Sim… você precisa de um festival

EU PRECISAVA…ter ido ao Lollapalooza Brasil 2015. Era necessário. Pelo festival? Não. Mas sim por toda a experiência que ele conseguiu me proporcionar em dois dias. Foi pelas atrações? Também. Os artistas que me motivaram a ir tiveram um papel crucial na minha diversão naquelas horas de evento. Mas não foram os únicos motivos. Não mesmo.

EU PRECISAVA…ver o sorriso no olhar dos outros ao cantar a canção favorita. Parece algo besta, mas você já se viu cantando aquela faixa que te aperta o coração de tanta felicidade? – faça o teste: o resultado é, no mínimo, hilário. Era necessário para mim observar os olhos marejados, a mão no coração, os pulos incansáveis e o berro tocante que todo mundo parecia fazer sem qualquer preocupação. Esta alegria sem barreiras é algo que me preocupa no ser humano. Convivo com histórias suficientes para saber que o julgamento do próximo impede do pronunciamento de uma frase a um mover de mãos. Fiquei com a sensação de que meus olhos pudessem ser uma “transmissão do Multishow” direta para estes amigos e eles pudessem observar a maravilha que é se divertir sem quaisquer preocupações dos olhos que os cercam. Afinal, estes mesmos olhos estavam de folga da vigilância e também buscaram curtir o momento.

Eu na companhia dos parceiros Manel Maia e Carol Vieira.
Eu na companhia dos parceiros Manel Maia e Carol Vieira.

EU PRECISAVA…ver a diversidade que o festival pode apresentar. Diversidade de gêneros? Faixas etárias? Classes sociais? Estilos musicais? Todas elas e tantas outras. Por qual motivo? Pelo mesmo do parágrafo anterior: pela sinceridade de cada um consigo e a falta temor em relação ao próximo. Houve quem preferiu almoçar que ver Banda do Mar. Houve quem preferiu homenagear um time do coração (o Sampaio Côrrea, por sinal) do que vestir um suposto “uniforme hipster”, uma alcunha generalizada sobre a vestimenta do Lollapalooza. Houve quem estava de passagem pelo Brasil para acompanhar todas as edições do Lollapalooza na América Latina. Houve quem sacrificou emprego e oportunidades para estar ali. Houve encontrou novos amores nos dois dias de festa. Houve quem preferiu curtir tudo sozinho. Houve quem só foi para um show. Houve quem não viu nenhum show, mas curtiu a montanha-russa e outras atrações que o festival apresentava. Houve quem achasse que o festival foi uma das melhores experiências de sua vida…como eu. Quem se importa? Lá no festival, ninguém. E perceber que cada um conseguiu viver um episódio único em sua vida, sem a preocupação do que aquilo poderia refletir na mente de um terceiro, foi o mais próximo de liberdade que vi em minha vida.

Horas antes do segundo dia de festival.
Horas antes do segundo dia de festival.

EU PRECISAVA…ter me divertido horas sozinho. O medo de se ver solitário é algo que me prende no cotidiano. Realizar qualquer tarefa sozinho, desde um pagamento à uma ida ao cinema acaba sendo algo torturador. O peso de lidar consigo próprio acabou sendo uma inércia em vários momentos do meu passado. Para o presente, eu decidi remodelar essa posição. E aprendi que rever esta condição do “sozinho” e do “solitário” vem com pequenas e poucas mudanças que, ao fim de tudo, se revelam grandiosas. Perdi-me dos meus amigos logo nas primeiras horas do segundo dia de festival. Poderia ter entrado em colapso de ansiedade? Deveria, considerando meu histórico. Mas não. O desespero de não ter encontrado meus companheiros de festival passou assim que tive a seguinte reflexão: “eh po, eu sou massa”. Nunca havia pensado assim, mas vi que em mim, mais que qualquer atração musical ou companhia de viagem, havia uma diversão inesgotável. E assim que descobri, não pensei duas vezes em desfrutá-la.

Não, você não precisa ir ao Lollapalooza. Você não precisa de um headliner de peso para ir no evento como este (eu pensava assim anos atrás). Afinal, vamos a um clichê – o headliner é você. Vamos a outro clichê – o festival quem faz é você. Ou melhor, a experiência que você desejar ter ou experimentar viver para que ela signifique algo grandioso na sua vida. Eu, finalmente, achei a minha. Quando virá a sua? Arrisque. Muito em breve, teremos a sua resposta também.

sumerhoter

Gustavo Sampaio é jornalista e radialista. Atua em São Luís como repórter, assessor de comunicação, produtor e editor. Já produziu conteúdo para Imirante.com, Rádio Educadora, O Imparcial, Volts, Governo do Maranhão. É editor-chefe do SobreOTatame.com, além de pesquisador musical e louco por animais.

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[…] do post em que sugeri que vocês “precisavam” de um festival? Pois é. Eis que surge mais um texto de “sugestão”. Desta vez, a partir de reflexões […]

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[…] ter estado lá. Quando o Gustavo, do blog Sobre o Tatame foi ao Lolla 2015, ele escreveu o post Sim… Você precisa de um festival e apontou alguns motivos do porquê essa experiência pode ser tão interessante, mesmo que você […]

Lari Reis
9 anos atrás

Eu preciso de um festival!!
Infelizmente, por não morar onde os festivais acontecem, na maioria das vezes, eles acabam se tornando um investimento além da conta para mim. Por enquanto…
Eu não achei o headline lá essas coisas, mas eu certamente gostaria de ter ido ao Lolla.

Quando vou à shows, me prendo um pouco na arte de observar e felicidade e a sensação de liberdade que a música traz para as pessoas. Eu, quando escuto música sozinha, danço danças estranhas, pulo, giro, sorrio, choro… E eu gosto muito de ver quando as pessoas se permitem tudo isso em shows/festivais.