Multidão lotando o Centro Histórico de São Luís na edição 2018 do Festival BR 135 (Foto: Laila Razzo/Reprodução/Facebook).
Novembro, para mim, sempre vai ser aquele mês de expectativa e muita ansiedade. E a culpa é do Festival BR 135.
O comichão começa com a divulgação das primeiras atrações. É sempre eita atrás de eita e, esse ano, não é diferente. Como não sentir palpitação sabendo que a diva maravigold, Xênia França, estará questionando a plenos pulmões “Por que me chamas?”, de graça na praça? Como não dar aquela reboladinha marota com a voz interna cantando “Tá de shortinho/Bem coladinho/ Tá bem safado/Descaradinho”, de Àttooxxá?
Logo em seguida, começa a segunda etapa de euforia: hora de articular com os amigos quem vai, quando vai e como vai. Tudo tem que estar devidamente orquestrado, para não perder nenhum show importante. Tarefa quase impossível, visto que são muitos e por que tão bons?
Poucas horas antes do evento, a ansiedade aumenta. Momento de providenciar o glitter para besuntar a cara, fingir estilo e costume, escolher a roupa mais colorida e alegre, e separar a graninha das biritas e do churrasquinho, para comer sentada na calçada, no final da noite.
Devidamente preparada, rumo ao BR 135!
Esse festival, que, para mim, não significa apenas curtir boa música, de graça, em lugar público, ao lado de pessoas das mais diferentes classes, cores e credos.
O BR 135 significa encontrar amigos, dançar como se não houvesse amanhã e como se meus joelhos de mais de 30 anos tivessem apenas 20.
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Este festival é um momento de beijos e abraços calorosos, trocados na correria entre um show e outro. É encontrar aquela pessoa amada, que a vida afasta, e ser recebida com um abraço que tira teus pés do chão.
É ver os amigos músicos dando show de profissionalismo no palco e animando uma plateia gigante. É ver uma multidão curtindo música maranhense com a alma, colocando o “Special Power” para fora e dançando coladinho o reggae “TQT”, na voz suave de Paulão.
O BR é aquele festival que você olha para o line-up e se vê porque está todo mundo lá: a mulher negra periférica, a drag queen mitológica, o integrante de bumba meu boi…
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Esse será mais um daqueles fins de ano vazios, pois não viverei toda essa ansiedade pelo BR 135. Estou longe demais de todo esse amor. Por isso, peço: vá ao BR 135!
Curta os shows, abrace, beije, ame, coma churrasquinho no final da festa, ocupe o espaço público e apoie a cultura local. Ser feliz em tempos de ataques à essa cultura rica, mista e linda que temos é se posicionar.
Nunca foi tão político ir a um Festival BR 135.