, e aqui estamos fazendo essa união entre mulheres, seja na produção, seja na direção artística, sororidade na prática”.

Mila Camões, Tassia Campos e Camila Boueri – Show 1,2,3

Mila Camões, Tassia Campos e Camila Boueri. (Foto: Viviane Mendes / SobreOTatame)
Mila Camões, Tassia Campos e Camila Boueri. (Foto: Viviane Mendes / SobreOTatame)

“O Elas foi mais um espaço em que mulheres se apresentam como artistas, como seres humanos, como pessoas. A criação de espaços, mesmo que em determinados períodos do ano é importante, porque investir em cultura, investir em mulheres é fomentar a nossa força produtiva, e mais ainda, é tirar um pouco o peso das negações que tivemos ao longo da história. Vindo de um golpe que tivemos, com uma mulher sendo deposta de um cargo máximo, é muito pertinente que cada vez mais esses lugares sejam ocupados por mulheres”.

Nathalia Ferro – Cantora

Nathalia Ferro, cantora e compositora. (Foto: Viviane Mendes / SobreOTatame)
Nathalia Ferro, cantora e compositora. (Foto: Viviane Mendes / SobreOTatame)

“Acho que o festival foi uma iniciativa que é do tempo, tem acontecido em vários lugares do país, esse tipo de trabalho. Unindo mulheres, formando essa rede de colaboração e contato. A causa das mulheres e a luta delas é a luta primordial da minha vida. Porque eu sou mãe, sou filha e sou ser humano. A história do patriarcado é a luta do mais forte contra o mais resistente e nós mulheres estamos existindo e reagindo desde que o mundo é mundo”.

BÔNUS: Relato compartilhado pela Nathalia Ferro em seu Facebook:

 


Veja abaixo algumas fotos feitas pela Joceline Conrado e Viviane Mendes nos dois dias do evento:

Em março fizemos um material voltado para elas, um documentário especial do dia da mulher.

E para você, o que é feminismo? E como podemos dialogar mais na luta pela igualdade de gênero?

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Joceline Conrado é psicóloga de orientação psicanalítica. Atua em São Luís como psicóloga clínica e no terceiro setor, na gestão e implementação de projetos sociais. É redatora e da área de planejamento no SobreOTatame. Se interessa por temas relacionados a gênero, psicanálise e questões raciais. Gateira e leitora compulsiva.

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