Sinto muito se não fui seu mais raro amor

Que é que eu vou fazer pra te esquecer?
Sempre que já nem me lembro, lembras pra mim
Cada sonho teu me abraça ao acordar
Como um anjo lindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar…

Quando você vive uma determinada situação/experiência/relacionamento, você(s) promete(m) a si que elas serão as melhores de sua(s) vida(s)? Há mesmo essa obrigação de que cada momento seja singular? Existe essa necessidade de preencher uma amizade como a mais sólida, um amor como o mais raro e um laço como o mais forte?

Nós nos cobramos demais. Temos essa exigência conosco de que cada situação seja devidamente especial – pois, só assim, justificaria ter vivido tal dia, semana, mês, ano, e por aí vai.

Ilustração do artista Uruguaio Emba (Emiliano).
Ilustração do artista Uruguaio Emba (Emiliano).

E que boa opção seria deixar de criar tanta expectativa ou existir tanta perfeição nas experiências que iremos viver? Que tal, em cada situação, apenas viver?

Nos últimos dias, fui acompanhando as decisões de vários amigos em suas vidas pessoais. Pude acompanhar vários dilemas. Alguns deles, nem existiam de fato: eram criados por puro martírio. Houve quem comparasse ao passado – houve quem não fugisse dele. Teve gente que conseguia criar “infinitas highways” para o futuro – e não conseguia traçar uma via sequer para o presente. Teve, também, quem vivesse de “se”, “poderia” ou “será que…”.

Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.

Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera –
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição

Aprendemos desde criança com nossos pais a buscar ser sempre os melhores – e ter sempre do melhor. Essa busca desenfreada pela perfeição gera atropelos – exigimos demais e descartamos muitas coisas a nossa volta.

Ilustração do artista Uruguaio Emba (Emiliano).
Ilustração do artista Uruguaio Emba (Emiliano).

É tempo de parar e pensar que aquele amor (amizade, situação, experiência) não foi tão raro assim. Foi bom enquanto durou, mas mais que isso –  nos preparou para que outros nem tão raros assim ainda possa vir e, a cada dia, sejamos transformados.

*Os versos citados acima são, respectivamente, de Pra Te Lembrar, de Caetano Veloso (letra de Nei Lisboa), e de Perfeição, de Legião Urbana.

Gustavo Sampaio é jornalista e radialista. Atua em São Luís como repórter, assessor de comunicação, produtor e editor. Já produziu conteúdo para Imirante.com, Rádio Educadora, O Imparcial, Volts, Governo do Maranhão. É editor-chefe do SobreOTatame.com, além de pesquisador musical e louco por animais.

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