O som que rola agora no Fusca 86 #6: Ari Sousa

Que horas são?

Tem alguém por aí?

Eu tenho um Fusca, não uma Ferrari.

Que horas são?

Acho que paramos no tempo.

Alguém tem um celular com lanterna?

Tudo bem, não tenho pressa, eu tenho um Fusca.

Ari Sousa é o escolhido para nossa coluna de hoje. Então chega mais e vamos ouvir o som dele! (Foto: Reprodução)
Ari Sousa é o escolhido para nossa coluna de hoje. Então chega mais e vamos ouvir o som dele! (Foto: Reprodução)

O pneu furou. Onde vocês estavam? Eu quis companhia na beira-mar, engarrafei a cidade, isso rendeu algumas doses e uns goles. Isso descolou fumaça e calor.

A desconfiança não cabe no banco de trás, o Fusca não tem porta-malas. Bom, pelo menos não cabem as das férias de verão. Dessa vez eu vou de Uber. Eu nem ligo, não tenho folgas. Sou só um estagiário procurando o que fazer, para fazer errado (sem generalização, por favor).

Tudo tem uma trilha. Quando o trânsito está pegado, ou quando algo está pegando. Tudo tem sintonia, e se sintoniza, é porque algo vibrou na mesma frequência do coração. O coração para por dois segundos porque o marca-passo descarregou a bateria.

O som que eu descobri hoje tem um pouco disso tudo: descompassos, fumaça e amor. Ao misturar tudo isso no liquidificador e virar o copo cheio 3 vezes ao dia, você se cura da loucura dessa ilha, ou se apaixona mais pelo caos. Ari é exatamente isso.

Gravado no Andar de Cima, sob as coordenadas de Memel, o EP “O Cerco” traz a essência do que tem rolado no cenário de São Luís. Cada vez mais as produções aumentam em níveis e quantidade. Em volume e qualidade. A forma não delimita o conteúdo, não jugue um EP pelo encarte, e mesmo que insista nisso, a arte estampada em cada faixa no soundcloud não é do tipo de trabalho que tende para as críticas destrutivas.

Lembre-se: abra os olhos e destampe os ouvidos. Se dê essa chance.

Falar de outras bandas em outros estados é prazeroso, falar do trabalho de alguém que percorre as mesmas esquinas e pega os mesmos ônibus é de uma grandeza sem tamanho. Poderíamos fazer uma viagem internacional falando sobre isso, com brilho nos olhos e os pés acelerando o máximo em que um fusca com motor 1600 pode chegar. Não me perguntem quanto.

Posso ouvir daqui o seu cantarolar de quem está feliz,
boba como criança em noite de natal”.

Tudo aqui tem ficado menos cinza, e a gente nem está abaixo dos lençóis como todo mundo pensa. A gente é azul, só que sem tristeza. A gente está blue, mas está feliz.

Parte do que Ari escreveu, a gente vê no cotidiano. Parte do que os sintetizadores marcam a gente deseja ao vizinho. Um tanto do que a guitarra chora, a gente já chorou um dia: lágrimas afinadas em dó.

O EP se encontra disponíveis nas principais plataformas de música do mundo.

Não custa nada dar o play.
Aguardo vocês na outra dimensão…

Câmbio, desligo.

Designer de madrugada, Diretor de arte a tarde e músico nas horas vagas. Provador oficial de suco de uva integral, Pedro é um guri que desce a rua aos domingos num fusca 86 bege para fazer slack na praia. Idealizador do Instante Perdido e o filho mais novo do Sobre o Tatame.

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