Seu café da manhã é pão com manteiga na chapa com Nescau. A armadura é a camisa amassada e os fones surrados do treino de capoeira da noite anterior. Na mochila, a vontade de abraçar o mundo e sussurrar nele o quão belo e misterioso é aventurar sobre picos de montanhas da natureza encantadora e os arranha-céus das selvas de pedras.
O trabalho chega. As metas deverão ser cumpridas e dia após dia é chegada as férias merecidas. Mas a vida real lhe chama: Cadê o relatório? Cadê aquela nota? Por que o atraso? Pra que a camiseta do Led? Quantos anos tu tem?
O mundo é cruel, pesado e algumas pessoas tão pouco se fodendo se tu guarda contigo a vontade de mudá-lo pra melhor, mas no mais íntimo ainda nutre a sensatez que uns baques aqui e ali são necessários pra exorcizar os demônios que passeiam no âmago da nossa natureza humana.
Dá a hora de partir. Ponto registrado, você calado e lá vem ele, o filho da puta desgraçado com o apelido tirado de bala de mascar, mas mal ele sabe que isso surgiu de uma situação que ele amaria odiar. Dizem que existe uma linha tênue entre amar e odiar. Então ele passa, pisca e escapa e você mentalmente: ‘Como ele se aguenta viver nessa carcaça?’
No caminho de volta pra casa, você questiona e reflete sobre seu drama. Já na cama, tange suas vontades, o malabarismo da vontade e o silêncio que traz a grandeza de sua particularidade.
Veja você. Sendo anjo e demônio em constante briga interna, almejando sonhos infinitos e vivências escondidas. Você não percebe, mas é apenas mais um protagonista no palco da vida fazendo um teste.
Teste do equilíbrio em ser sagaz ou nas linhas na inocência. Acorda, é você em cena.