Pai que teve complicações da Covid-19 reencontra filha após 4 meses afastados

Diego Nonato, pai da menina Sofia, reencontra a família após vários meses (Foto: Divulgação/HU-UFMA).(Foto: Divulgação/HU-UFMA).

Um encontro. Um abraço. Um carinho. Parecem ações simples, fáceis de resolver quando se está perto, mas e quando a pessoa já está distante há cerca de quatro meses por motivo de doença?

Diante da saudade de um pai e de uma filha, a equipe do Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA) se mobilizou para que o desejo do bilheteiro Diego Nonato de Andrade Almeida, de 33 anos, e de sua filha Sofia, de 8 anos, fosse realizado. Ele ficou internado na UTI Covid por 43 dias, e atualmente, já livre da doença, segue na enfermaria da Unidade de Cuidados Clínicos Adultos recebendo cuidados voltados para sua reabilitação.

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Com uma recuperação gradual, entre as primeiras palavras sussurradas, estava o nome de sua filha Sofia, com a qual, segundo a família, tem uma relação muito forte. O momento ocorreu no último dia 28 e foi marcado por muita emoção e alegria.

Sua esposa Gabriela Castro, de 29 anos, tem acompanhado de perto a batalha pela vida do Diego e com otimismo aguarda carinhosamente a sua recuperação.

“Foram dias muito difíceis, mas ele começou a mostrar evoluções, todo dia um pequeno avanço. Agradeço muito o empenho de cada um da equipe. Estão sendo incansáveis. Eu creio muito. Ele é promessa de Deus. É de pouquinho em pouquinho, ninguém disse que seria rápido, e nem a gente quer, tem que ser no tempo dele, mas que dê tudo certo”, disse Gabriela Castro.

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Ela relatou que a primeira palavra que ele conseguiu pronunciar foi “oi” e a segunda foi Sofia. O que despertou em todos o desejo de possibilitar esse encontro tão importante entre duas pessoas com um laço tão intenso.

“Foi um momento de muita ansiedade, nem consegui dormir. Ele já sabia, conversamos com ele que se ele não estivesse bem, ele não poderia receber a visita dela. Então desde o dia anterior, ele segue um parâmetro maravilhoso, acho que por entender que para vê-la, ele precisaria ficar bem. Mas foi um momento muito emocionante, porque ela é o amor da vida dele”, acrescentou Gabriela.

Ele poderia chamar o nome de qualquer pessoa, mas ele chamou o dela. Sempre foram muito apegados. Ver essa evolução dele, esse reencontro foi muito emocionante. Para a Sofia, foi uma verdadeira surpresa.

Gabriela Castro.

Toda a equipe envolvida acompanhou de perto. O encontro exigia atenção e cuidado por parte de todos. Mas o que transbordou mesmo foi o amor. A Sofia muito carinhosa, encorajou seu pai com palavras, afeto e um olhar carregado de brilho. A dose que ele precisava para complementar os cuidados hospitalares.

O médico Kayle Cunha, que está acompanhando o caso de perto, ressalta que do ponto de vista médico, as sequelas já estão estabelecidas. “O paciente apresenta uma sequela neurológica, pós parada cardiorrespiratória. Agora, o cuidado está focado na reabilitação, uma vez que as lesões já estão estabilizadas. Nós temos toda uma equipe de enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos que não medem esforços para buscar a reabilitação do Diego”, pontuou o médico.

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Ele acrescenta que algo que marcou muito a todos foi a esposa ter comentado que a Sofia disse que ele só iria melhorar quando ela começasse a cuidar dele. Então, a equipe fez isso se tornar realidade. A visita foi articulada pelos profissionais de Serviço Social e da Psicologia, sendo acompanhada também pelos demais integrantes da equipe multiprofissional.

A assistente social Grasiela Moura explica como funciona todo o processo que envolve esse tipo de ação. “Surgiu de um desejo da família que foi avaliado em conjunto pela equipe de saúde, através do Projeto Terapêutico Singular (PTS), onde foi possível discutir os ganhos terapêuticos para o paciente e familiares. O paciente foi preparado e levado na cadeira de rodas para a área livre (pracinha) do 2º andar, sendo um espaço mais humanizado e menos estressante para a família e equipe”, comentou.

A Sofia, de 8 anos, reencontrando o pai, Diego Nonato (Foto: Divulgação/HU-UFMA).

“A família vivencia um momento de ruptura muito grande com o adoecimento e a hospitalização de um ente querido. São experiências de sofrimento, angústia, além de uma desorganização do cotidiano e rotina familiar, nesse sentido, favorecer um atendimento humanizado que leve em conta a totalidade do indivíduo para além da enfermidade, torna-se relevante, bem como proporciona o fortalecimento da equipe, e o incentivo às boas práticas em saúde”, reforça Grasiela.

A psicóloga Cristiane de Sousa explicou que a iniciativa da visita buscou trazer para o paciente um estímulo emocional forte que de alguma forma pudesse contribuir na sua recuperação.

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“Não temos como saber até que ponto ele pôde perceber toda essa situação, devido ao seu estado clínico, mas sabemos que traz para ele mais uma força. E além disso, essa visita também contribuiu para o manejo das expectativas da filha, já que ela estava há cerca de 4 meses sem vê-lo presencialmente. Houve toda uma mudança da figura do pai, tanto física como no seu papel no dia a dia. E como já está no processo de alta, foi muito importante ela conseguir ver como ele está agora e não deixar para que isso acontecesse somente em casa, pois caso percebêssemos algum não entendimento por parte dela, nós poderíamos intervir precocemente”, afirmou Cristiane.

*Com informações do texto publicado originalmente por Danielle Morais, da Ascom HU-UFMA.

Coronavírus

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A peste que nos assola: uma reflexão sobre pandemia e solidariedade

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