Maranhão na Tela 2019: um marco do circuito do cinema brasileiro em São Luís!

Maranhão Na Tela 2019 (Foto: Jesus Perez/Reprodução).

O festival de cinema Maranhão na Tela (MNT), realizado pela Mil Ciclos Filmes, chegou a sua 12ª edição, em 2019, e consagrou-se não só como o maior festival de cinema do Maranhão, como também se estabeleceu enquanto um dos grandes festivais de cinema do país.

Num ano complicado, em que fechamos uma década com retrocessos políticos no cenário audiovisual, o MNT mostrou sua força e sua capacidade de resistência e inovação através dos anos. Entre 1º e 7 de dezembro, além da exibição de filmes, rodas de conversas, workshops e uma rodada de negócios, a edição desse ano homenageou as atrizes Marcélia Cartaxo (Pacarrete, 2019) e Áurea Maranhão (Terminal Praia Grande, 2019).

A identidade visual dessa edição do MNT foi assinada pela artista Silvana Mendes (selecionada através de chamada pública pela organização do evento) e é um espetáculo!

Ao fundo, a identidade visual criada pela artista Silvana Mendes (Foto: Jesus Perez/Reprodução).

Como uma boa amante do cinema, decidi que iria o máximo que eu pudesse na programação desse ano. Dito e feito: vivenciei com paixão e alegria nos olhos e trouxe para vocês as minhas impressões dessa vivência de uma intensa e deliciosa semana de mergulho cinematográfico.

A seguir, destaco cinco pontos que marcaram (na minha opinião, é claro!) a edição 2019 do MNT.

1-) Longas nacionais e seus realizadores!

O MNT trouxe para o Maranhão uma sequência importantíssima de filmes nacionais que estão sendo lançados nas bilheterias do Brasil, fora do Brasil e circulando em premiados festivais pelo mundo. A começar pelo melodrama tropical A Vida Invisível, do cineasta Karim Ainouz, filme escolhido para abrir os trabalhos do MNT.

Resultado? Uma sala de cinema completamente lotada de pessoas que estavam ali para prestigiar a abertura do festival. No momento em que a sala atingiu a lotação de poltronas, as pessoas não desistiram e acabaram sentando nas escadas e no chão da sala! Eu me arrepiei toda, confesso.

Sessão de abertura do Maranhão Na Tela 2019 lotada (Foto: Dani Lopes/Reprodução).

A semana contou também com a presença surreal da atriz e diretora Bárbara Paz, que desembarcou em São Luís para a exibição exclusiva do premiado Babenco: alguém tem que ouvir o coração e dizer parou, documentário vencedor da categoria melhor documentário de arte no Festival de Veneza desse ano.

Após a sessão, tivemos um bate-papo com a própria Bárbara! O mesmo aconteceu no dia em que assisti Piedade, do cineasta Cláudio Assis. Essa troca dos diretores com o público é uma experiência que, decido aqui apostar, vai ficar na memória e no coração de todos que estiveram presentes.

A atriz e diretora Bárbara Paz no Cine Café, do MNT 2019 (Foto: Dani Lopes/Reprodução).

Não posso deixar de comentar a estreia do longa-metragem maranhense Terminal Praia Grande no último dia do festival! O filme tem roteiro e direção assinados pela Mavi Simão e é protagonizado pela Áurea Maranhão, que recebeu uma bela homenagem (assista abaixo) durante a noite de encerramento.

https://www.facebook.com/atrizaureamaranhao/videos/1243887615802891/?t=1

O filme marca o cinema maranhense ao trazer em sua ficha técnica um celeiro de profissionais de altíssimo nível. É o primeiro longa dessa nova safra de cineastas. E que venham os próximos!

A equipe do longa “Terminal Praia Grande”, de Mavi Simão (Foto: Jesus Perez/Reprodução).

2-) O Cine Café e a nova safra do cinema maranhense!

Um dos eixos fundamentais do MNT é a Mostra Competitiva, dividida em curtas, longas e videoclipes. Ao longo dos dias do festival, pude conhecer um pouco do trabalho de jovens realizadores do cinema local que, com certeza, se preparam para ser o futuro do cinema na década que se aproxima.

Cine Café debateu o tema “Videoclipe é cinema?” (Foto: Andressa Zumpano/Reprodução).

Num dos dias, o tema do Cine Café foi Videoclipe é cinema? cujo intuito era o de discutir com os candidatos da mostra competitiva de videoclipes os rumos desse segmento audiovisual tão frutífero hoje no Maranhão. Sabe quem esteve lá? Isso mesmo, nossa querida integrante do SoT, Ingrid Barros!

3-) Escadaria do Giz: E vamos de cinema ao ar livre!

A ideia mais inovadora e acertada dessa edição sem dúvidas foi dividir as exibições do festival entre a sala de cinema e a rua. A Escadaria do Giz, no coração do Centro Histórico, recebeu o Maranhão na Tela para a exibição de curtas e videoclipes durante os dias do evento. A mostra competitiva de videoclipes aconteceu na Escadaria e pude ver torcidas e fãs organizados para prestigiar os trabalhos e para votar nos seus favoritos.

Maranhão Na Tela 2019 encantando a Escadaria do Giz, no Centro Histórico de São Luís (Foto: Dani Lopes/Reprodução).

E engana-se quem acha que só estiveram ali quem já conhecia o festival! Em clima de fim de ano e férias, quem por ali passava logo descobria que o telão pertencia a um festival de cinema. Pude observar crianças brincando enquanto pais assistiam aos filmes. Pude observar também turistas que descobriam ali, pela primeira vez, o que era o Maranhão na Tela. Ao final do dia, para fechar com gosto os trabalhos, rolaram discotecagens e shows na escadaria.

Discotecagem na Escadaria do Giz durante o Maranhão Na Tela 2019 (Foto: Dani Lopes/Reprodução).

Massa, né?

4-) Maranhão na Tela Lab: Nem só de exibição vive um cineasta!

Eixo formador do Maranhão na Tela, no Lab acontecem palestras, workshops, oficinas e a tão esperada anual rodada de negócios, que recebe produtoras brasileiras interessadas em produzir novos projetos. Esse ano o Lab rolou em três intensos dias de atividades sobre produção e estratégias de realização desde a etapa de desenvolvimento (com oficina de roteiro).

Maranhão na Tela Lab foi uma das grandes experiências do MNT 2019 vivida por dezenas de profissionais do audiovisual maranhense (Foto: Jesus Perez/Reprodução).

A rodada de negócios trouxe dez players para pitchings, com roteiristas e produtores locais, que puderam apresentar seus projetos, receber feedbacks e propostas de trabalho!

5-) Que premiação, meus amigos!

Após a primeira exibição de sucesso de Terminal Praia Grande, de Mavi Simão, foi realizada a cerimônia de premiação das mostras competitivas de curtas, longas e videoclipes. A seguir, trago os principais destaques dessa premiação!

Na mostra competitiva de curta-metragem, destaco os prêmios de Melhor Atriz e Melhor Direção de Fotografia para Diana, de Tássia Dur. Também destaco o prêmio de Melhor Filme que foi para Ary y Yo, de Adriana Faria.

Já na mostra competitiva de longa-metragem, destaco a presença de produções e co-produções com outros estados. Trago aqui o elenco e a direção de arte de A Besta Pop, longa com conexão MA-PA, que saíram premiados do festival nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz, Melhor Ator e Melhor Direção de Arte.

O prêmio de Melhor Filme foi para o maranhense Guriatã, de Renata Amaral, que narra a história do mestre de bumba-meu-boi Humberto de Maracanã.

Na mostra competitiva de videoclipes, só deu Maranhão! Killa, da Enme ganhou as categorias de Melhor Direção (para a jovem e promissora Jéssica Lauane) e Melhor Performance.

Beijo à Queima-Roupa, de Tiago Máci e Zeca Baleiro levou as categorias de Melhor Direção de Fotografia e Melhor Videoclipe (para Danilo Rosa e Andressa Zumpano).

Já nosso querido Paulão emplacou seus dois mais recentes trabalhos, Special Power com Melhor Montagem (nossa integrante do SoT, Ingrid Barros e a fotógrafa cujas fotos vocês estão vendo aqui, Dani Lopes) e TQT com Melhor Direção de Arte (a moda é do João Belfort). Lembram que lá em cima eu chamei de frutífero esse segmento? Não foi a toa!

Todos os vencedores do Maranhão na Tela 2019 reunidos (Foto: Jesus Perez/Reprodução).

Quando me perguntarem o que eu achei da 12ª edição do Maranhão na Tela, com certeza direi: a melhor em que eu já estive! Aqui o sentimento é o de gratidão. Deixo um abraço caloroso à cineasta e realizadora do festival Mavi Simão, que todos os dias do festival me via em alguma atividade do evento, abria o sorrisão tranquilo de quem sabe a dor e a delícia de trabalhar com o que se ama e me dizia: “- olha, tô gostando de ver!”.

Sim, Mavi. Eu também tô gostando de ver! Vida longa ao Maranhão na Tela!

Amanda Drumont é produtora e roteirista em formação. Atua em São Luís como produtora, curadora, redatora, crítica e roteirista. Escreve conteúdos voltados para música e cinema, além de produzir audiovisual em diversos formatos. Foi uma das juradas do V Rota Festival de Roteiro do Rio de Janeiro. Assume os eixos de produção e financiamento do SobreOTatame.com e sonha em ter um podcast pra chamar de seu.

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