“Todo mundo tá meio fodido mesmo“, essa frase saiu em um papo com um parceiro sobre essa empreitada de criar um site e fazer conteúdo. Ele já é um peixe grande nesse meio, são dez anos para ser mais exato. É seu ganha pão, gerencia a parada como uma empresa, têm funcionários e se vê aflito no contexto que o país se encontra. Já por aqui, o cenário é mais ou menos assim: criar um conceito, expressar ideias, produzir, trocar ideia, editar, diagramar, ter insight, faz reunião, toma um chopp, troca ideia, bate um medo, dúvidas, etc. Tudo isso com propósitos e coisas que estão no coração, e parceiro, ás vezes, cansa. E não, não to cuspindo no prato que estou comendo – leia-se o trabalho que estamos construindo aqui -, mas estou apenas vindo com uma ideia em um contexto de vida mesmo. E aí, será que estamos todos meio fodidos mesmo? Será que vamos sair da tormenta e navegar tranquilamente? Bom, isso eu não sei. Mas nesse picos e momentos da vida têm muito a se aprender e se foder faz parte do processo.
Há uns meses atrás decidi sair de casa, não por briga com família ou coisa do tipo, apenas senti que era o momento de eu me virar e aprender coisas que acabava sempre postergando: cozinhar, limpar louça, lavar banheiro, roupa e ter uma educação financeira mais disciplinada etc. Resultado: estou numa jornada maluca e acho que pela primeira vez na vida estou lidando com algo pé no chão, a tal responsabilidade. Não que eu era ou sou irresponsável, mas tem bom senso quanto a isso. Tipo, já parou para pensar no quão, ás vezes, somos irresponsáveis em atos simples como marcar com duas pessoas compromissos ou em outro contexto mais delicado, como envolver o emocional do outro?
Nessa maré conturbada que as novidades sempre trazem junto, descobri que a gente pode facilmente se paralisar com o medo, mas também a oportunidade de usá-lo como aliado e manter os pés firmes no chão. Sem vislumbramento, decisões e suas consequências.
E nessa face a face com o medo eu chorei mais que toda minha vida, encarei a solidão de frente, reformulei propósitos e percebi que a essência ainda está aqui, viva, só que pode ser trabalhada de maneira mais real e menos sonhadora ou viajante. Sabe né, temos essa mania de deixar tudo perfeito no plano das ideias e sonhos, mas quando a vida real chama nem sempre é assim. Se ligou?
Mas voltando a narração e ao que leva ao título desse texto
Estamos sim meio fodidos mesmo. Não basta ir longe e nota quantas pessoas próximas estão passando por um dilema, dificuldade, barra e medo. Por favor, não entenda isso como uma desistência ou vitimismo, é um fato esse contexto.
E isso faz parte do jogo, uma hora estamos por cima e outrora por baixo e isso é absolutamente normal, e a vida não precisa ser levada por excessos e muito menos julgada por um ato falho ou vitória, isso é parte apenas de todo um contexto que você vive e está construindo. Somos um emaranhado de tanta coisa que nem imaginamos, porque para tentar driblar a nós mesmos, vestimos armaduras numa tentativa de camuflar a nós mesmos para sair ilesos ou preservados de batalhas e desafios que nos são impostos. E ah, nesse jogo não é preciso existir existir vencedores ou perdedores.
Uns apelam para o campo espiritual da coisa, outros no físico e na endorfina, e aquele no viés intelectual. Todos são importantes, mas antes de focar em um deles, por que não experimentar um tripé de equilíbrio vital da mistura que pode resultar nessas três coisas?
Parceria, um caminho possível
Talvez você não note, mas somos dominadores, é um leão por dia e ainda bombear sangue para cada extremidade do nosso organismo. É buscar força para sobreviver em meio a uma vida complexa, lidar com o outro, buscar discernimento, sabedoria e silêncio. É dialogar com Deus, Cosmos, Universo, Buda, Jesus, Alá, quem quer você queira chamar, numa tentativa de sentir-se escutado. Mas sufoca também quando nós mesmos somos silenciados.
Não é questão de ser fraco ou forte, mas tentar captar o que a nossa essência diz, o que o momento pede e não tentar reviver o que já passou ou se vislumbrar com o que ainda nem chegou. É notar a jornada como ela é, e não como gostaríamos que fosse.
Eu sei, dá um medo filho da puta, ficamos desolados, choramos e nem ânimo pra levantar da cama algum dia ou outro não temos. E ainda tem que lidar com o outro e seu caos particular.
Mas se liga parceiro, quando se diminuir ou buscar um momento pra sair dentro da água e respirar, olha pro lado e abraça quem está ao seu alcance. Todo mundo está meio fodido, mas não precisamos deixar as coisas piores, né não.
Beleza, e agora?
Bom, sei lá a resposta.
Eu mesmo enquanto escrevia esse texto ficava me questionando que raios eu faço da minha vida e mesmo durante a jornada que falei linhas acima, fiquei me perguntando de onde vim ou pra onde vou.
As possibilidades e variáveis são muitas, fico devaneando em cada uma delas numa espécie de terapia viajante (de ir com a cabeça longe mesmo), porém quando lembro do campo real, das coisas que estou construindo, das relações que tenho, dos erros que cometi e com eles a possibilidade do aprendizado, de como eu nem imaginava como estaria minha vida hoje há uns meses atrás, de cada um que me atura com minhas ideias, dramas e vitórias, da saúde, família, dos amigos, amores que tenho. De como tudo isso faz parte de um universo tão sutil e rico, fico vendo como cada um carrega consigo uma magia, uma história, um capítulo sendo preenchido e como isso é bonito.
Talvez o melhor caminho seja entender o tempo das coisas. Falo de tempo de não pular etapas, sentir o momento presente, esmiuçar aquele sentimento, deixar esse tempo de preencher e, também, ir embora com a mesma facilidade. O tempo é rei, opera de acordo e quase numa perfeição transcendental, de manter tudo conectado e numa lógica que ainda não somos capazes de compreender 100%. De suportar os momentos difíceis e vibrar nos bons e felizes.
Por fim, fodidos ou não, cada um está aí no seu corre pra levar algo de bom. E que possamos trilhar juntos e separados, sem pressa ou, como o Síntese fala: “sem essa de “não consigo mesmo“.