Quinta sobre música #10 *15 discos de 2015

Listas, listas… Sempre polêmicas. Mais polêmicas que mamilos, Boechat, Centopeia Humana 3, e por aí vai. Bom, o Sobre o Tatame decidiu se arriscar e soltar uma lista dos 15 discos que já foram lançados desde o começo do ano – e, VOCÊ, deveria ter ouvido. Ao menos, alguns deles. Ou um. Ou todos.

Esse ano, a safra de lançamentos está bem boa. E ainda tem muita coisa interessante por vir, como os novos de Radiohead e Kanye West, e os aguardados sucessores de Boogarins e Adele, entre tantos outros. Como no fim do ano deve ter post sobre todos, vamos com alguns lançados no início do ano. E não foram poucos.

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Em janeiro, a mescla de punk e indie rock do Sleater-Kinney veio bem à calhar – o ano precisava iniciar acelerado e cheio de energia. No Cities To Love mostrou o trio em um bom momento – quebrando, assim, um hiato de dez anos do último lançamento. Apesar do ritmo frenético, poesias eram necessárias. E Colin Meloy sabia que era momento de liberar algumas das suas, no belo What A Terrible World, What A Beautiful World, do grupo The Decemberists. Belo (não, não o cantor), inclusive, é uma das características para o interessante novo disco do Panda Bear (lembram do Animal Collective?). Em seu quinto disco solo, as influências dos anos 90 pipocam aos montes – e nos traz um dos álbuns mais gostosos de ouvir dos últimos anos. Falando em anos 90, lembrando grupos como Collective Soul, The Wallflowers e Soul Assylum, temos os caras do The Sidekicks, que lançaram o gostoso Runners In The Nerved World, disco produzido por Phil Ek, que já produziu nomes como Fleet Foxes e The Shins. Entre os lançamentos, ainda houve espaço para a psicodelia inerente do Pond, banda formada por integrantes do Tame Impala. Man It Feels Like Space Again é estranho – um estranho registro que merece a sua audição.

Também, no começo do ano, fomos pegos de surpresa – uma surpresa que se alastra por 17 faixas. If You’re Reading This It’s Too Late, do rapper Drake, é uma mixtape brilhante – que antecipa a chegada do quarto álbum do cantor, que deve sair até o fim do ano (poderemos ter dois trabalhos de Drake na lista de melhores do fim do ano). Se o disco de Drake não traz hits instantâneos, no novo do Peace, chamado Happy People, o lance é bem diferente. O segundo álbum dos caras é uma porrada do melhor do indie rock – comece pela faixa-título que a festa está garantida. Falando em indie, já sacaram o som do Father John Misty? A psicodelia folk de I Love You, Honeybear invade a mente – e persiste na alma. A produção de Jonathan Wilson veio bem à calhar – e vai ser difícil não memorizar os versos. Indo para ares psicodélicos, fica difícil (impossível) não falar do novo do Unknown Mortal Orchestra. Multi-Love, terceiro álbum do grupo neo zelandês/americano, traz uma beleza ímpar – e mostra uma banda inquieta, sem querer abrir espaços para comodismos, e bem disposta a experimentar.

2015 pode até trazer figurinhas carimbadas, mas nem por isso os traz no mesmo formato. Como é o caso do The Vaccines, e a sua mudança de curso em English Graffiti. Não tente estabelecer vínculos sonoros com os álbuns anteriores – os também excelentes What Did You Expect From The Vaccines?, de 2011, e Come Of Age, de 2012. Em seu terceiro disco, os ingleses são românticos, depressivos e criativos – tudo isso explicado em canções marcadas por uma mescla do rock contemporâneo com o pop oitentista, que muitos grupos conseguiram fazer de forma efetiva nos últimos anos. A ambientação pop também é o espaço comum de Kindred, novo disco do Passion Pit. Aqui, você revisita o mundo feliz/triste de Michael Angelakos – o mundo é o mesmo, ou seja, sempre imprevisível. Angelakos nos mostra que a vida é uma festa, mesmo quando ela é feita de versos tristes. Concluindo o paragrafo de rostos conhecidos nas listas dos melhores dos anos, Florence And The Machine parece ter lançado um dos melhores registros do ano – fato semelhante que ocorreu em 2009 e 2011, com os seus primeiros dois trabalhos. Em How Big, How Blue, How Beautiful, Welch é mais direta, com uma pegada rock mais urgente e agressiva que os seus últimos singles de sucesso. Falando em vozeirão, Brittany Howard está de volta – e em grande estilo. Sound & Color, novo registro do Alabama Shakes, é pulsante. Traz, ao mesmo tempo, pegadas de Blues, pitadas de Soul, inspirações no Indie, influências do Country, referências ao Gospel, e por aí vai. Tudo isso sem soar perdido. Em nenhum momento.

Antes de concluir o post, vale citar alguns lançamentos nacionais. Caberia, claramente, citar os novos do Cidadão Instigado, Tulipa Ruiz e Bixiga 70, por exemplo, mas o espaço é pouco (eles poderão vir em um post próximo). Por hora, vamos de Scalene e The Baggios. A primeira, atualmente com nome repercutido em êxtase pela participação do grupo no Superstar, lançou o bacanudo Éter. Se você torce o nariz devido ao hype, deixa disso. A banda brasiliense mostra a boa força que tem para lançar um disco competente, com destaque para as melodias bem dosadas do disco. A segunda, por outro lado, tem mais de dez anos de estrada. Nem sabia que a banda existia? Calma. O atual lançamento dos caras é o CD/DVD 10 Anos Depois – apresentação que marca a turnê comemorativa do grupo, gravada no Teatro Atheneu, em Sergipe. Aproveita e se joga no blues de primeira dos caras.

Colaboraram:

David Mendes, um dos mitos ludovicenses por trás da criação do Jukebox:

1- Kendrick Lamar – To Pimp a Butterfly; 2 – Unknown Mortal Orchestra – Multi-love; 3 – Courtney Barnett – Sometimes I Sit and Think and Sometimes I Just Sit; 4 – Sufjan Stevens – Carrie & Lowell; 5 – Jamie xx – In Colour; 6 – Father John Misty – I Love You, Honeybear; 7 – Drake – If You’re Reading This It’s Too Late; 8 – Bjork – Vulnicura; 9 – Nathalia Ferro – Alice Ainda; 10 – Toro y Moi – What For?; 11 – Jim O’Rourke – Simple Songs; 12 – Young Thug – Barter 6; 13 – Lower Dens – Escape From Evil; 14 – Tobias Tesso Jr. – Goon; 15 – Panda Bear – Panda Bear Meets the Grim Reaper.

Francisco Flávio Farias, o cara com o post de música do YouTube mais rápido do Velho Oeste:

1 – Kamasi Washington – The Epic; 2 – The Unknown Mortal Orchestra – Multi-Love; 3 – Christopher Owens – Chrissybaby Forever; 4 – Kendrick Lamar – To Pimp a Butterfly; 5 – Quarto Negro – Amor Violento; 6 – Bixiga 70 – Bixiga 70; 7 – FFS – FFS; 8 –Cidadão Instigado – Fortaleza; 9 – Jaime XX – In Colour; 10 – The Tallest Man on Earth – Dark Bird is Home; 11 – Major Lazer – Peace is the Mission; 12 – Guizado – O Voo do Dragão; 13 – Calexico – Edge of the Sun; 14 – Snoop Dog – Bush; 15 – Jackson Scott – Sunshine Redux.

Emerson Machado, o homem mais pop desde Andy Warhol:

1 – Todos os Caetanos do Mundo – Pega a Melodia e Engole; 2 – Ryn Weaver – Fool; 3 – Johnny Hooker – Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito; 4 – Florence + The Machine – How Big, How Blue, How Beautiful; 5 – Pupo Ico – Utopian; 6 – A$ap Rocky – At Long.Last A$ap; 7 – Ava Rocha – Ava Patrya Yndia Yracema; 8 – Shamir – Ratchet; 9 -Trupe Chá de Boldo – Presente; 10 – No Joy – More Faithful; 11 – Djambê – Encruzilhadas; 12 – Major Lazer – Peace is the mission; 13 – Eddie – Morte e Vida; 14 – Jamie XX – In Colour; 15 – The Vaccines – English Graffiti.

(as listas, acima, não seguem uma ordem específica de 15 melhores).

 

Gostou das listas? Opina aí. Queremos saber. 😉

 

Gustavo Sampaio é jornalista e radialista. Atua em São Luís como repórter, assessor de comunicação, produtor e editor. Já produziu conteúdo para Imirante.com, Rádio Educadora, O Imparcial, Volts, Governo do Maranhão. É editor-chefe do SobreOTatame.com, além de pesquisador musical e louco por animais.

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