O som que rola agora no Fusca 86 #7: Ornitorrincos do Sertão

(Arte: Pedro Henrique / Foto: Magna Protásio)

Eu desconfiei que o fusca era uma máquina do tempo.
Me perdi, mas voltei.
Será que estou no século certo dessa vez?
2018 já passou? Eu posso voltar?

Eu sei, prometi que não ia sumir mais. Às vezes, sem álcool, faço promessas de bêbado. Às vezes, sem cigarro, aqueço os pés e vou dormir, sem responder ninguém.

Posso culpar o fusca? Não seria justo.

Tenho algumas novidades. A primeira é que estou fazendo a reforma dos sonhos no carango. A meta é que ele não seja mais chamado de “Maria do Bairro”: o fusca ganhou este carinhoso apelido por não poder ir muito longe do bairro onde moro. A segunda é que fiquei mais fã de uma banda que eu já gostava, e preciso compartilhar isso.

Ornitorrincos do Sertão. Logo de cara o nome é um fator que me atrai, sempre gostei de bandas com nomes diferentes: Sabonetes, Trombone de Frutas, Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta. Você pode até dizer que eu julgo o livro pela capa, e talvez eu responda que no fim das contas isso faz parte do conjunto da obra. O que é o todo sem as partes?

Mas enfim, o que eu falava?

Sim, lembrei.
A Ornitorrincos!

Então, eu estava sentado em uma loja de música fazendo alguns acordes estranhos, quando o Cláudio (vocalista da Calabar) chegou. Começamos a trocar figurinhas, e em algum momento falei da minha paixão pelo fusca e das bandas que já escutei nele. De imediato, ele disse que tinha alguns amigos reunidos em um projeto, fui investigar, uma semana depois, trocando mensagens com o Caetano, guitarrista da Ornitorrincos, conheci o trabalho deles: match instantâneo.

Tudo bem, tem gente que resiste em dizer que amores do Tinder são passageiros. Mas esse era diferente. Guitarra progressiva, bateria cheia de contratempo, baixo com wah-wah e dois temperos essenciais na banda: voz e saxofone. Sim, uma incrível linha de saxofone e um vocal maravilhoso.

Depois de concretizada a teoria de que todo mundo é amigo por tabela em São Luís, Jonas Sakamoto (editor chefe do SobreOTatame) e Caetano se conheceram e o SoT chegou a gravar duas músicas da Ornitorrincos em um dos episódios dos Sessions que você pode assistir aqui.

A banda ainda enfrentou as dificuldades de 2018 com muita sabedoria: tocaram em vários festivais da cidade, concorreram a uma vaga no festival Psicodália e deram início a gravação do EP intitulado “AFRPNK.

Convicto de que sou suspeito para falar de uma banda que segue linha experimental, convido vocês para conhecerem os singles “Senhora”, “Guerreiro” e “Lânguida” que já estão disponíveis no Spotify, YouTube e Soundcloud.

“A Ornitorrincos do Sertão é uma banda-laboratório de vivências sonoras que atualmente abraça uma estética que passeia pelo rock progressivo contemporâneo, pela música neo-africana e por uma interpretação própria da música brasileira e nordestina.”
(Fonte:
https://www.ornitorrincosdosertao.com.br/bio )

Essa semana, voltarei na oficina e prometo que vou investir em um novo som para buscar outras bandas legais por aí.

Prometo também que um dia paro de fazer promessas, mas antes disso, prometo que não sumo mais.

A gente se vê em breve, agora preciso ir.

Câmbio, desligo.

Ps.: Meus sinceros agradecimentos ao Cláudio que fez a ponte e ao Caetano e Hell que foram super gentis comigo.

Designer de madrugada, Diretor de arte a tarde e músico nas horas vagas. Provador oficial de suco de uva integral, Pedro é um guri que desce a rua aos domingos num fusca 86 bege para fazer slack na praia. Idealizador do Instante Perdido e o filho mais novo do Sobre o Tatame.

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais recentes
mais antigos Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários