Conexão MA/PE: Silvana Mendes, Tassila Custodes e as reflexões sobre a prática lambe-lambe, em Recife

Arte: Silvana Mendes/Divulgação.

E o Maranhão ganha destaque nacional mais uma vez. Desta vez, a conquista vai para as artistas urbanas Silvana Mendes e Tassila Custodes, que irão participar da primeira edição do Festival Movimento Urbano de Resistência e Arte, que será realizado de 28 a 31 de agosto, em Recife (PE), no Museu Murillo La Grecca.

Qual cidade te atravessa? Quais são seus dispositivos de sobrevivência no espaço urbano?” foram as inquietações que motivaram a primeira edição do evento. A temática escolhida foi Pedra, Papel e Tesoura – Dispositivos de Atravessamentos em Tempos de Guerra.

O foco do festival é refletir coletivamente sobre a prática lambe-lambe, seus possíveis caminhos para a ocupação artística dos espaços públicos, democratização da arte e a resistência à censura.

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Para ajudar com os custos de transporte e alimentação, as artistas decidiram organizar uma vaquinha virtual (o link para contribuir está no fim desta matéria). Para ajudar as artistas nessa missão, viemos aqui apresentar a vocês um pouco da vida e arte destas duas artistas de destaque do Maranhão.

Silvana Mendes

Silvana trabalha com o lambe-lambe há cerca de seis anos. Quando perguntamos sobre o surgimento dessa arte em sua vida, sua resposta foi bem objetiva: “O lambe surgiu de forma bem espontânea, através de amigos artistas que já trabalhavam com essa linguagem e também pela ‘facilidade’ de produzir algo sem muito custo, financeiramente falando”, pontuou a artista.

As linguagens convencionais já não me supriam a necessidade de mostrar meu trabalho e como lambe tem essa possibilidade de transitoriedade, fui cada vez mais me interessando e estudando sobre. Hoje, tem sido o meu maior suporte artístico”.

Silvana Mendes, artista maranhense.

Silvana contou também sobre essa relação com a arte na rua: “A relação com a rua tem sido de descoberta e possibilidade de trocas e aprendizado. Geralmente, é bem ritualístico colar meus lambes pelas ruas de cidades que passo”.

“O ato de procurar um espaço que converse com o trabalho, saber se posso ou não colar naquele espaço, burlar o sistema de limpeza visual da cidade, trocar ideia com as pessoas que se interessam pelo trabalho no momento que estou colando e o fato de saber lidar com o desapego e a efemeridade ou não do lambe , que pode ficar anos intacto onde colamos ou simplesmente, em questão de minutos, ser arrancado. Com isso, aprendemos que nosso trabalho é na rua e da rua, não nosso”.

Silvana Mendes, artista maranhense.

Além de expor sua arte, Silvana irá participar da oficina Pedra, papel e tesoura: dispositivos de atravessamentos em tempos de guerra, composta por Alberto Pereira (RJ); Discórdia (SP); Silvana (MA) e mediação de Tácio Russo (PE); e ministrar a oficina Construindo Poéticas&Narrativas Visuais através da Colagem Digital.

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Os projetos que ela vai levar para o festival são Negros, Lambes e Afetos, realizado junto a produtora Cazzu; e Ironia Solar, que trata do regionalismo maranhense.

Tassila Custodes

“Sinto um grande fardo acompanhando a população negra, um peso que as vezes nos impossibilita de sermos plurais”, disse Tassila ao SobreOTatame, mais precisamente sobre a obra Pessoa que, para a artista, “é uma pintura de uma pessoa digna de ser admirada pelo simples fato de existir”.

“Penso, onde eu estaria se levássemos em consideração somente o meu ser, se por um segundo o tempo parasse e fosse considerado somente as minhas vontades íntimas, onde a cor da minha pele ou meu gênero não me limitasse?”.

Tassila Custodes, artista maranhense.

Para a artista, Pessoa, que será exposta no festival, nasce a partir desse questionamento: “Não queira saber se é um homem, mulher, rei ou escravizado. Só admire essa aparição. E que esse espaço de ‘existencialismo’ seja mais aproveitado dentro da naturalidade/realidade que nos é permitida. Seja livre pra ser”, disse.

E Tassila acrescenta: “A principal intenção do meu trabalho é desmistificar o olhar que temos da arte e ser ‘artista’. Temos uma visão muito elitista das galerias, mas a periferia também produz. E estudo formas de “burlar” essa produção elitizada, dentro da minha realidade eu produzo com baixos custos, e isso não torna a minha arte em menos arte. Vamos de uma forma coletiva mostrar, e principalmente, materializar a ideia de que a periferia tem sua voz (autônoma) dentro do mundo das artes“, acrescentou.

Que tal ajudar esse projeto lindo a chegar no Festival M.U.R.A.L.? Se curtiu a proposta, é só contribuir com a vaquinha!

Acadêmica do curso de Rádio e TV e apaixonada por música, filmes, séries e podcasts. Defensora das boas ações cotidianas, acredita que a empatia pode salvar o mundo. Só chamar pra bater uns papos aleatórios em qualquer lugar, de preferência que tenha bebida e comida boa.

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