Sessão Brazuca: Trago Comigo – Memórias de uma ditadura

Trago comigo a luta de uma geração.

Trago comigo a dor da opressão.

Trago comigo lembranças de um país rebelde – e com causa.

Trago comigo as marcas de tudo isso.

Trago comigo a revolta de saber que os torturadores estão livres e sendo homenageados publicamente na câmara dos deputados.

Trago comigo a esperança de dias melhores.

Tata Amaral traz tudo isso em seu novo trabalho, um longa-metragem baseado em uma minissérie homônima exibida pela Tv Cultura em 2009. A produção mescla sequências de ficção da minissérie com depoimentos de vítimas da ditadura civil-militar.

Trago comigo retrata os traumas vividos e as sequelas dos mesmos na sociedade atual. Parece que superamos esse momento obscuro da nossa história, mas a verdade é que depois de assistir ao longa e ver a dor nos olhos das pessoas que viveram uma revolução que eu li nos livros, acabei percebendo que não. Não dá para superar o fato de torturadores nunca terem sido julgados e condenados por determinados tipos de violência.

postfilmeditadura
(Foto: Divulgação)

No filme, para evitar ações judiciais, usa-se uma tarja sobre a boca das pessoas que dão seus depoimentos quando elas dizem os nomes dos seus torturadores. A tarja aparece, o som se vai e as lágrimas rolam tanto em cena quanto do outro lado da tela. É a ditadura que ainda perdura. Uma ditadura silenciosa que não nos deixa gritar os nomes daqueles que feriram, mataram e traíram sua pátria.

Na página do filme, foram publicados 48 vídeos com menos de 3 minutos nos quais atores, artistas e ativistas leem relatos de ex-torturados pela ditadura civil-militar.

A Cineastra Tata Amaral trata sobre um assunto sério com muita leveza e um pouco de humor, porém não esconde a rigidez dos tempos de 64. O longa foi o vencedor do “prêmio do público” no último Festival de Cinema Latino-Americano.

Aproveita o final de semana e a atual situação do nosso país para dar uma chance ao cinema brasileiro e de quebra conhecer um pouco melhor o nosso passado. Só assim entenderemos o presente e lutaremos por um futuro menos obscuro.

“Quando a ditadura é um fato, a revolução é um dever”

#TragoComigoUmaLembrança

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Maranhense, porém nômade. Acredita ser jornalista e trabalha com marketing, é autora de livros infanto-juvenis e dá conselhos amorosos em mesa de bares da metrópole paulistana, escreve seus devaneios no Amor é Brega, no site Superela, aqui e nos guardanapos dos cafés paulistanos.

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