Seis filmes para entender a luta contra a homofobia

Trouxemos uma lista com dicas de filmes para você entender a importância da luta contra a homofobia. (Foto: Moonlight / Reprodução)

Por Amanda Drumont e Thaisa Viegas

Estamos na semana de combate à Homofobia e aqui, no SoT, preparamos uma sequência de materiais voltados para essa temática. Separamos pra vocês uma lista de filmes aclamados pela crítica! Mas por quê?

Nós sabemos que a indústria cinematográfica é historicamente patriarcal, com uma narrativa heteronormativa que atravessa não só o cinema, como a nossa sociedade através dos anos. Mas sabemos também que outras narrativas existem e elas merecem tanto protagonismo quanto a hegemônica! A seguir, trazemos para vocês uma lista de seis longas com a temática LGBTQIA+ – e todos eles aclamados pela crítica!

Antes de começar a lista vale dizer o que estamos chamando de aclamação da crítica. Sabe aquele filme que os críticos de cinema dão boas avaliações, que estreia em grandes festivais e que ganham premiações pelo seu belo trabalho? Bom, é isso que chamamos de aclamados pela crítica!

1-) Me Chame Pelo Seu Nome (2017)

Dirigido por Luca Guadagnino, o filme é inspirado num livro de mesmo nome, e foi produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira. Oliver é um acadêmico que viaja durante as férias para trabalhar num projeto com o seu professor, pai do jovem Elio. Em meio ao cenário bucólico italiano, o filme conta a história desse encontro.

Um filme carregado de sentimentos, onde as personagens nos levam a todas as emoções de um primeiro amor. Desde os olhares, aos toques, as dúvidas de ser ou não correspondido, à entrega de si por completo que um faz ao outro.

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Me Chame Pelo Seu Nome foi amplamente premiado no Independent Spirit Awards (premiação mais importante para filmes independentes), recebendo pelas categorias de direção, cinematografia, atuação e edição, sendo também considerado o melhor filme daquele ano na premiação. Além disso, o filme ganhou uma estatueta no Oscar eleito como melhor roteiro adaptado.

O filme acerta em diversos aspectos, desde a cinematografia até a trilha sonora. Recentemente, o diretor confirmou a continuação da história e nós já estamos ansiosos para ver!

2-) Retrato de Uma Jovem em Chamas (2019)

Seria impossível fazer essa lista e não trazer esse filme para vocês! Roteirizado e dirigido por Céline Sciamma (que também é LGBTQIA+), Retrato De Uma Jovem em Chamas se passa na França do século XVIII.

É nesse cenário que Marianne, uma pintora em ascensão, é chamada para pintar um quadro de Heloise, com o objetivo de enviar o quadro para o seu futuro esposo. Enquanto o quadro começa a ser produzido, as duas mulheres acabam por se apaixonar e a trama se desenvolve a partir desse encontro.

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Embora tenha sido esnobado pelo Oscar 2020, o filme recebeu seus louros no Festival de Cannes de 2019, onde o filme fez sua estreia. Na ocasião, além de ter sido indicado à Palma de Ouro e ter recebido o prêmio de melhor roteiro, o longa ganhou o Queer Palm – prêmio do Festival de Cannes dedicado à obras de temática LGBTQIA+.

Seguramente uma das obras mais tocantes e expressivas de 2019, o filme é uma indicação obrigatória para todo fã de cinema!

3-) Moonlight – Sob A Luz Do Luar (2016)

Dirigido e roteirizado pelo brilhante Barry Jenkins, o filme traz para a narrativa central três recortes da vida de Chiron, homem negro que vive numa comunidade pobre de Miami. O filme fala sobre as dores e as delícias de ser um jovem deslocado dentro de um lugar, de uma família, de uma sociedade.

O longa foi conquistando a crítica timidamente, ganhando diversos prêmios no Independent Spirit Awards. Quando a temporada de premiações começou, Moonlight saiu premiado em categorias no Critics Choice Awards e no Globo de Ouro – onde foi considerado o melhor filme de drama entre os indicados.

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Na cerimônia do Oscar, Moonlight recebeu a estatueta de melhor roteiro adaptado. Ao final da cerimônia, a academia anuncia La La Land como melhor filme. Enquanto a produção subia ao palco, os responsáveis pelo anúncio se corrigiram e confirmaram que o verdadeiro vencedor do Oscar de Melhor Filme tinha sido Moonlight.

Sem dúvidas, o melhor filme daquele ano!

4-) A Criada (2016)

Uma produção fílmica da Coreia do Sul, Agassi é dirigido por Park Chan-Wook, tem como elenco Min-Hee Kim, Kim Tae-Ri e Ha Jung-Woo. Estreado no Brasil em 2017, teve o título adaptado para A Criada.

O longa traz como pano de fundo uma Coreia do Sul dos anos de 1930, que está sob ocupação japonesa e que deixa evidente os extremos que existem na sociedade, o que é muito bem representado pelas personagens principais da trama. Sookee, uma garota pobre, em situação de miséria, aceita a proposta de um vigarista que em troca de um emprego, precisa que ela o ajude a desposar Hideko, uma herdeira nipônica que vive isolada do mundo nas mão autoritárias de um tio.

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Tudo parece correr como o planejado, até que somos surpreendidos pelo envolvimento entre as duas jovens. O filme discorre uma narrativa que consegue nos prender e nos surpreender do início até o fim. Quando pensamos em ter pena de Hideko por toda a maldade que a cerca, já nos deixamos levar por seu jogo de fragilidade.

A Criada é impecável no enredo, além de nos proporcionar belíssimas imagens de uma fotografia incrível.

5-) Carol (2015)

Carol é um filme de gênero drama, dirigido por Todd Haynes, diretor e roteirista independente que é um dos pioneiros do New Queer Cinema. Tem o enredo baseado na obra The Price of Salt, escrito por Patricia Higshminth e lançado em 1952.

O longa reúne nada mais, nada menos que Rooney Mara e Cate Blanchett  no elenco, e se passa em plena Nova Iorque dos anos 50, em uma época natalina, onde Carol (interpretada por Cate Blanchett) conhece Therese (Rooney Mara) uma simples vendedora de uma loja de brinquedos.

Carol é uma mulher sufisticada, sedutora, dona de uma personalidade indomável, acostumada à vida da alta sociedade. Para além das convenções, ela vive um casamento de aparências que está em processo de divórcio. Ao se envolver com Therese, uma jovem solitária e amante de fotografia, ela coloca em jogo o destino da própria filha.

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Este é um filme cheio de sinuosidade das coisas que não estão ditas, mas que podem ser percebidas nos gestos, olhares, trocas entre as duas personagens. Carol é um mistério para Therese, assim como os sentimentos que ela a desperta.

Trata-se de um romance delicado e sutil, que perpassa as idiossincrasias de seu tempo, como a imposição de uma moral, de uma estrutura familiar e comportamento, que parecem estar acima de tudo, inclusive do amor e da liberdade. Mas para além disso, nós nos deixamos submergir nas profundidades que cada uma das personagens apresenta. O filme está disponível na Netflix, vale muito a pena ver.

6-) Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014)

Não poderíamos encerrar essa lista de outra forma: com filme nacional aclamado pela crítica e pelo público! O longa Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi produzido, roteirizado e dirigido por Daniel Ribeiro e traz a história do jovem Leonardo (Léo, para os íntimos!), um estudante cego do ensino médio que inicia a trama em busca da sua liberdade pessoal e amorosa.

Com uma trama leve e cheia de camadas, a produção começou com um curta-metragem (2010) que deu muito certo e acabou se transformando no filme que aprofunda a história do protagonista.

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O filme teve seu lançamento nos cinemas brasileiros e logo ganha carreira internacional, passeando e conquistando prêmios em importantes festivais de cinema mundial como o Festival de Berlim e o Festival de Cinema de Guadalajara.

No Brasil, o longa foi considerado o melhor filme de 2015 pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Esse tem na Netflix, você já pode assistir inclusive!


Sabemos que há muitos outros filmes que poderíamos incluir nessa lista, mas optamos por esses porque também perpassa pelo nosso gosto pessoal. Não descartamos a possibilidade de continuação dessa lista, então: fica de olho!

  • Critérios de seleção:
    • Filmes LGBTQIA+;
    • Filmes premiados: prêmio em algum dos principais festivais de cinema mundial como OSCAR, Globo de Ouro, Festival de Cannes, Berlinale, Festival de Veneza, César Awards, BAFTA e Independent Spirit Awards;
    • Filmes aclamados pela crítica: boas avaliações no IMDb e no Rotten Tomatoes;
  • Filmes e seu currículo:
    • Call Me By Your Name (2017):
      • Tradução: Me Chame Pelo Seu Nome;
      • Direção: Luca Guadagnino;
      • Roteiro: James Ivory, baseado no livro com mesmo nome de André Aciman;
      • Produção: Itália, EUA, Brasil e França;
      • Nota IMDb: 7,9;
      • Nota Rotten Tomatoes: 95%;
      • Prêmios:
      • Curiosidades:
        • Um dos produtores do filme é o brasileiro Rodrigo Teixeira, produtor da frutífera RT Features;
        • Foi confirmado pelo diretor uma sequência do filme, com Timothée Chalament e Armie Hammer no elenco.
    • Portrait De La Jeune Fille En Feu (2019):
      • Tradução: Retrato de Uma Jovem Em Chamas;
      • Direção: Céline Sciamma;
      • Roteiro: Céline Sciamma (original);
      • Produção: França;
      • Nota IMDb: 8,2
      • Nota Rotten Tomatoes: 97%
      • Prêmios:
        • Festival de Cannes: Roteiro, Queer Palm e indicado à Palme d’Or.
        • César Awards: Melhor Fotografia.
      • Curiosidades:
        • Na cerimônia de premiação do César Awards, o elenco e equipe do filme se retirou da plateia em protesto ao prêmio concedido a Roman Polanski, cineasta acusado de assédio sexual dentro do seu contexto cinematográfico. A protagonista do filme, Adèle Haenel, foi a primeira a deixar o recinto.
    • Moonlight (2016);
      • Tradução: Moonlight – Sob a Luz do Luar;
      • Direção: Barry Jenkins;
      • Roteiro: Barry Jenkins;
      • Produção: Estados Unidos;
      • Nota IMDb: 7.4;
      • Nota Rotten Tomatoes: 98%;
      • Prêmios:
        • Critics Choice Awards: Melhor ator coadjuvante e melhor atriz elenco;
        • Globo de ouro: Melhor filme de drama;
        • Independent Spirit Awards: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro, melhor cinematografia, melhor edição e melhor elenco;
        • OSCAR: Melhor ator coadjuvante, melhor roteiro adaptado e melhor filme.
      • Curiosidades:
        • Na cerimônia do Oscar, erroneamente anunciaram La La Land como melhor filme. Enquanto produção subia ao palco, os responsáveis pelo anúncio se corrigiram e confirmaram que o verdadeiro vencedor do Oscar de Melhor Filme tinha sido Moonlight.
  • Agassi (2018):
    • Tradução: A Criada
    • Direção: Park Chan-Wook;
    • Produção: Coreia do Sul
    • Nota IMDb: 8,1 
    • Prêmios:
      • Blue Dragon Film Award: Melhor atriz – Kim Hye-joon 
      • Prêmio BAFTA de Cinema: Melhor filme estrangeiro 
      • Asian Film Award: Melhor Revelação 
      • Asian Film Award: Melhor atriz Coadjuvante Moon So-ri
      • Blue Dragon Film Award: Melhor direção de arte
      • Vulcain Prize: Artista Técnico 
      • Asian Film Award: Melhor Designer de Produção 
      • Asian Film Award: Melhor Figurino 
  • Curiosidades:
    • Foi indicado ao Palma de Ouro em 2016 e em premiações como Grand Prix;
    • Agassi significa “a dama” e isso é uma referência clara à Lady Hideko, enquanto que as adaptações do título variam em “The Handmainden” e “A Criada” que evidenciam a personagem da interpretada pela Kim Tae-ri;
    • Kim Tae-ri passou por uma verdadeira batalha para conseguir o papel de Sook-hee, foram mais de 1.500 candidatos para interpretar a personagem;
    • O filme antes mesmo de ser lançado no seu país de origem, já tinha alcançado mais de 116 territórios na pré-venda;
    • Kim Tae-ri era fã da atriz Kim Min-hee e ela não fazia ideia de que o papel Hideko seria interpretado por Min-hee. Foi só depois de ser escalada para o papel de Sook-hee que a atriz finalmente soube que dividiria cena com quem ela tanto admirava. 

Carol (2015):

  • Tradução: Carol;
  • Direção: Todd Haynes;
  • Roteiro: Phyllis Nagy, baseado no livro “The Price of Salt” de Patricia Highsmith;
  • Produção: Estados Unidos e Reino Unido;
  • Nota IMDb: 7,2;
  • Nota Rotten Tomatoes: 94%;
  • Prêmios:
    • Queer Palm;
    • Prêmio de Interpretação Feminina – Festival de Cannes a atriz Rooney Mara;
    • Independent Spirit de Melhor Fotografia;
    • National Society of Film Critics Award de Melhor Diretor.
  • Curiosidades:
    • O filme estreou no Festival de Cannes em 2015, sendo indicado à Palma de Ouro daquele ano;
    • O filme foi rodado em Super 16mm (analógica);
    • Carol foi eleito pelo American Film Institute como um dos 10 melhores filmes de 2015;
    • Recebeu 6 indicações ao Oscar 2016.
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