A vida é uma grande despedida. E nem sempre nós temos a oportunidade de dizer adeus. Isso confere certa beleza poética à nossa estadia por aqui. Tudo segue seu fluxo rumo à finitude, mas a gente sempre quer mais. No entanto, é bom que a gente saiba aproveitar aquilo que nos rodeia, e é bom também saber a hora de dizer adeus quando algo já não representa mais tanto assim.
Uma pessoa muito especial (daquelas inesquecíveis, sabe?) uma vez, muito oportunamente, me revelou: eu fui feliz (no amor) até não ser mais! Essa frase me marcou de um jeito tão forte que nem ela própria deve desconfiar. Assim como no amor, em vários outros aspectos da nossa vida a gente também é – até não ser mais – alguma coisa.
E isso não representa algo negativo, necessariamente.
Às vezes o que a gente mais precisa é de uma mudança, seja ela simples ou drástica. E, para mudarmos, devemos dizer adeus a alguns hábitos, convenções, preconceitos (sempre devemos dizer adeus a este!) e a algumas pessoas.
Os ciclos da vida estão sempre a se encerrar e a se (re)iniciar, por muitas vezes, simultaneamente, e cada adeus pode também representar um recomeço. Devemos cultivar coisas boas para que os adeuses sejam menos numerosos que os “até logos”. Amor, amizade, empatia, esperança… Humanidade enfim!
Sejamos realistas esperançosos (obrigado, Suassuna!) conscientes de que a vida é uma grande despedida, mas que só depende de nós fazer com que ela seja uma maravilhosa e proveitosa passagem.
“Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus.”
Millôr Fernandes