Master of None é muito indicada para os novos balzaquianos e suas preocupações e está disponível em duas temporadas na Netflix (Foto: Divulgação).
Texto de Aline Alencar, em colaboração ao SobreOTatame.com
Esse texto é uma referência ao famoso 20 e poucos anos muito encontrado no Google, porém com autor desconhecido. Escrevo aqui e edito novamente este texto para agradecer o original e com a esperança de que um dia essa pessoa iluminada leia e veja se algo mudou. Pois para mim, sim. Nossa, e como mudou. E é isto que irei relatar aqui.
Baseado nos meus aprendizados com séries que retratam bem as delícias e os perrengues da chegada aos 30, a maioria pela pressão social que é ter essa idade, eu poderia citar Friends, mas vou chamar outra série aqui como referência do assunto, por já se passar na nossa época. Embora os mesmos anseios e problemas não tenham mudado muito dos anos 90 até aqui. Esta outra série que quero citar se chama Master Of None (Netflix, 2015-2017).
Em duas temporadas, nós vemos a história de Dev (Aziz Ansari) encontrando amigos, visitando os pais e passando por dilemas como namoros, casamento dos amigos da época de escola e camisinhas que furam agregadas a uma preocupação quase que unânime desta geração que é a de ter filhos. É uma série interessante e, diria eu, muito deliciosa pela leveza com que essa fase é tratada e as mudanças nos grupos sociais. E cada episódio nos leva a muitos questionamentos e também nos faz rir de nós mesmos. E é aqui que eu quero chegar.
Leia também | Reflexividade em Shingeki no Kyojin: paz ou liberdade?
A geração que vai completar 30 anos, neste ou no próximo ano, já não pensa, há muito tempo, diga-se de passagem, em casamento, filhos, entre outros que a geração de antes almejava.
Agora, nos preocupamos mais com boletos e em ter uma vida tranquila, regada a viagens, barzinhos e, se tiver sorte, viver uma paixão efêmera, porém forte. Apartamento e carro próprio? Sim, queremos, também, mas isto é construção de uma vida e não uma urgência. A geração dos 30 de agora pensa mais no hoje e sofre com o futuro, beirando à depressão em alguns momentos.
Nos preocupamos também com o futuro coletivo do país em que vivemos e queremos sempre mais, não importa se o que se vive agora é bom, queremos o melhor! Somos ambiciosos financeira e emocionalmente e ao mesmo tempo calmos e despreocupados com o que está por vir.
Já não choramos muito e talvez sintamos mais dor por isso. Os amores já não são do mesmo jeito. Borboletas na barriga? Algumas, mas em pouca reprodução porque agora a cabeça é quem controla o corpo e, sobretudo, o coração. Aquele que poderia ser o homem ou a mulher da sua vida, já é algo distante como se nunca tivesse acontecido.
E se acontecer de novo? E se não? Tudo bem. Não cobramos mais dos outros nem de nós mesmos com a mesma impaciência dos 20 e poucos anos. Talvez um “X” nos aplicativos de paquera nos distraia de viver um amor? Quem realmente sabe?
Leia também | Love, Death & Robots: do bizarro ao surreal com uma pitada de Black Mirror
O futuro é inesperado e é esta a delícia dos 30. E a leveza disso tudo está em vivenciar cada momento como se fosse o último. Aquela cerveja no bar; aquele encontro a dois; aquela conversa com seus pais sobre o que eles faziam quando tinham a nossa idade; um carinho no animalzinho de estimação; aquela música atual ou a música que marcou época; os encontros com os amigos, estes cada vez mais raros por causa da vida corrida.
Apreciamos com gosto cada pedaço desses 30 anos vividos e com vontade de viver. E, depois disso, cada ano, cada dia, cada minuto, cada segundo é uma conquista, sem mais do mesmo.
Edit: A autora agora já está com 32 anos e cada vez mais convencida do que escreveu aos 30 e só melhorando!
Nota editorial: o SobreOTatame.com é um site que produz conteúdos de cidadania, comportamento e cultura. Por meio dos conteúdos que publicamos, acreditamos na informação como força de educação e discernimento, desta maneira, abrimos espaço para profissionais que possam tratar de temas mais especificamente.
Aline Alencar é maranhense, nascida e criada em São Luís. Graduada em Comunicação Social, habilitação em jornalismo, pós-graduada em Metodologia do Ensino Superior e divide a vida séria de adulta com música, filmes, animes, séries e com doses de política de boteco para ensandecer. Uma eterna saudosa da MTV dos anos 2000. Twitter: @ahhhline_ / Instagram: @alheeene.