Estamos na véspera do nosso terceiro encontro Elas SobreOTatame: Te cuida Mulher!, o tema central deste bloco é Saúde Mental da Mulher, e essa foi a nossa forma de contribuir com a campanha do Setembro Amarelo, que trabalha a prevenção do suicídio. Para prevenir é preciso olhar com atenção para o que pode estar nos adoecendo, e essa foi a nossa proposta: informar, conscientizar e refletir.
Ao longo dos últimos dois meses trabalhamos com muita dedicação para que cada material divulgado no SobreOTatame tivesse uma linguagem acessível e alcançasse diferentes mulheres com suas diferentes demandas relacionadas a saúde mental.
Se você vai ao nosso encontro no dia 28/09, saiba que estamos ansiosas para ouvir e compartilhar com vocês sobre cada assunto que trabalhamos aqui; se você tentou se inscrever e as vagas já tinham se esgotado, não se avexe, ainda temos algumas surpresas para 2019, aguarde e confie!
Hoje vamos fazer um resumão do que foi produzido sobre esse tema, assim todo mundo chega afiado no encontro, e quem não vai e ainda não leu, pode aproveitar o que cada conteúdo traz. Vamos juntas?
Saúde mental da mulher: por que a gente quer falar disso?
Este foi o primeiro texto do bloco, escrito pela Steffi de Castro. Nesse material ela esclarece o porquê de termos decidido falar sobre saúde mental com esse recorte de gênero.
“No âmbito da saúde, não realizar um recorte de gênero para qualquer questão apresentada é minimamente insensato, afinal, há diferenças gritantes nas realidades de homens e mulheres. O sexismo, uma das características mais fortes da nossa sociedade, impõe a homens e mulheres padrões muitas vezes inalcançáveis e nada saudáveis.
Não se trata apenas de diferenciar as pessoas pelo seu sexo biológico, quando fazemos um recorte de gênero, falamos de como esta diferença se traduz na realidade a partir de noções de desigualdades profundamente enraizadas. Isto também vale para a saúde mental”
Ansiedade, Depressão e Redes Sociais: por que mulheres sofrem mais com o fenômeno da hiperexposição?
Esse material escrito por mim, Joceline Conrado, foi pensado a partir do fenômeno das redes sociais como fator de adoecimento; em como os nossos modos de utilizar o ambiente virtual tem contribuído para que patologias como a Ansiedade e a Depressão tenham seus sintomas intensificados.
“Construímos uma imagem nas redes sociais; há sempre uma intenção ao postar uma foto, um tweet, um textão ou um comentário; queremos o olhar do outro e que ele nos compreenda e valide a nossa ação. Isso tem gerado um aumento no sentimento de fragilidade na autoestima e na própria autoimagem; precisamos do outro para validar a nossa existência naquele micromundo que, muitas vezes, é apenas uma fantasia ou um recorte da realidade.
A psicanalista Teresa Pinheiro diz que o mundo faz sintomas nas épocas em reação a determinadas coisas. Talvez a ansiedade e a depressão com o seu embotamento afetivo sejam os sintomas da nossa geração superexposta e o avesso do mundo das redes sociais.”
Sobre se conhecer e respeitar (ou doar boleto a pagar)
Ingrid Assis trouxe um relato de experiência que trabalha questões que ainda são muito latentes na sociedade atual: a noção de beleza e imposições sociais.
“Outro dia, uma conhecida comentou nas redes sociais que deveríamos nos libertar dessa ideia de beleza, que não precisamos nos achar bonitas. Sinceramente, não sei se esse é o caminho. Talvez seja realmente libertador não utilizar a beleza como parâmetro quando temos inúmeros outros muito melhores. Mas, ao mesmo tempo, acredito que todo mundo deveria se sentir bonito pelo que é, porque acho que a beleza transcende nas mais diferentes formas. Pode ser o sorriso ao conseguir o primeiro emprego ou o brilho no olhar de quem vê sua prole pela primeira vez. Não sei se vamos em algum momento nos libertar da ideia de beleza, mas acho que deveríamos trabalhar para alargá-la infinitamente, até que caibam nela todos os corpos, cores e feições.”
Saiba como funciona a Rede de atendimento à Saúde Mental, em São Luís.
Neste bloco temático tivemos o apoio institucional da Secretaria Estadual de Saúde através do Departamento de Atenção à Saúde Mental. Esse material apresenta os serviços e endereços da rede de atenção à saúde mental que estão disponíveis gratuitamente em São Luís.
“Segundo o Departamento de atenção à Saúde Mental da Secretaria Estadual de Saúde (SES), São Luís conta hoje com serviços de gestão municipal e estadual. São cinco Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas modalidades II, III, Álcool e Drogas e Infantil, três ambulatórios, sete Residências Terapêuticas, uma Unidade de Acolhimento Adulto e o Hospital Nina Rodrigues que atua como Serviço de Urgência e Emergência Psiquiátrica.”
Transtorno Afetivo Bipolar: o que precisamos saber para tratar nossos preconceitos.
Material produzido pela redatora Larissa Abreu sobre o Transtorno Afetivo Bipolar; ela desmistifica questões, apresenta os sintomas e ainda dá dicas de como ser mais empático com quem tem sofrido com esse transtorno.
“Enquanto eu escrevia esse texto me peguei questionando sobre quem de nós tem um humor totalmente linear, sabe? Quem é totalmente estável e “equilibrado” durante uma semana, ou um dia que seja. Afinal, quantas não são às vezes que começamos um dia muito dispostos e alegres, e ao longo do dia, não conseguimos manter esse estado de satisfação, passando por explosões de raiva, ou de tristeza, por uma falta de vontade de fazer nossas tarefas, ou mesmo o contrário.
Oscilações de humor, oscilações na expressão dos afetos, explosões de raiva são até mesmo esperadas diante de tantas situações que lidamos no cotidiano, e convenhamos que os tempos atuais não estão fáceis pra quase ninguém!
Mulheres em especial, como já discutimos aqui no site anteriormente, passam por muito mais pressões e opressões, acarretando uma carga emocional ainda maior para carregarmos nessa vida; além, claro, de questões hormonais como a Tensão pré-menstrual e a menopausa, que também contribuem para modificações no humor e na disposição em algumas de nós.”
Transtornos alimentares: quando não conversamos com nosso corpo.
Esse material foi produzido pela psicóloga Thaís Fontinele em colaboração com o SobreOTatame. Thais fala sobre a mulher perfeita, o ideal de corpo e como os transtornos alimentares tem nos afetado.
“Somos sujeitos de relação e multiplicidade, e, por isso, apesar de tantos regimes de normalização dos corpos, de muitos mecanismos e inúmeras tecnologias de controle, ainda é possível se fabricar no entorno social alguma subversão em relação aos regimes disciplinares, construindo-se, assim, corpos que “escapam” (ao menos momentaneamente) às matrizes normativas preestabelecidas. Podemos entender as resistências como uma ação política de recusa ao individualismo já tão naturalizado no atual contexto e, assim, poderemos fazer circular no entorno social novas possibilidades de existir, formas mais “desassujeitadas” de ser, a partir de uma estética da existência.”
Dia D do Setembro Amarelo: a necessidade de conversar sobre a valorização da vida.
Pensando em ampliar ainda mais a campanha, esse material fala sobre prevenção do suicídio, do simbólico por trás da campanha.
“Setembro foi o mês escolhido para a campanha de conscientização e prevenção do suicídio. No Brasil, a campanha é realizada desde 2014 pelo Centro De Valorização a Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
O Amarelo se tornou símbolo mundial após a tragédia de 1994, em que o jovem americano Mike Emmy tirou a própria vida dirigindo um carro amarelo. Seus amigos e familiares distribuíram fitas amarelas e cartões com mensagens de apoio para quem estivesse passando pelo mesmo desespero, tornando a cor um marco na conscientização do suicídio.”
Pra não dizer que não falei dos espinhos
Material produzido pela psiquiatra Sofia Cardoso em colaboração ao SobreOTatame. Sofia faz uma reflexão sobre depressão e automutilação.
“O desejo de provocar dor e dano a si próprio de imediato remete à ideia do suicídio, no entanto nem sempre está clara qual a finalidade do ato. “Se você perguntar a alguém o que faz com que cause prejuízo a si mesmo, ouvirá relatos de “quero acabar com tudo isso”, “não aguento mais”, “queria sentir alívio do sentimento que não consigo explicar”.
A autolesão não-suicida envolve um emaranhado de emoções confusas, sentimentos ambíguos, muitas vezes impulsividade e dor. Ali, existe dor, embora se perceba que os nociceptores, aqueles que nos fazem chorar quando nos cortamos com papel, estejam dessensibilizados. Há dor.”
Por que as mulheres estão adoecendo tanto?
Esse texto foi produzido por uma das nossas convidadas para o terceiro encontro Elas SobreOTatame, a psicóloga Bartira Oliveira apresenta um panorama sobre o adoecimento psíquico em mulheres.
“Ainda perdura a invisibilidade do gênero, a dominação do modelo farmacológico ditado pela indústria farmacêutica e a medicalização como a principal forma de tratamento. Desta maneira, prevenção em saúde mental no Brasil é uma realidade muito distante, quase que inacessível.
A reitificação da saúde mental ainda interfere na neutralidade de condutas, trazendo o psiquismo para o político e indaga as relações de poder e os valores neste âmbito tão complexo e multifacetário. Os rótulos e estigmas atribuídos às mulheres, como “Histriônicas”, “Dramáticas” e “Loucas” acaba por biologizar o sofrimento mental apartando-o das questões sociais.”
Ufa! É isto. Esse foi o nosso terceiro e último bloco temático. O Elas 2019 foi um projeto pensado e executado por toda a equipe do SobreOtatame, nosso desejo é que cada material consiga trazer um impacto positivo na vida de quem nos acompanha, criar conexões e fortalecer mulheres.
Amanhã, 28/09, é o nosso terceiro encontro. Até lá =)