(Foto: Reprodução).
Texto de Félix Barros, em colaboração ao SobreOTatame.com.
O dia 28 de agosto de 2020 tornou-se uma data marcada pelo golpe doloroso da notícia que ressoou no mundo inteiro: aos 43 anos, o ator norte-americano Chadwick Boseman morreu após uma batalha de 4 anos contra um câncer.
O anúncio divulgado em uma noite de sexta-feira provocou reações instantâneas de comoção em todo o planeta, sobretudo nas redes sociais, onde a comunidade global e várias personalidades notórias manifestaram seu sentimento de pesar.
Além de tristeza, a morte trágica do ator foi recebida com incredulidade e surpresa pelo público, que, entusiasmado pelos trabalhos recentes de Boseman no cinema, sequer possuía conhecimento da enfermidade que o vitimou.
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A luta íntima de Chadwick Boseman contra o câncer foi travada longe dos olhos de sua audiência e das lentes que capturaram sua desenvoltura como o intérprete do eternamente celebrizado Pantera Negra (Rei T’Challa), herói da produção cinematográfica homônima dos estúdios Marvel lançada em 2018 e indicada ao Oscar de Melhor Filme no ano seguinte.
Enquanto na vida privada sua peleja perpassava por tratamentos intensos e rotinas cirúrgicas, no cinema, seu trabalho descortinou um novo universo para os que anseiam por justa representatividade nas artes. Boseman tornou-se o rosto de uma obra que, não somente arrebatou as bilheterias do cinema mundial, mas logrou revolucionar a visibilidade de gerações inteiras, que finalmente experimentaram enxergar-se no protagonismo de um feito grandioso.
Pantera Negra inegavelmente se tornou uma experiência de sucesso financeiro, mas seu maior êxito concentrou-se no grau de impacto cultural alcançado por sua proposta. À época da exibição nos cinemas, pipocavam diariamente publicações de vídeos e manifestações efervescentes de expectadores por toda parte, nas quais se testemunhou o retrato da construção de um inédito movimento de representatividade a olhos vistos.
Uma verdadeira onda cultural revigoradora atravessou salas de cinema, lares, escolas e trouxe foco a tantos milhares de espaços minoritários, dessa vez espelhados nos telões de exibição. Chadwick Boseman corporificou esse impacto e, de maneira despretensiosa, fincou uma importante bandeira nos terrenos hegemonicamente brancos da história da indústria cinematográfica.
Chadwick Boseman viveu James Brown em “Get On Up”. 
Em “A história de uma lenda”, Boseman interpretou o primeiro negro da principal Liga de Beisebol dos Estados Unidos. 
Chadwick Boseman em cena do mais recente filme de Spike Lee, intitulado “Destacamento Blood”.
A simultaneidade de toda essa revolução com o embate árduo pela própria vida choca ao revelar a real dimensão dos desafios enfrentados pelo ator em seus últimos anos. De todo modo, é preciso reconhecer: não foi a doença que engrandeceu Boseman. Seu legado para o mundo, por si só, fez dele um ser gigantesco e histórico, um ícone cultural inapagável.
As gerações que se viram encarnadas no seu semblante heroico jamais o esquecerão, o que só torna ainda mais vívida a certeza de sua ausência. Razões mais que suficientes para genuinamente chorar e sentir sua falta.
Pétalas tristes que caem sobre o chão da sonhada Wakanda. #ChadwickForever.
Nota editorial: o SobreOTatame.com é um site que produz conteúdos de cidadania, comportamento e cultura. Por meio dos conteúdos que publicamos, acreditamos na informação como força de educação e discernimento, desta maneira, abrimos espaço para profissionais que possam tratar de temas mais especificamente.
Félix Barros é bacharel em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e atualmente servidor público sem a aspereza dos brocardos em latim. Apaixonado por arte e cultura em geral, gosta de escrever por acreditar que as palavras caem bem em qualquer bom sonhador. Opinioso acanhado, vive num mundo onde coexistem música, sede de justiça e gifs de gatinhos.
Mulheres Negras resistem!
Em novembro do ano passado, a iniciativa Elas SobreOTatame realizou um encontro para discutir representatividade e resistência da mulher negra. Como tudo que temos feito até aqui, esse foi um espaço em que a escuta e a troca de experiências prevaleceram.
