Lembram do post em que sugeri que vocês “precisavam” de um festival? Pois é. Eis que surge mais um texto de “sugestão”. Desta vez, a partir de reflexões que tive assistindo algumas produções audiovisuais. Entre elas, Fear the Walking Dead, um prequel da famosa série de zumbis The Walking Dead – que já arrastou milhões de espectadores mundo afora. O spin-off, que mostra o início do apocalipse zumbi já bastante famoso na produção veterana, foca menos em mordidas e mortes do que se imaginaria, e foca no suspense e na tensão que deve ser ter um mundo desabando aos seus pés. Mais que a conformidade de ter um mundo destinado aos “walkers“, Fear (…) foca naquela velha questão: “O que fizemos de errado?”
O grande objeto dessa temporada de estreia de Fear The Walking Dead é o tempo. Não em sua brevidade, mas em saber que, com a pressão de que ele é finito, tomamos decisões que mostram-se equivocadas e desnecessárias para o momento. Nos primeiros episódios da série, além dos dramas pessoais de cada personagem que nos são apresentados, entramos, também, em um mundo que não estava preparado para uma calamidade – como já é agora.
Além do despreparo, este spin-off evidencia que as autoridades dificilmente resistiriam em priorizar os problemas do povo – partindo, na primeira oportunidade que tivessem, a defender seus próprios interesses. Um debate, inclusive, que não vai muito além do que já é visto nos atuais cenários políticos, econômicos e/ou sociais.
A série acerta em cheio nesse ponto: tornar a ficção de um apocalipse zumbi bastante verdadeira no que tange relacioná-la a alguns pontos discutidos hoje na sociedade. A verborragia de opiniões nas redes sociais, por exemplo, também não fica de fora. No segundo episódio de Fear (…), o caos é estabelecido em uma cidade dos EUA, principalmente, pela dificuldade da população (totalmente em êxtase pela morte de um mendigo) em estabelecer um diálogo com as autoridades. Um instinto coletivo de revolta é instaurado – e as vozes opostas acabam se calando não por debates significantes e edificantes, mas por mordidas mortais.
Um outro ponto mostrado é a dificuldade do ser humano em se desprender dos seus gostos e necessidades pessoais devido a algo maior. Nick, vivido por Frank Dillane, arrasta-se pela temporada tentando sobreviver – com um adendo: a sobrevivência dele é medida a partir de sua dependência às drogas (que podem ser, ou não, a razão para o apocalipse). Alicia, personagem de Alycia Debnam-Carey, vive, também, uma dependência, porém focada em outro ponto: em um mundo que já se foi. Em outras palavras, em um mundo em que ela poderia casar, construir uma família e ser a mulher e mãe dos sonhos.
Além destes e outros pontos, Fear The Walking Dead chega se tornando uma ferramenta audiovisual essencial para o debate de nossas necessidades e sobre aquilos que realmente acreditamos e de que forma defendemos-as.
Não é que você precise de um apocalipse zumbi. Mas pare para pensar se, em caso de um, em como você reagiria. Talvez a existência dele possa complicar a sua. Ou não – talvez você já esteja morto bem antes.
Nunca assisti The Walking Dead e, na verdade, nunca me interessei por zumbis. Vi dois filmes com eles, mas não por causa deles: Eu Sou a Lenda e Zumbilândia que, apesar do nome, me pegou numa tarde vazia por causa do elenco rs.
Mas, a temática dessa spin off parece ser bem mais interessante… Não sei se assistirei. Se fosse um filme, talvez. Séries pedem muito comprometimento :p
De qualquer forma, deixo registrado aqui que num apocalipse zumbi, eu morreria antes de usar quaisquer habilidades de sobrevivência que os fãs da série conhecem e eu não haha