A paraibana e vencedora do BBB 21, Juliette (Foto: Reprodução/Globoplay).
Você já parou pra se perguntar por quê a música “Dona Cila”, da Maria Gadú, também viralizou no decorrer da 21ª edição do Big Brother Brasil? Bom, eu me perguntei porque sou uma fissurada por música e tudo nesse campo me interessa.
De pronto me dei conta que a música surgiu da boca de Juliette num momento onde ela homenageia a irmã mais nova que faleceu. Depois de viralizar “Deus Me Proteja”, do Chico César, a paraibana conseguiu colocar entre as mais ouvidas uma música sobre elaboração do luto que data de meados de 2009.
A pergunta é: por quê?
Se teve um sentimento que atravessou os corações dos brasileiros desde o anúncio do primeiro óbito por COVID-19 no país, esse foi o do luto. Luto pelo parente perdido, luto pelo amigo que se foi, luto pelos conhecidos, luto pelos desconhecidos e esse luto coletivo e intransigente pelas mais de 400 mil vidas perdidas (até a data da publicação deste texto).
É nesse calo, que dói calado, que Juliette nos pegou. Ver ela ao vivo elaborando esse luto meio torto, meio ingênuo, meio simples, meio nós mesmos – nos pegou desprevenidos. E aqui estamos nós, (re)descobrindo uma música da Maria Gadú, de 2009!
Esse luto coletivo que simbolicamente nos atravessou ao longo de 2020, presentificado no discurso (repito!) torto, acanhado e doído da Juliette dentro do BBB, foi escancarado em cada um de nós justamente no dia da final do reality show, com a notícia do falecimento do humorista, diretor e ator Paulo Gustavo.
Acredito na elaboração do luto enquanto esse encontro entre a dor e a alegria, que motiva a saudade e alimenta a esperança. O dia começou feliz com a certeza de que Juliette ganharia o programa; a noite chegou com a tristeza profunda do falecimento do Paulo; e encerrou com a coroação agridoce da vitória da paraibana. Agridoce porque, ao final, quem torcia por ela já estava esgotado e triste, mas feliz pelo resultado.
- “Forte” (Sfânio) e as dores que nós compartilhamos;
- Autoestima, vitalidade e poesia marginal marcam clipe de “Chato”, de Marco Gabriel;
- Regiane celebra o poder feminino no clipe de “Tirem As Cercas”.
E aqui encerro meu texto dizendo que a gente realmente precisava coroar uma mulher assim, mesmo que dentro de um reality show de entretenimento na TV aberta. Nem tudo é sobre a alegria e o entretenimento – às vezes, é sobre aprender a lidar com a dor e o que se pode fazer a partir disso.
As pessoas que vão acompanhar ela na vida real, podem nem saber, mas é isso que elas vão ver a partir de agora, porque essa é a trajetória de vida da Juliette: o que se faz com o que se tem diante do que se viveu.
E tu? O que vai fazer com o tu tem diante do que tu vive? A minha resposta eu não sei, mas sigo firme “salvando minh’alma da vida, sorrindo e fazendo o meu eu”.