Salve, rapaziada. O Sobre o Tatame abriu gentilmente o seu espaço para o Hip Hop e noiz chegamos aqui com essa sequência de 10 lançamentos recentes da cena pra você iniciar esse ano ouvindo coisa boa. Foi difícil fazer o levantamento desse bagulho, diante da crescente produção em todo país. Nos prendemos a trabalhos apresentados nos últimos meses de 2016 e nos primeiros dias deste ano. E o setlist tá frenético: sem cortesia. Vamos do mestre Mano Brow – numa cena romântica -, passando pelo lançamento póstumo do saudoso e inesquecível Maurinho, vulgo Sabotagem, até o Coruja BC1, maluco da new school que chegou metendo o pé na porta. Mas aí, chega de blá, blá, blá, pluga o headphone e brisa no flow dessa rapaziada.
Mano Brow – Boogie Naipe
Ponta firme dos Racionais MC’s, Mano Brow mudou radicalmente o estilo em seu primeiro álbum solo. O Maluco inovou e, usando Funk, Disco e Soul dos anos 70, mostrou uma faceta pouco conhecida pelos seus fãs. Recebeu críticas, mas também foi bastante elogiado. E com a frase “Sou ladrão, eu pulo muro e saio correndo” Brow afirmou que sua arte não será “vigiada” por nenhum carcereiro. Ele é foda!. Saca aí:
Sabotage
Treze anos após seu assassinato, o Maestro do Canão mostrou pra gente o quanto era à frente do seu tempo. Com gravações antigas feitas pelo artista dias antes do crime, o álbum Sabotage foi produzido pelo selo Instituto, liderado por Daniel Ganjaman, Tejo Damasceno e Rica Amabes. Pegando trampos ainda inacabados, figuras como Dexter, B.Negão, Céu, Sandrão e Quincas Moreira deram vida a essa obra prima do Rap Nacional. Viaja aí no que o Maurinho deixou de presente pra noiz:
Síntese – Trilha para o Desencanto da Ilusão, Vol 1
“De São José pra rescender sua fé”, o Síntese veio pra tocar na alma da malucada com o seu mais recente trabalho. Com um conceito visual extremamente original e levadas diferentes do que, até então havia feito, Neto mostrou versatilidade sem perder sua profundidade nas letras. O álbum tem produção e direção musical do próprio Neto, com direção técnica de Daniel Ganjaman. O trampo ficou foda e no You Tube as imagens ajudam a parada a ficar ainda mais legal. Dá o play e reflita sobre vida, amor e fé:
Raphão Alaafin – Camaleando e Sampleando
Zica do flow, Raphão Alaafin lançou essa mixtape no fim do ano passado. Em parceria com Roodrigues Boma, o MC de Osasco usou várias colagens de entrevistas, trechos de falas de Tim Maia e Tom Zé nas músicas e, com letras sagazes, produziu um trabalho muito bom. Sem falar nas referências com Naruto e Bastardos Inglórios. O cara é muito criativo – e canta pra caralho! Muita coisa boa nesse trampo, só escutando pra entender o que estou falando:
Rael – Coisas do meu imaginário
Lançado pelo selo Laboratório Fantasma, do rapper Emicida, em novembro de 2016, o álbum lançado por Rael traz uma musicalidade sensacional, diferente do que é comum no rap, mas ficou muito bom. Ganjaman traz seu selo de qualidade para o trabalho. Como Rael mesmo fala, tem “som de mina”, sim, mas tem muita letra foda – a exemplo da faixa “Quem tem fé”, que tem a participação do glorioso Chico César:
https://www.youtube.com/watch?v=MCikc4elf-M
Rincon Sapiência – Ponta de Lança
Valorizando a cultura do MC, Rincon Sapiência lançou esse som nos últimos dias do ano passado e chapou demais. Com a tradicional pegada africana, o Manicongo brinca de rimar e faz questão de mostrar que a cultura é muito maior do que o mercado. Pra tirar uma onda, ele lançou um videoclipe gravado com uma câmera Sony vx2000, que deixou o filme com uma aparência antiga bem legal. “MC acima da média?” hehe. Vê o que Sapiência fala sobre isso nesse som:
Karol Kolombiana – Auto Sabotagem
A MC Karol Kolombiana mostrou mais uma vez a sua faceta em trabalho solo com uma caneta afiada. Ela manda muito e o som tem uma crítica densa. O som é produzido pelo DJ R Jay. Pra fechar, o rapper Eduardo, ex-Facção Central, faz uma participação forte, como sempre – e sobra até para a “legião de Bolsonaros, que vomita ódio racial”. O videoclipe emocionante é assinado por Don Pablo. Trampo fino. É um grito de socorro no atual momento em que vivemos, com protestos de camisas da CBF e pedidos para a volta da ditadura militar. O som saiu no dia 25 de janeiro, tá fresquinho:
https://www.youtube.com/watch?v=gwU6UkjLsFA
Maravibs – Vem na Vibe
Representando a cena local do rap, a rapaziada da Maravibs lançou recentemente mais um som. Numa vibe “sussa” , MC Maykel e Viny Sampaio usam os beats assinados por Cainã para falar de coisa boa. Equilíbrio, mente, brisa, amizade e outras paradas. O som tem uma pegada melódica e agradável. O videoclipe, da D’Preto Produções, mostra bem o que eles querem de dizer com “Vem na vibe”. Positividade total no trampo:
https://www.youtube.com/watch?v=Oi_dZxBGlzY
Slim Rimografia – ‘M.Arte’
Com assinatura em todas as produções, Slim Rimografia voltou com um disco inovador. Com técnicas apuradas na arte de produzir som, Slim tirou onda e trouxe participações de Rashid, Xis, Kleber Sampaio e outros. Slim é de outro planeta, como ele mesmo fala: de Marte. O som é de muita qualidade. Segundo o próprio Slim o lema é: “Rap nota 10 na falta das nota de 100”. Bom. A evolução no rap passa por esse cara, com certeza. Ouça:
Coruja BC1
Da nova geração, Coruja BC1 ganha seu espaço e cada vez mostra qualidade. O moleque já foi contratado para a Laboratório Fantasma e mostrou pra que veio nesse som lançado recentemente. Ele pegou os beats do som A Tale of 2 Cities, do rapper J.Cole, e “ligou o foda-se” na faixa “MODO F”. Saiu disparando rimas precisas e cirúrgicas. Pesadão. O videoclipe é frenético:
E você, tem alguma sugestão dividir conosco? Desce a letra!