Nada será como antes, mas o futuro nos reserva um Novo Mundo Possível

Nada será como antes! (Foto: Ronald Cuyan/Reprodução).

Frequentemente tenho escutado de algumas pessoas e lido nas redes sociais sobre um desejo para que as coisas voltem ao normal. Me pergunto insistentemente que “normal” é esse a que se faz referência ?

De agora em diante, nada mais será como antes, e ainda bem! Caso retornemos ao que antes era conhecido e tido como normal, é reconhecermos que nada aprendemos com a Pandemia do Covid-19 e as milhares de mortes.

A normalidade que até então estávamos habituados produzia uma total alheamento da vida e distanciamento de nós mesmos, das nossas verdades mais profundas, para além de nos colocar em um abismo profundo de distanciamento em relação à natureza e ao Outro, o semelhante, o Espelho.

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A condução coercitiva ao isolamento ocasionada pela pandemia possibilita um retorno ao nosso centro e nos indica o caminho ao nosso próprio lar. Fácil, não é, mas se faz necessário lidar com o próprio mundo interno em transformação e, ver o mundo em uma completa e complexa reinvenção, nos requer duas posturas iniciais, cuidado e coragem.

(Foto:  Michaek Turkiewick/Divulgação).

Cuidado para compreender que esse é um momento de profundas e necessárias mudanças e coragem para se reinventar e seguir na busca por um bem viver, um viver mais integrado e conectado com a natureza, com a vida que pulsa ao nosso redor.

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Aliado a essas duas posturas eu ainda adicionaria mais uma: a paciência, que nada mais é que a espera que passa, aquela espera que tem o dom de nos revelar um novo mundo, melhor e possível.

A máxima de que o mundo não pode parar caiu por terra, e o mundo, adivinhem, parou. Parou porque era impossível que seguíssemos daquela forma. É, portanto, uma chamada da Terra, como uma Mãe que repreende seu filho e lhe pede silêncio e atenção; para onde quer que olhemos se cultivarmos o silêncio interior, encontraremos beleza e contentamento ainda que em meio ao caos.

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“Pise na terra como se estivesse beijando o solo” é uma reflexão trazida pelo Monge Zen Budista, Thich Nhat Hanh e nos convida exatamente à desenvolver um tom solene e sagrado com a Terra, com a nossa interação com tudo que é vivo.

Ailton Krenak também já nos orientava que “fomos, durante muito tempo, embalados com a história de que somos a humanidade e nos alienamos desse organismo de que somos parte, a Terra, passando a pensar que ele é uma coisa e nós, outra: a Terra e a humanidade. Eu não percebo que exista algo que não seja natureza. Tudo é natureza. O cosmos é natureza. Tudo em que eu consigo pensar é natureza”.

Ailton Krenak, em O Amanhã não está a venda.
(Foto: Kate Hliznitsova/Divulgação).

Se voltar para o íntimo e desfrutar do aqui e do agora é o que temos. Tudo o mais é barulho e agitação de um passado que já foi e um futuro que está por vir.

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Seja gentil com você mesmo. Leve essa prática com leveza se você quiser adotá-la e saiba que é ok não estar tudo bem de vez em quando.

E lembre-se: nada será com antes, e enquanto as mãos não puderem se tocar e abraços não puderem ser dados, lembre de ser sempre o seu próprio abrigo.

É uma mulher em busca de reinventar a sua existência por meio das palavras. Lê, caminha, interage, sente e pedala. Advogada por formação, sempre teve os livros e a escrita como companheiras próximas. Nascida e criada em São Luís, vê as cidades como um organismo vivo e palco das mais infinitas relações e criações. Aprecia a alma humana com suas contradições e impermanências, ama falar sobre meditação, contemplação e o equilíbrio que advém de está em uma bicicleta.

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