“Pereguedé”: Camila Reis e o universo encantado da baixada maranhense na literatura infantil

O currículo de Camila Reis é feito de arte: ela canta, compõe, toca, conta histórias e também as escreve.

Depois de Cantigas Divinas, onde somos levados a conhecer as cantigas do cancioneiro popular das festas do Divino Espírito Santo, agora nós e as crianças seremos levados a viajar pelo universo mágico da baixada maranhense com o personagem Pereguedé.

Em entrevista ao SobreOTatame, Camila contou detalhes do livro, comentando suas inspirações, da importância da literatura infantil e da parceria no projeto gráfico da publicação.

SobreOTatame – Quem é o Pereguedé e qual foi a inspiração pra criar esse personagem?

Camila Reis: como contadora de histórias, eu conto histórias que são clássicas, de livros que já existem como também às vezes a invento e adapto algumas histórias. E no meio disso, eu inventei uma história, que eu dei esse nome, “Pereguedé”. Na história, o personagem principal é o Cazumbá.

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Pereguedé nasce, mas ele não sabe muito bem quem ele é e ele vai passando por algumas coisas, até ele se encontrar consigo mesmo e descobrir que ele é um ser encantado, um Cazumbá. A inspiração vem da cultura popular, que é um meio do qual eu faço muita parte, que eu vivo, milito e, principalmente, porque é um personagem do boi do sotaque da baixada, que é um sotaque que eu gosto muito.

SobreOTatame – Como tu enxerga a importância da literatura infantil e desta história nesse mundo?

Camila Reis: Eu vejo a literatura, a leitura, a educação como um todo, e de certa maneira a palavra, como algo que existe pra registrar um momento e pra ir mais longe.

A literatura infantil também serve como um registro, um registro nosso, do nosso pensamento, desse lugar que estamos falando e como demarcar dentro da literatura infantil esse espaço que também é um espaço nosso, de pertencimento.

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Eu penso chegar com essa obra pelo Maranhão e, principalmente, pela Baixada Maranhense, ter uma obra de literatura que traz todo um contexto local, acontece no rio Pericumã, é um personagem nosso, ver o peso do pertencimento e do lugar da cultura popular mais uma vez adentrando às instituições educacionais oficiais, que são as escolas.

No meu primeiro livro, Cantigas Divinas, a proposta também era parecida: conseguir levar a nossa música, a música do divino, pra dentro da escola. Então é isso: levar, pelas vias educacionais a nossa realidade, o nosso pertencer.

SobreOTatame – Sobre a parceria com o Origes, nós já o conhecemos pelo movimento hip-hop, pelo graffiti, mas como foi fazer essa parceria agora na literatura?

Camila: Eu tinha a história, que já tinha contado numa escola e o livro nasceu porque uma professora ficou me instigando, me perguntando sobre a história do cazumbá, quem tinha inventado, eu disse que eu mesma e ela falou “por que você não faz um livro?”. Isso ficou um tempo na minha cabeça.

Paralelamente, eu venho acompanhando o movimento hip-hop, mesmo do meu lugar, eu tô ligada no que está acontecendo, eu gosto desse movimento, do graffiti, acompanho uma geração mais na frente e o Origes, que eu não conhecia pessoalmente, mas é impossível não conhecer a arte de Origes pela cidade.

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Primeiro, tentei com outro amigo, mas não deu muito certo, as agendas não bateram e então, sondando me indicaram o Igor Origes e aí trocamos uma ideia, e aí já bateu, já foi, teve tudo a ver! O personagem principal do livro é um cazumbá e o personagem, a marca do Origes hoje, é o Cazumbá, esse que tem pela cidade toda. As coisas foram casando uma com a outra e os pensamentos se conectaram.

E eu vinha procurando um ilustrador assim, alguém que fosse do movimento de rua, que fosse alguém ativo, estivesse fazendo coisas, alguém que esteja aqui no nosso lugar, não chamar alguém que é inacessível, sabe?

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Porque eu penso que assim que a gente lançar esse livro, eu e o Origes, vamos conseguir entrar nas escolas e as pessoas vão encontrar pessoas igual a elas. E os alunos, as crianças da escola pública, vão ver na gente uma inspiração, pra quem sabe escrever um livro, entrar no mundo do graffiti, do desenho, da ilustração e ver que a arte popular e a arte de rua podem estar dentro da escola e podem ser usadas como um instrumento educacional.


O livro Pereguedé chega em setembro, mas a pré-venda já está rolando! Você pode garantir teu exemplar na pré-venda com a própria autora pelas suas redes sociais pelo valor de R$ 20 (R$ 15 de frete para outras cidades do Brasil).

Fala com a Camila e encomenda logo o teu pra ti e/ou pros teus bacurizinhos 🙂

Camila Reis: Facebook Instagram;

Aproveita e conhece o também o trabalho do Origes: Igor Origes.

Steffi de Castro é psicóloga. Atua em São Luís como designer instrucional e escritora. É redatora no SobreOTatame, escreve e estuda sobre música, feminismo e comportamento. É estudante de tarô, dançarina amadora, podcaster, adora ASMR e a vida offline.

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