O que um cão chamado Jimmy e seu dono desenhista têm a nos ensinar sobre o amor

De que o amor tem várias facetas, níveis, estruturas e histórias de bar, já tomamos conhecimento. Já sacamos, também, que ele pode nos levar para as melhores-piores-melhores viagens possíveis, onde, como toda boa travessia, tudo vale: a ida, a chegada, quem vai, quem fica e quem volta. E, sobretudo, o que a gente faz com tudo isso e com o que sobra no fundo do pacote. Nesse meio tempo, eventualmente, nos perdemos de nós mesmos. Porém a magia de se atentar ao redor e perceber quem nunca abriu mão da gente é lindo de se viver e até reconfortante. Como a história do publicitário mineiro Rafael Mantesso, que quando seu casamento acabou, o que sobrou nós vamos contar hoje.

O que pode surgir de: um apartamento TOTALMENTE vazio. Paredes e chão brancos. E um Bull Terrier chamado Jimmy Choo? Bom, deixo com vocês a resposta:   

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Rafael Mantesso e Jimmy Choo. (Foto: Divulgação / IG: @rafaelmantesso)

 

A vida é exatamente aquilo que VOCÊ QUER fazer com ela

A nossa forma de se relacionar com o amor, em geral, é cíclica e “drummoniana”: “…hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo” e é vida que segue.

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Foto: Divulgação

Depois de ficar sem nada no apartamento, a não ser com uma tristeza e um cão fiel-apaixonado, Mantesso resolveu matar a melancolia de fim de romance desenhando e fotografando com auxílio de seu muso bem-humorado e enérgico, Jimmy – que é assim chamado por conta de um outro amor, o da ex-mulher de Rafael pela grife londrina Jimmy Choo.

Depois de alguns cliques certeiros e toda sintonia, Jimmy e Mantesso ganharam a internet e sucesso no Instagram – além de serem descobertos e assinarem contrato com a, ahá,  Jimmy Choo – na qual possuem uma linha de bolsas e acessórios femininos com o garoto-propaganda de quatro patas estampando as peças.

Poderia ter sido um caminho ao fundo do poço (ou coisa parecida) depois de um fim de casamento, ou inúmeras entregas à revolta e ao caos que, vez ou outra, a vida se torna depois de um fim de casamento. Mas ‘não foi’. Tinha o Jimmy. Tinha um cão. E teve uma parada chamada amor.

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Diga lá se não é muito amor envolvido?! | Fonte: http://www.fashionheels-us.com/ | (Foto: Divulgação / IG: @rafaelmantesso)

 

A solução para os nossos problemas está nas (aparentes) pequenas possibilidades

Se você lança amor, você recebe o quê? (Foto: Divulgação / IG: @rafaelmantesso)

A história de Rafael poderia ser a minha ou a sua. Nossa história, vida e trajetória… Aquela coisa bacana que nos revira do avesso e nos joga na lona quando não sai como a gente planeja. A história do Rafael poderia ser a do fim do nosso casamento também. Mas o que ele fez no fim de tudo, ah, isso sim, isso deve ser nosso também.

Fotografar o Jimmy, usar da criatividade para superar um momento difícil, e desenhar, rabiscar, pintar e “criativizar”,  todas essas possibilidades têm uma característica em comum: se desconstruir, reinventar e amadurecer.

Em um mundo cheio de ruídos, a gente mal tem se enxergado, se ouvido, apenas captado o desembaçado sobre o que está ao redor. Temos optado por mergulhar nesses desarranjos considerando que o que está aí já está remediado. E não, não está. O nome disso aí se chama “descrédito” e a gente tem que superar.

Viver é começar acreditando que vai rolar. A vida é cuidadosa que a essência está grafada até no nome: [vi-da] só tem quatro letras para um oceano de segredos.

Nesse sentido, o fim de nossas lamúrias está numa conversa, e não em um rompimento trágico com anos a cronometrá-lo; não está em tentar acabar com a própria vida, mas rogar a um deus maior  – ou a vários –  que melhor lhe convenha; não está em agredir (simbolicamente ou fisicamente) o outro, mas apenas sair de perto; não está em falar mal dele para os outros, mas sim, evitar falar sobre ele para os outros.

É saber que não preciso ir pra Paris para superar um arrebatamento cruel do fim de uma jornada, é saber que posso ir à praia, ficar de frente pro mar, respirar fundo e dizer que é hora de por tudo em seu devido lugar. É basicamente fazer aquilo que se ama: conversar, falar, pegar sol, ler, ouvir, silenciar; comer brigadeiro só pra ter certeza que tá vivo. E pode, sempre que quiser, fazer outro brigadeiro e mais outro e mais outro…. Ou, pegar tudo isso, mesmo que não as ame, mas fazê-las, por exemplo, só para mostrar que você, no fim, pode se amar e o resto é lucro. E merece isso.

E o melhor de tudo isso: é descobrir que dar carinho é o melhor caminho para receber amor. E ser feliz.


Ou se inspire com o livro dos parceiros Rafael e Jimmy e siga em frente!

24 anos de Leãonicidade com ascendente em Literatura, acredita que a razão da vida é ser próximo ao outro com requintes de amor. Amante de todas as cores e apaixonada por todos os sons, afoga suas sentimentalidades e exorciza o espírito humano com ajuda dos livros. Tenta disseminar suas caminhanças no Paro e Me Pergunto e, também, no The Book Is The New Coffee.

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