Depois que as passagens são compradas bate aquela adrenalina: “Cara, vou longe pra caralho!”. Massa. Daí o tempo passa, e, de repente, dia de arrumar as malas e descer. Um pré-roteiro adiantando, consultas no google maps, check-in pela internet – pra não ficar em fila com mochila pesada nas costas –, e acerto dos últimos detalhes sobre hospedagem – todo o resto é frio na barriga. Já no aeroporto sinto bater aquela alteridade. Sempre é assim. Adoro voltar, mas partir é bem mais desafiador.
Quando pensei em escrever sobre minha passagem por Santiago não tinha ideia do que faria. Como a vontade havia surgido antes da viagem, resolvi aproveitar e curtir o lugar pra depois ver o que iria brotar na minha cabeça. Em um lugar carregado de história e “bucolicamente” poético, apesar de tratar-se de uma imponente metrópole, eu resolvi rabiscar o meu bloquinho e traduzir os meus rolê’s pela cidade de uma forma diferente. Na terra de Pablo Neruda não poderia faltar inspiração. Cravada dentro de um imenso vale, a atraente Santiago de Chile fundada por Pedro Valdivia me instigou – em textos e fotos. Então, é isso aí. Selecionei dez lugares fodas dessa trip pra literalmente viajar.
Com amor é tudo mais simples:
Café Sabores Venezuelano – (Centro)
“Café cedão com papo massa. Me sinto um cidadão do mundo, mas nunca mais que ninguém. Se respeito o próximo, me sinto próximo!. Quero fazer amigos e levar a vida suave. Com amor sempre tem mais vida. Cafezinho inspirador. Valeu, amor! A cidade nos espera, vamo nessa!
Cerro Santa Lúcia (Centro)
“Vendo a cidade de cima, me pego viajando, fazendo rimas. Escrevendo, apagando. Escrevendo novamente. Viajo! Penso em tudo que o homem é capaz de fazer. Assim, penso também no que eu sou capaz. Preciso ter prazer para fazer. Quero produções que me ajudem a viver em paz. Cabeça fria. Sempre! Meu projeto empresarial é o sossego”.
Estádio Nacional de Chile (Bairro- Ñuñoa)
“Futebol é paixão. Sentimento arraigado. Já ouvi de um mané que é frivolidade. Achei que nesse papo furado aí tinha muita vaidade. É arte também viu, brother! Arrasta multidões. Bola rolando é curtição. Sabor gostoso de uma parte da minha vida. Puta que pariu! Essa parada faz mesmo parte da minha vida. Sofro de um amor não correspondido pela pelota, mas amo de qualquer forma”.
Parque Florestal Ruben Dario – (Centro)
“Descanso, vida mansa. Coisa de malandro! Mas quem acha que a vida é só descanso tá marcando. Ledo engano. Tem hora de correr e hora de parar, mano. Mais escutar do que falar. Quem fala muito, tem de se explicar muito também. Caminhando sempre, mas parando sempre. Na parada que penso, monto meu esquema. Acelerar demais nunca compensa”.
Centro de Las Artes, la cultura y las personas [Gam] (Bairro Lastarria)
“Dança de rua, hip hop. Cidade nua e crua. Arte eleva o patamar da alma. Me deixa leve, me salva. Arte aproxima e pode distanciar também. A criação vem do pensar. E, se penso, logo existo. Vou além. Me sinto alguém. Parte de algo especial. Arte nunca – nunca mesmo -, pode fazer mal”.
Mercado Central de Santiago (Centro)
“Mariscos do Pacífico me inspiram pra um rabisco. Cheiros ainda desconhecidos. Sal e mar. União milenar. Seres marinhos me fazem crer que sou ínfimo. Mundo gigante, e eu sou apenas um menino. Dentro de uma fauna em constante evolução. De todos os seres, o ser humano é o que mais me causa aflição”.
Mercado La Vega Central (Centro)
“Mercado é lugar de muita gente. Gosto disso, mais calor humano – já disse Brow uma vez. Um quilo de vida. Sinto o sabor de estar vivo, assim como aproveito os aromas das frutas, verduras e comidas exóticas. Sem o frio do shopping, o mercado aproxima. É ombro com ombro. Vejo mais sorrisos do que caras fechadas”.
Rio Mapocho (Corta a região central de Santiago)
“Um filete de água que desce dos Andes e vira um rio gigante. Sem pedir permissão corta a cidade ao meio. Morador antigo. Presenciou revoluções, ditadores e, por último, a vitória da democracia. Olhando pra ele, sinto como se sempre quisesse me contar o que viu. Mas, de forma genial, grafiteiros deram palavras ao gigante com belos grafites às suas margens. Nem precisei abrir o livro, a rua me contou”.
Bairro Bellavista (Região central da cidade)
“Expressões me atraem sempre. Não importa de onde vêm. No papel. No som. No vídeo ou na parede. Uma ideia do outro sempre deforma a minha cabeça de alguma forma. E, assim, o que eu penso se forma. O pensamento sempre se transforma. O que vem do outro é o meu combustível mental. Tudo o que penso e acredito veio de alguém”.
Baños Colina (Cajón Del Maipo – Província de Cordillera)
“No alto da montanha eu encerro a minha viagem. Viajar, mesmo que parado no mesmo lugar, sempre me fez bem. Poder ir mais longe me aguça ainda mais. Onde o corpo pode ir é maravilhoso poder ir, mas onde a mente vai é muito mais sublime. Água quente brota das pedras como poesia brota da alma”.
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Nota do editor: O Eduardo subiu a descrição de cada momento de cada foto como fosse uma prosa com rimas para passar a vivência do local. Criando assim uma experiência de aproximar o leitor com a realidade nos locais em que ele passou durante sua passagem pelo Chile.