Essa síndrome do coitado não cola! Não que eu ache o mundo é injusto, o universo conspira contra a minha pessoa ou que eu mereça passar por alguma situação indigesta. Apenas existem coisas que realmente são necessárias a gente passar para dar lugar à algo mais maduro, sensato e pé no chão. E se for sentir algo por mim, sinta outra coisa, mas não pena.
Diariamente somos sujeitos à provações e espécies de testes na eterna busca para encontrar o melhor de nós, e, em meio a isso, cambaleamos perdidos dentro de nós mesmos e confusos sobre os inúmeros papéis que desempenhamos. Têm horas que é difícil, pois existem aqueles dias que nem queremos levantar da cama e olhar o dia passar pela janela é uma forma de buscarmos dentro de nós mesmos quem realmente somos. É refletir.
Mas existem, também, aqueles dias leves e disponíveis, em que tudo parece caminhar como um rio com a simples consciência que vamos encontrar a imensidão do mar, aonde não importa os desafios, montanhas, declives e aclives, a água segue o rumo e desafios sem perder a essência. É aquela essência que temos e malemolência de que vamos em frente.
O que quis abordar nos dois últimos parágrafos foi um exercício de extremos, pois passeamos muito entre um e outro e não se deixar muito por um ou por outro é importante, esse equilíbrio e jamais estabilidade. E isso vai fazer mais sentido nas próximas linhas.
Ok, mas o que tem a ver com “pena”?
Calma ansioso, o que quero compartilhar – e por que não pedir? – é algo simples e complexo também, que é não pedir o sentimento de pena sobre mim (leia-se nós).
Sri Prem Baba em um dos seus inúmeros ensinamentos explica a diferença entre pena e compaixão de maneira simples e direta:
“A diferença entre compaixão e pena
É a mesma diferença entre o dia e a noite; entre luz e trevas. A pena é egoística e a compaixão é altruística. Você somente sente dó de si mesmo – o outro é um reflexo de algum aspecto seu. Ao sentir pena, você não enxerga o outro e não o respeita. Você não está interessado nele – você quer somente se livrar do seu problema, porque o sofrimento do outro está lhe incomodando. Ele está espelhando o seu próprio sofrimento, o qual você se recusa a enxergar.
As lágrimas da pena são superficiais porque nascem de uma máscara do bondoso e caridoso. Essa máscara encobre o egoísmo. Por trás dela existe um congelamento, uma impermeabilização que te impede de fazer empatia e colocar-se verdadeiramente no lugar do outro. Porque você só faz empatia se houver amor e, se existe amor pelo outro, você respeita aquilo que ele precisa experienciar. Se você ama as pessoas na rua, coloque-se no lugar delas e verá que dar dinheiro não ajuda em nada. Em algum caso ou outro pode ser que ajude, mas, na maioria das vezes, você está apenas alimentando o vício de pedir e a ilusão de impotência, entre muitas outras fantasias que fazem com que elas fiquem nesse lugar.
Se o amor está transbordando do seu coração e se você realmente se importa com o outro, encontre um meio para ele se levantar. A compaixão é desinteressada. Você quer realmente ver o outro feliz; você quer vê-lo brilhar, respeitando o processo dele.
E como você se move da pena para a compaixão? Libertando-se da projeção.”
Pense comigo: não é de pena que o mundo precisa, é de compaixão. Isso de despertar dentro da pessoa coisas boas e lembrá-las que ela é um ser único nesse universo.
Por fim peço, não sinta pena, nem de mim, nem de si, nem de ninguém, mas sinta sim, compaixão.