Uma vida melhor e mais saudável requer cuidados, com o corpo e com questões relacionadas à saúde mental.
O Elas SobreOTatame está trabalhando o tema Saúde Mental da Mulher, em apoio a campanha Setembro Amarelo. Hoje, apresentaremos a rede de atendimento à saúde mental e os serviços que estão presentes em São Luís.
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
A RAPS faz parte do nosso Sistema Único de Saúde (SUS). Foi a rede pensada para os cuidados em saúde mental, como um modo de superação ao modelo que preconizava as internações em ambiente manicomial, de longa permanência e que afastava o sujeito do seu entorno social.
Em essência, a RAPS preza para que o tratamento seja feito dentro do território, próximo da vida, da comunidade, da rotina de quem precisa cuidar da saúde mental. A ideia é fortalecer ou reconstruir os vínculos com a sua comunidade, desenvolvendo potencialidades e sentimento de pertencimento de cada pessoa que esteja em processo de sofrimento psíquico.
Leia também | Saúde mental da mulher: por que a gente quer falar disso?
Pensar o cuidado em saúde mental fora do ambiente asilar dos antigos (nem tão antigos assim) manicômios, é uma das nossas maiores conquistas, uma vitória dos movimentos sociais. A luta antimanicomial abriu portas para que hoje fosse possível discutir saúde mental de modo tão aberto e com menos tabus. A lei 10.2016/2001 assegura os direitos da pessoa com trantornos mentais. Aqui vale a nota que todo e qualquer retrocesso ao antigo modelo higienista, deve ser combatido veementemente.

A RAPS foi instituída pela portaria 3088/2011 e tem abrangência de serviços para atenção à saúde de pessoas com necessidades relacionadas a transtornos mentais como depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo e para pessoas com problemas relacionados ao uso abusivo de álcool e outras drogas.
A rede conta com serviços que vão desde a atenção básica até a alta complexidade, que incluem a internação, por tempo determinado para casos mais graves, como os casos de depressão severa, ideação ou tentativa de suicídio.
Serviços que devem fazer parte da RAPS:
- Atenção Básica à Saúde: Unidades Básicas de Saúde, Consultório da Rua, Centros de Convivência e Cultura;
- Atenção Psicossocial Estratégica: Centro de Atenção Psicossocial (CAPS);
- Atenção de Urgência e Emergência: UPA 24H, SAMU, Portas Hospitalares de Urgência e Emergência;
- Atenção Residencial de Caráter Transitório: Unidades de acolhimento. serviço de atenção em regime residencial, comunidades terapêuticas;
- Atenção Hospitalar: Leitos em Hospitais Gerais;
- Estratégias de Desinstitucionalização: Serviços Residenciais terapêuticos e Programa de Volta pra Casa;
- Estratégias de Reabilitação Psicossocial: Iniciativas de Geração de Trabalho e Renda; Fortalecimento do protagonismo de usuários e familiares.
Rede de Atendimento à Saúde Mental em São Luís
Segundo o Departamento de atenção à Saúde Mental da Secretaria Estadual de Saúde (SES), São Luís conta hoje com serviços de gestão municipal e estadual. São cinco Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas modalidades II, III, Álcool e Drogas e Infantil, três ambulatórios, sete Residências Terapêuticas, uma Unidade de Acolhimento Adulto e o Hospital Nina Rodrigues que atua como Serviço de Urgência e Emergência Psiquiátrica.

Pensar a importância da RAPS, é pensar que pessoas com sofrimento psíquico não devem ser tratadas longe de suas casas, enclausurados compulsivamente; é pensar que quanto mais próximo de um entorno social afetivo o sujeito estiver, maiores são as chances de progredir no tratamento.
“É importante falar sobre os pontos de atenção em saúde mental, porque no imaginário social, ao se falar em saúde mental, pensa-se logo em atenção especializada. Mas, nas Unidades Básicas de Saúde, nós temos trabalhado a prevenção e também casos leves de depressão”.
Isabelle Araújo, chefa do Departamento de Atenção à Saúde Mental da SES.
Ao falar sobre à atenção especializada, Isabelle Esclarece:
“Nós temos uma rede de serviços especializados que conta com os CAPS em suas diferentes modalidades: O CAPS I que atende municípios com populações de 15 a 20 mil habitantes (a maioria dos municípios no Maranhão tem CAPS nessa modalidade); o CAPS II que atende populações de 20 a 30 mil habitantes; O CAPS III que é uma modalidade de complexidade maior, e funciona 24h por dia com leitos de observação; temos ainda os CAPS ad e CAPS ad III que são destinados a pessoas com transtornos oriundos do uso abusivo de álcool e outras drogas”.
Isabelle Araújo.
Os CAPS são pontos estratégicos para o cuidado em saúde mental, devem ser o contato preferencial com a rede. Os acolhimentos são feitos por uma equipe multiprofissional, e cada pessoa é atendida conforme sua demanda e complexidade. O ideal é que toda a família seja acolhida para o bom desenvolvimento do tratamento.

As atividades oferecidos nos CAPS incentivam a autonomia, a criatividade e as relações interpessoais entre os usuários. São lugares que auxiliam a pessoa que está no processo de sofrimento a se reconectar com sua história.
Leia também | Sobre se conhecer e se respeitar (ou doar boleto a pagar)
Para que a RAPS seja eficaz, é importante que os serviços se comuniquem. Sobre isso, Isabelle esclarece: “Hoje nós temos uma rede que se comunica, que dá suporte, tudo isso é de grande relevância para a saúde mental. É preciso reforçar que essa rede se comunica, que a pessoa com transtorno mental é vista como ser biopsicossocial e tem todas as suas necessidades atendidas”.
Esse material foi pensado e elaborado em parceria com o Departamento de atenção à Saúde Mental da Secretaria Estadual de Saúde. Abaixo, disponibilizamos o endereço de cada serviço da RAPS em São Luís:
Ambulátório Farina | Rua 03, Q.17, N° 05, Filipinho |
Ambulátorio Clodomir Pinheiro Costa | Avenida das Palmeiras, S/N, Anjo da Guarda. Ao lado do sup. Carone |
CAPS Álcool e Drogas Municipal | R. Martins Hoyer, N° 22, Q-R – Bairro Filipinho |
CAPS II Municipal | Rua Projetada, II, n. 11, Q.F, Jardim Libânes – Olho D´água |
CAPS infantil Municipal | R. H, Qd. F, n. 05 – Jardim Atlântico – Turu |
Serviço Residencial Terapêutico Municipal | R.02, Q.06, casa 23- Filipinho |
Serviço Residencial Terapêutico Municipal | Rua 34, Quadra 25, N° 02, Jardim São Cristóvão |
Serviço Residencial Terapêutico Municipal | Av. Daniel de La Touche, Q. C, n. 05 – Bairro Ipase |
Coordenação Municipal de Saúde Mental | Secretaria Municipal de Saúde de São Luís, Parque do Bom menino |
HOSPITAL NINA RODRIGUES | Av. Getúlio Vargas, n. – Bairro Monte Castelo |
CAPS Álcool e Drogas Estadual | Rua Conde D´Eu, n. 65 – Monte Castelo |
CAPS III Estadual | Av. Getúlio Vargas, n. 2738 – Bairro Monte Castelo |
Serviço Residencial Terapêutico 1 Estadual | Rua Conde D´Eu . N. 93 – Monte Castelo |
Serviço Residencial Terapêutico 2 Estadual | Rua Conde D´Eu . N. 71 – Monte Castelo |
Serviço Residencial Terapêutico 3 Estadual | Rua São Pedro N° 100, Maioba. Paço do Lumiar |
Unidade de Acolhimento | Av. 03, Q.04 – Cohab – Anil 4 |
Iniciativa Elas SobreOTatame
Este texto faz parte do Elas SobreOTatame: uma iniciativa do SobreOTatame que aborda temas do universo feminino ao longo do ano, em textos, podcasts, encontros presenciais e convidados especiais. Tudo isso sob o comando da mulherada do site.
No segundo bloco, ocorrido entre abril e junho, a temática foi sobre Maternidade:
- Nós e nossas mães: uma reflexão sobre a relação entre mãe e filhas
- Violência obstétrica: a maternidade não deve começar assim!
- Puerpério: seis relatos de experiências sobre a desromantização do pós-parto
- 2º Encontro Elas SobreOTatame: Maternidades
- Com apoio da SEMU, Encontro Elas SobreOTatame debate sobre “Maternidades” em nova edição
- Às mães solo, com amor e empatia
Cada bloco dura três meses, com uma temática escolhida. O primeiro foi sobre Prazer Feminino e Autoconhecimento. Durante os meses de janeiro a março, vários materiais sobre esta temática foram publicados:
Podcast SoT EP01 – Do Luxo ao Lixo: experiências em apps de paquera
Tornando-me mulher com outras mulheres
Elas SobreOTatame entrevista Seane Melo